EPÍLOGO.

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2000.


— Ok, tá todo mundo pronto?

Encarando Johnny balancei a cabeça positivamente. Os demais fizeram o mesmo e segurando cada um algo que o representasse, saímos pela porta da casa enorme de Taeyong e Yuta.

Depois do Oscar, Taeyong havia sido convidado para mais uma série e Yuta para um filme, onde faria o personagem principal: um japonês que tentava voltar para casa, mas não conseguia. Não sabia ao certo os detalhes, mas parecia ser ótimo.

A pé, e em grande número, caminhávamos em direção a Daehangno. Éramos, mais ou menos trinta pessoas, já que os demais não puderam comparecer ou por trabalho ou por outras razões. Mas lá estávamos nós, a caminho da primeira Parada de Orgulho Queer de Seul. Estávamos nervosos, não podíamos negar, afinal, era a primeira parada. Não sabíamos o que iríamos encontrar, se as pessoas compareceriam, se ficaria tudo bem diante a intolerância no país. Porém, estávamos a caminho da mesma forma.

De mãos dadas com Donghyuck e segurando uma bandeira com as cores da bissexualidade, via os casais de amigos de mãos dadas, assumidos e sem problema algum de estarem dessa forma. O que era ótimo, afinal, não tinha nada de anormal nisso e ninguém precisava esconder mais nada.

O namoro de Taeyong e Yuta foi para a mídia semanas depois da entrega do Oscar, e eles confirmaram na primeira oportunidade. Johnny e Jaehyun, que tinham vindo diretamente dos Estados Unidos para a parada, nunca tinham escondido de qualquer forma, assim como Chittaphon e Hendery. Jiwoo e Sooyoung também haviam assumido pouco depois do Oscar, assim como Irene e Seulgi que fizeram questão de falar em uma entrevista transmitida ao vivo em rede nacional. Chenle e Jisung, que antes mal se encostavam, agora seguravam as mãos e trocavam alguns beijos deixando bem claro que eram um casal, mas acima de tudo melhores amigos que se entendiam como ninguém. Jaemin, Jeno e Renjun chocavam a mídia a cada foto em que apareciam como um trisal, a Coreia e o mundo não eram capazes de compreender o relacionamento deles e por esse exato motivo não perdiam tempo explicando.

Assim que chegamos no local, Chenle e Jisung seguraram seus cartazes coloridos e chamativos falando que amor era amor e que a intolerância não era a resposta.

Não havia muitas pessoas, mas a realidade era que só de ter algumas por ali, significava muito. Aos poucos fomos nos enturmando e conhecendo pessoas realmente legais e engajadas no movimento, na causa e certos de quem eram.

Aos gritos de cristãos enfurecidos, caminhamos pelo local gritando e dizendo que não éramos aberrações, que queríamos amar, sermos respeitados e todas essas coisas que pedíamos todos os dias. Não éramos pertencentes àquela "normalidade" heteronormativa e isso era ótimo. Apesar de estarmos em um número pequeno, cada um de nós nos orgulhávamos de sermos diferentes dos demais, principalmente daqueles que gritavam várias coisas ofensivas.

Seguíamos firmes e fortes.

A mídia estava em pequeno número, mas sempre tentavam puxar ou a mim, a Donghyuck ou a alguém que tinha relação com "Highway to Heaven". Porém aquele não era apenas nosso momento, mas de toda uma comunidade que estava unida naquele movimento. Não devíamos e nem iríamos falar sozinhos.

Passamos o dia reivindicando o básico de nossos direitos. Gritando, lutando, e resistindo. Porque era isso que fazíamos. Nós existíamos, estávamos bem ali e não deixaríamos que nos apagassem.

Taeyong e Yuta andavam de mãos dadas gritando com os demais, mais a frente; Johnny e Jaehyun usavam blusas brancas com a estampa de suas devidas bandeiras; Hendery e Chittaphon seguravam, cada um, uma bandeira com as cores rosa, amerelo e azul, a bandeira dos panssexuais, sexualidade ainda desconhecida por muitos, mas que começava, bem devagarinho a ascender no Norte da América; Jiwoo e Sooyoung estavam abraçadas por baixo da bandeira lésbica; Haseul, Jinsoul, Minghao utilizavam camisas que formavam as cores da bandeira bissexual; Doyoung e Taeil carregavam cartazes dizendo que éramos seres humanos e merecíamos ser tratados como tais; Yukhei estava abraçado em uma bandeira bissexual, ao lado de Chenle e Jisung que carregavam seus cartazes. Jeno, Jaemin e Renjun, estendiam bem ao alto uma bandeira bissexual.

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