Dream in a dream.

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Encarava o nada enquanto esperava a comida ficar pronta, a água fervia e cheiro do lámen de kimchi perpetuava pela casa. Mantinha as cortinas fechadas e a porta a sete chaves. Tudo o que fazia era atender alguns telefonemas e ir do sofá para a cama e da cama para o sofá.

Desde o descobrimento da mídia sobre onde morava, sair de casa era um inferno, pois havia fotógrafos em todos os lugares. Não conseguia enganar muitos deles, e tinha de conviver com os mesmos em frente a minha casa, no aguardo da foto perfeita para matérias. Ultimamente as manchetes não eram chamativas, consistiam em coisas estúpidas como: "Mark Lee sai para fazer compras" ou "Hoje as luzes se apagaram mais cedo na casa do diretor Lee". Me perguntava se era assim tão "sensação do momento" para tudo aquilo.

Contudo, diferentemente da outra vez, não estava mais me privando, nem de sair ou qualquer coisa do tipo. Permanecia fazendo compras, indo ao psicólogo e tentava até mesmo ir à cafeteria de antes, mas era incômodo, pois sabia que não teria paz. Acabei por descobrir tal coisa da pior maneira possível, quando um paparazzi entrou escondido, disfarçado de cliente comum, e em uma das tentativas de invadir o meu espaço, se machucou quebrando uma das mesas de vidro. Foi um inferno e me senti muito envergonhado.

Apesar de estar fazendo minhas coisas, havia me afastado de Jaemin, o que era um tanto quanto complicado. Mesmo com pouco tempo de amizade, Jaemin tinha criado um espaço dentro de mim e não ter sua companhia fazia mais falta do que podia imaginar. Vez ou outra cogitava ir até sua casa, mas só de abrir as cortinas e ver aqueles fotógrafos insuportáveis na porta, pensava duas vezes, recuando.

Era outro fim de tarde de sexta-feira quando comecei a escutar algumas contestações do lado de fora. Saía do banho, pronto para ficar em casa assistindo algum programa inútil na televisão enquanto colocava minha comida para aquecer, quando reconheci uma das vozes.

— Taeyong?

Corri em direção ao quarto trocando de roupa rapidamente, pegando um moletom e uma calça qualquer. Sequer ajeitei meu cabelo quando corri até a porta com o coração a mil. O que ele estava fazendo ali? Será que tinha faltado trabalho por minha causa, mais uma vez?

Abrindo a porta encarei o alvoroço que começava a ser feito do lado de fora. Os paparazzis não pisavam no meu jardim, pois sabiam que caso o fizessem eu poderia chamar a polícia, mas ficavam na calçada, atrapalhando a passagem. Porém, naquele momento, três pares de mãos os espantavam como se fossem bichos, a única diferença eram os palavrões ditos de ambas as partes. E eu? Bem, eu sorria.

— Ei, bando de filhos da puta! Não me façam repetir! Deem um fora daqui.

Cliques e flashes na cara de Chitta, que agora, com um corte de cabelo novo para meus olhos, criava uma barreira de modo que ninguém nem mesmo ousasse ultrapassar.

— Vocês estão atrapalhando o caminho, saiam daqui!

Sorrindo ainda mais, quis gritar quando vi o japonês de cabelo preto, mais longo do que quando nos vimos pela última vez. Yuta tinha mudado e se me permitissem dizer: pra melhor.

— Vou chamar a polícia!

Taeyong dizia com sua calma costumeira enquanto abria os braços criando outra barreira contra todas aquelas pessoas. Estava emocionado vendo como meu amigo parecia um famoso completo com a calma, o charme, a educação e o estilo. Nem mesmo sabia explicar.

— Ei, diretor Lee!

Um dos homens, que Chitta segurava com seu corpo, apontou na minha direção tentando passar por ele, mas a ameaça de Chittaphon foi certeira e imediata para que o homem parasse e encarasse os demais, todos dando passos para trás em óbvio recuo. Arqueei as sobrancelhas curioso, queria saber o que o tailandês tinha dito aos homens, mas minha atenção logo se voltou a Taeyong que vinha em minha direção em passos largos e com suas mechas loiras ao vento.

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