Invasão

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO IX – CONTRATO DE SETEMBRO

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CAPÍTULO XXV - INVASÃO

O poeta e dramaturgo Victor Hugo dizia que a suprema felicidade da vida é ter a convicção de que somos amados e ele não poderia estar mais certo. Eu estava feliz. Tão feliz que era incapaz de esconder o sorriso em meu rosto. Nem mesmo ter que lidar com os velhos babacas da empresa durante essa semana que se passou foi o bastante para me aborrecer ou me irritar com as provocações ou comentários estúpidos.

Uma semana havia se passado desde que Hugh foi preso, após ser bastante espancado por Sam como vingança, e minha vida parecia ter dado um giro de trezentos e sessenta graus. Sem o maléfico tio que mais parecia ter saído de um dos contos macabros dos irmãos Grimm à solta, Sam não precisava mais se esconder e tinha finalmente retornado para casa. Morrendo de saudades e querendo recuperar o tempo perdido, passei os últimos dias dormindo com ela, já que Freddie precisou ir visitar a mãe em Seattle, que já estava enlouquecendo sem notícias do filho.

Sam queria ir junto, mas devido ao histórico de ódio de Marissa Benson por minha irmã, Freddie resolveu que dessa vez era melhor ele ir sozinho. Desde que o rapaz era criança, Marissa era superprotetora com ele, tudo piorou com a morte do pai de Freddie e a mudança para Seattle. Juntando isso com o fato de Sam ter sido a principal causa dos traumas físicos e psicológicos do filho na infância, a mulher preferia comer centenas de agulhas a ter que ver Sam e Freddie namorando.

É claro que eu amava passar o tempo com a minha irmã. Nós tínhamos tantas histórias e aventuras para compartilha que parecia que o assunto nunca tinha fim. No entanto, eu estava morrendo de saudades de ter um tempo à sós com Daryl. Não que Sam fosse a principal causa disso. Ela até mesmo havia sugerido que eu fosse para casa para aproveitar a minha vida de casada, mas ele também andava bastante ocupado.

Com a entrevista da embaixada sendo adiada para o fim do mês e recebendo a garantia que ele poderia ficar no país por mais algum tempo até que toda a situação fosse resolvida, Daryl passou a colocar em prática o seu projeto de criar uma ONG para ajudar crianças e adolescentes que sofreram ou sofrem violência doméstica. Isso estava ocupando todo o tempo dele, que nem mesmo estava indo para empresa. O que me restava era receber suas mensagens de "bom dia" e atualizações rápidas sobre os processos que ele estava lidando.

Para complicar mais os nossos desencontros, eu acabei assumindo a presidência da empresa, ainda que temporariamente. Depois de todo o estresse que passou no último mês, Sam preferiu descansar por algumas semanas antes de voltar oficialmente ao trabalho e ganhar o cargo que tem se preparado por anos para assumir. Enquanto isso, eu estava tendo que lidar com diversos problemas que me tirava todas as energias e o pouco de tempo que ainda me restava quando ainda trabalhava apenas com o jurídico da empresa.

Suspiro, cansada de verificar os balanços financeiros da empresa do último mês. Cuidar de uma corporação tão gigantesca quanto a construída por meu pai demandava uma paciência impressionante. Não era à toa que Kyle Puckett parecia estar sempre prestes a ter um infarto e sofria com dores de cabeça crônicas. Era tantos detalhes para prestar atenção que eu sentia que enlouqueceria a qualquer momento.

Minha situação piorava ainda mais por não ter um vice-presidente para me apoiar durante esse tempo. Por um milagre os investidores haviam me dado o aval para escolher alguém que pudesse ser meu braço direito, mas como meu cargo era algo apenas temporário, já que todos estavam de acordo em ter Sam como presidente da empresa, eu preferia não envolver mais pessoas nessa história maluca.

Contrato de SetembroOnde histórias criam vida. Descubra agora