ROMANCES MENSAIS
LIVRO IX – CONTRATO DE SETEMBRO
📅
PRÓLOGO
A chuva caia calmamente pela cidade, quase como se os céus lamentassem a morte de seus entes queridos. Diante do túmulo de sua mãe, padrasto e irmã, Beth chorava em silêncio, enquanto encarava as lápides de cada membro de sua família que havia a deixado para trás. Ela não fazia ideia de quanto tempo estava ali e tampouco isso importava. Beth não planejava sair daquele lugar até encontrar as respostas para todas as perguntas que tinha ou tirar a dor que sentia naquele momento.
Quem a encarasse de longe poderia ver quão fragilizada a loira se encontrava, completamente perdida e destruída. Se passaram cinco dias desde a morte do homem que ela tinha como um pai e ainda era difícil aceitar a causa dita pela polícia. Não parecia certo. Ela conhecia Kyle Puckett desde os quatro anos. Ele cuidou e a criou como seu pai biológico nunca o fez. Kyle jamais cometeria suicídio.
Beth desvia o olhar da lápide do homem e encara o céu, sentindo alguns pingos de chuva atingir seu rosto, ultrapassando a proteção do guarda-chuva. Ela não se importava. Sentia-se sozinha e desesperada. Sem o pai ao lado e com a irmã em alguma clínica de recuperação, que ela nem mesmo sabia a localização, a loira apenas desejava que alguém dissesse o que ela deveria fazer, porque sentia suas forças e esperanças se esvaindo aos poucos. Temia não ser forte o bastante para suportar tudo o que se passava em seu coração.
- Onde você está, Sammy? – Sussurra, chorosa.
Beth sabia que onde Samantha Puckett estivesse, a garota conseguiria se sair muito bem. Mas Beth é a irmã mais velha. Prometeu a si mesma na primeira vez que segurou sua frágil irmãzinha em seus braços que a protegeria eternamente, como não foi capaz de fazer por Melanie, a gêmea mais nova de Sam que morreu alguns minutos após seu nascimento junto a mãe das três garotas.
Com apenas cinco anos, Beth não entendia muito bem o conceito de morte. Tudo o que o padrasto foi capaz de lhe dizer é que sua mãe e Melanie se tornaram anjos e que iriam morar no céu a partir daquele momento, então Beth precisava ser uma boa garota e cuidar de Sam, porque a mamãe havia confiado essa missão a eles. E desde então, as irmãs nunca se separaram. Nunca ficaram mais de um dia sem se falar. Ainda que fossem tão diferentes e discutissem com frequência, Sam era sua melhor amiga e confidente.
Mesmo que somente cinco dias tivessem se passado desde a última vez que se viram, Beth não aguentava mais ficar sem respostas. Já havia procurado a garota em todas as clínicas e hospitais psicológicos da cidade. Por mais que seu tio Hugh dissesse que a garota estava bem, Beth somente acreditaria naquelas palavras no momento em que visse e ouvisse a voz de sua irmã mais nova.
Tudo aconteceu de maneira que ela não conseguia entender. Enquanto chorava nos braços de Elena Gilbert, sua prima de coração, compartilhando daquela mesma dor que ela sentiu quando perdeu o pai, viu a irmã se afastar para ir pegar um ar. Sabia o quanto Sam estava sofrendo e como era difícil para ela expressar seus sentimentos, por isso resolveu dar espaço para que a caçula pudesse respirar.
Beth nunca se arrependeu tanto de uma decisão. Aquela foi a última vez que viu a irmã. Horas depois, no momento em que iriam sepultar o corpo de Kyle Puckett, Beth estranhou que Sam ainda não havia retornado. Com a ajuda da família, passaram a buscar pela garota, mas ninguém a encontrava. E então Hugh Greene apareceu. Completamente machucado. Seu rosto estava cheio de curativos e seus olhos exibiam um brilho intimidador. Beth nunca foi próxima do tio, mas sabia que aquela expressão não era um bom sinal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contrato de Setembro
FanfictionApós a morte de seu padrasto e o desaparecimento de sua irmã mais nova, Beth Greene não teve escolha a não ser lutar para assumir a presidência das Corporações Puckett e impedir que o seu maquiavélico e ganancioso tio colocasse as mãos na fortuna da...