Chegando em casa Carla logo correu para dar a notícia aos meninos.Por mais que aquela história de paraplegia fosse triste, o fato de Carol não correr mais risco de vida merecia uma comemoração.
-E então, eu não lhes disse? Temos que acreditar no melhor.Sempre.
-Ouviu isso Cassius?Seu amigo estava errado, a Carol vai ficar bem.-Disse Marco radiante, ao ouvir as boas novas.Cassius ficou reticente, mas não pode deixar de exibir um sorriso.
-E ela não vai poder andar?Nunca mais?
-Eu não sei Cassius.É uma coisa que só o tempo irá dizer,então como já havia te dito antes, vou preferir acreditar que sim, andará.Só que esperar o melhor, exatamente da forma como queremos nem sempre acontece, portanto é sempre bom ter o que eu chamo de plano B.Sabem o que é um plano B?
-Se o plano A não der certo, a gente precisa de outro plano...Isso?
-Exato Marco.É isso mesmo.E o nosso plano B, será baseado na seguinte possibilidade:E se a Carol nunca mais andar?Vocês vão deixar de brincar com ela?
-Não ...Mas como vamos brincar de pega pega?
-Eu acho que vocês irão encontrar uma forma.E essa forma, é o plano B.Vocês tem que tratar ela como se a deficiência dela não a impedisse de viver a vida, entendem? Talvez ela possa escolher na vez dela, quem sera o bobinho;talvez possa ser a juíza;talvez vocês possam inventar outra brincadeira.Mas nunca, nunca mesmo, devem exclui-la de nada, vocês entendem?Tudo pra ela deve funcionar da mesma forma, senão de um jeito, de outro.Vocês tem que ficar unidos, mais do que nunca.Entendem?
-Sim,acho que sim...
-Tenho certeza que sim.Agora vamos, vão pegar seu material de escola, que preciso saber o que perderam nesses dias que não foram as aulas.
Os meninos foram buscar suas coisas, e Carla pode voltar-se a Zilda.
-Eles perderam muita coisa.A casa está abastecida?Mantimentos?Material de limpeza?Você precisa tirar uma folga,não?
Está tudo bem, Dona Carla.A folga depois resolvemos, a senhora sabe que os meninos e o Sr.Carlos são como minha família.Esquece que te ajudava a escolher seus vestidos mocinha?Ainda usava aparelho nos dentes.
-É verdade-Respondeu Carla sorrindo-E sabe que também te consideramos da família.Bem, eu só quero ter certeza que está tudo bem, porque você está sozinha com os meninos...Não está precisando de nada?
- Olha, eu particularmente não.Se é pra coloca-los pra escola, não é problema, porque a perua escolar pega aqui na porta.Mas tem o psicologo do Cassius, inclusive amanhã seria o dia de visita. A consulta dele é as quatro.
- Psicologo?-Perguntou Carla, que desconhecia esse fato-Que psicologo?
- A pedido da diretora da escola, ele tem ido ao psicólogo regularmente.Na verdade o Marco também estava indo, mas já não precisa mais.O negócio dele agora é ir ao clube jogar basquete.Mas o Cassius ainda está indo às visitas.A senhora leva ele?-perguntou Zilda.
- Sim, é claro Zilda.Mas essa história de terapia de novo...Minha mãe já havia feito isso.
Carla saiu pensativa, e sentou-se na escadaria de entrada da casa, para tomar um ar fresco.Jaime foi ter com ela.-E então?Psicólogo?-perguntou Jaime curioso.
-Eu não sei não, Jaime.Pra que isso?Quer dizer, cada um deles tem a própria personalidade.Pra que isso agora?Eles não são loucos, ou coisa que o valha.O Marco não para quieto, isso todos já sabemos, mas o que dizer?Isso é anormal?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Campos de Algodão
RomanceCarlos Roberto é um homem bem-sucedido do ramo da construção civil.Tem uma bela esposa, lindos filhos, e uma situação financeira que lhe confere comodidade.Mas após o falecimento de sua esposa, seu mundo começa a desmoronar.Sua personalidade cética...