Confiança

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO IX – CONTRATO DE SETEMBRO

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CAPÍTULO IV -  CONFIANÇA

Uma semana havia se passado desde a reunião de Beth e Hugh com os investidores e diretores das Corporações Puckett. E como era de se esperar, desde então, o clima entre sobrinha e tio estava se tornando cada vez mais divergente. Observando o relacionamento deles de longe, não foram poucas as vezes que eu questionei sobre o que estava acontecendo e o que tinha levado Beth a se tornar tão arisca com o homem. No entanto, Beth sempre dava um jeito de escapar de nossa conversa.

Ciente da importância dos resultados de nosso almoço com os Grimes, Beth passava a maior parte de seu tempo estudando sobre o casal e procurando informações que pudessem ajudá-la a convencê-los a aceitar sua proposta de fazê-los se tornarem parceiros da empresa. Por outro lado, eu me sentia apreensivo e preocupado em como Rick e Michonne reagiriam ao conhecer a garota.

Rick e eu somos amigos de infância e nos conhecemos desde que tínhamos uns cinco anos de idade. Sendo uma das poucas pessoas que conseguiam lidar com a minha timidez e dificuldade para me comunicar com os outros, por muito tempo, ele foi o único amigo que eu tive. Mesmo depois que ele se mudou para Luxemburgo quando ainda éramos jovens, nós nunca perdemos o contato.

E durante todo esse tempo em que fomos amigos, eu nunca apresentei nenhuma mulher a ele. Não que eu não tivesse tido meus casos, mas eu nunca consegui ter um relacionamento sério com nenhuma das melhores com quem eu me envolvi. Era por isso que quando eu o informei sobre estar levando uma acompanhante para o nosso almoço de reencontro, desde seu casamento com Michonne, Rick não parava de fazer perguntas sobre a garota e suas preferências, provavelmente com o objetivo de agradá-la com o cardápio do almoço.

Por mais que eu afirmasse que éramos apenas amigos, Rick parecia convencido de que eu finalmente havia encontrado o amor, como ele mesmo havia repetido durante toda a semana em nossas trocas de mensagem. E como se não bastasse os comentários idiotas de meu amigo de infância, sua esposa também estava ansiosa para conhecer a única mulher na qual eu tive coragem de apresentar a eles, não poupando comentários maliciosos e irônicos.

Comentar sobre a idade da garota, que poderia muito bem ser minha filha, não havia ajudado em nada a colocar um pouco de juízo na cabeça do casal. Muito pelo contrário. Essa informação parecia ter se tornado uma espécie de impulsor para as ilusões de meus amigos. E é exatamente por isso que, parado de frente a residência de Beth, fumando meu cigarro, pondero se era mesmo uma boa ideia apresentar a garota ao casal.

Suspiro e decido que não adiantava em nada pensar nisso agora. Por mais que as brincadeiras de Rick e Michonne me incomodassem, eu sabia que essa era a oportunidade de Beth e, por ela, eu deveria ser um pouco mais paciente. Desde a morte do pai, Beth tem vivido momentos complicados, como ter sido separada da irmã mais nova e enfrentar os investidores machistas da empresa.

Aspiro o cigarro pela última vez e jogo a bituca no chão. Piso sobre ela, apagando a pequena chama e sigo para a entrada da casa. Encaro o relógio em meu pulso, conferindo as horas, e aperto a campainha. Instantes depois, a porta é aberta e me surpreendo por ver como estava bonita usando um macacão azul e salto alto preto.

- Ei, você chegou cedo. – Comenta a garota, dando espaço para que eu entrasse. – Entra. Eu só estou terminando de me maquiar. Termino em cinco minutos.

- Tudo bem. Não precisa ter pressa. – Respondo, fechando a porta.

- Fique à vontade. Quer alguma coisa para beber? – Questiona a garota, entrando em casa. – Água, suco, café?

Contrato de SetembroOnde histórias criam vida. Descubra agora