Campos de Algodão

Novos rumos

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Virgínia acordou radiante naquele dia.Abriu os olhos lentamente , e enquanto buscava foco podia observar os traços de Carlos tomando corpo a sua frente.Não havia sido um sonho, era realidade.Ao seu colo um café da manhã preparado e servido por ele, que com um sorriso carinhoso contornando os lábios, desejava-lhe  um bom dia.Isso sim era jeito de acordar!Teve a certeza de que teria sem dúvida um belo dia pela frente, aliás um dia maravilhoso.
É comum quando estamos apaixonados aquela sensação que Virgínia sentia ,de felicidade intensa e uma vontade de rir sem motivo algum em especial ,para depois chorar de alegria, tudo junto ,tudo ao mesmo tempo.

- Uau!Isso é pra mim?-Perguntou referindo-se ao luxuoso desejum preparado por Carlos.-Cuidado que posso acostumar viu?

- É porque você ainda não experimentou minha receita de ovos mexidos com bacon.Quando descobrir que sou um péssimo cozinheiro você muda de ideia.

- Não sei não, você não me engana.Sempre achei que tinha esse ar comedido, e que na cama devia ser calminho,calminho.Achei até que ia ter que te ensinar algumas coisas!Se fores bom de cozinha, como és no sexo, não vou mais querer sair desse quarto por pelo menos uns três meses.
Carlos ficou enrubescido nessa hora.

- Você também foi maravilhosa.E fez aquela coisa, com as pernas...Como fez aquilo? Eu nem sabia que tal coisa era possível.
Virginia divertia-se com o jeito de criança que Carlos  esboçava.

- Você ainda não viu nada gatão.Me aguarde!
Agarrou Carlos  e fizeram amor mais uma vez, ao som dos passarinhos que anunciavam o belo dia ensolarado que se seguiria.
Levantaram , trocaram de roupa e desceram até sala de estar.Zilda os olhou de cima pra baixo, com uma vontade de rir estampada na cara.

- Bom dia Senhor Carlos, bom dia Dona Virgínia.O Senhor parece mais bem disposto hoje ...Está até mais corado.-Disse a bondosa criada, com um olhar de baixo pra cima e um sorriso suavemente irônico nos lábios.
Nenhum dos dois pôde conter o riso .Zilda era uma funcionaria muito querida,e já estava a tanto tempo com Carlos que ele a considerava um membro da família.

- Certo, certo Zilda.Tens razão, estou muito bem disposto, aliás, a tempos que não me sentia assim.Satisfeita?

- Sim Senhor, muito satisfeita.Mas espero que não tenha feito para Dona Virginia aquela gororoba com ovos e bacon que o Senhor faz .Senão pode assustar a coitadinha.

- Ele fez sim Zilda, mas eu adorei!-Respondeu Virginia com um sorriso de orelha a orelha.

- Valha-me nossa senhora de Fátima!Então, está aprovada Dona Virginia, passou no teste dos ovos.Se passou por isso, pode suportar qualquer coisa.

- Ah, é mesmo Senhor Carlos?Existe então um teste que faz com todas as mulheres que leva pra cama?
Carlos enrubesceu novamente.Era tímido, desde criança .

- Na verdade, fiz esses ovos apenas para outra mulher em minha vida-Falou com os olhos baixos,e um lamento contido.Sentia-se um pouco desconfortável em relação a ter sido casado com a irmã dela.

- Carlos...-Chamou Virginia quase sussurrando-Eu não sou minha irmã.Mas gostei dos ovos, e quero ficar com eles. Para o resto de minha vida.

Ela o olhava  com um olhar sacana, com o qual ele não era acostumado.Amanda não agia assim, era mais contida, mais recatada;já Virgínia era mais espevitada,e isso assustava Carlos vez ou outra, principalmente quando era pego desprevenido. No fundo ele gostava, só não sabia ainda como lidar com isso, e ficava envergonhado toda vez.Virginia se divertia com aquela reação.Ela sempre fôra apaixonada por Carlos, mas nunca havia aberto a boca para falar nada, afinal ele era seu cunhado,mas o destino os uniu naquele momento e apenas isso lhe importava.Faria o possível para transforma-lo no homem mais feliz do mundo.Ela estava desanimada com todos os acontecimentos dos últimos tempos, mas depois daquela noite sentiu suas esperanças revitalizadas pela promessa do que parecia ser o início de um belo relacionamento.Além do mais, ver Carlos sorrindo após meses de lágrimas já era uma conquista e tanto,e motivo forte o bastante para renovar as expectativas para o futuro.