Problemas

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO IX – CONTRATO DE SETEMBRO

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CAPÍTULO II - PROBLEMAS

A reunião havia se iniciado há pelo menos trinta minutos e o clima de tensão ainda não havia se dissipado. Mesmo com as tentativas idiotas de Jimmy de tentar amenizar a tensão que existia entre Hugh, Beth, diretores e o grupo de investidores, ainda era evidente o desconforto e a insegurança de todos os presentes sobre o futuro da empresa. Com a perda repentina de nosso líder e fundador das Corporações Puckett, ainda havia uma certa relutância sobre como deveríamos agir.

Kyle Puckett havia sido um presidente brilhante e um grande amigo. Sua morte precoce pegou a todos de surpresa. E sendo sincero, nada do que aconteceu fazia sentido. Kyle era um homem que amava viver, amava as filhas e sonhava em um dia envelhecer com saúde para aproveitar os netos. E era por isso, que era tão era difícil de acreditar que ele havia tirado a própria vida ingerindo mais medicamentos do que deveria.

Meus instintos gritavam que havia informações faltando nesse infeliz acontecimento. Informações essas que pareciam estar nas entrelinhas, mas que eu, ainda era incapaz de compreender. Observando as pessoas a minha volta, esqueço por um momento que Roland, o diretor de Relações Públicas da empresa, apresentava os grandes feitos que as Corporações Puckett conquistaram nos últimos anos tendo Kyle como presidente.

E então passo a analisar Hugh Greene. Ele estava agitado. Batucando os dedos sobre a mesa, ele lançava olhares fulminantes a sobrinha, que se mantinha impassível diante das ameaças silenciosas que recebia. Beth parecia tensa e pensativa. Era nítido que não prestava atenção na reunião, enquanto brincava de alternar a caneta entre os dedos. Ainda assim, eu podia ver sua mente trabalhar intensamente em busca de alguma resposta.

A garota então para de mover a caneta e seus olhos se fixam nos meus. Mesmo a conhecendo há um pouco mais de dez anos, Beth ainda era uma das pessoas nas quais eu mais tinha dificuldade para ler. Sua mente parecia funcionar de uma forma que era quase como um código criptografado para mim.

As pessoas que conhecem a família Puckett acreditam que das filhas de Kyle, Sam é a mais tempestuosa e incontrolável, mas por detrás do sorriso doce, tom de voz suave e rosto angelical, Beth possui toda a imprevisibilidade, que herdou da mãe, como Kyle sempre destacava. Ainda que Sam fosse bastante impulsiva e teimosa, ela era muito mais fácil de lidar e, de certa forma, controlar do que Beth.

- Obrigado pela atenção. – Roland agradece e é aplaudido por todos, enquanto encerra seu slide de apresentação.

- Obrigado pela excelente apresentação, Roland. – Hugh agradece, enquanto se levanta de seu lugar.

Beth se ajeita em sua cadeira e encara o tio com intensidade. Hugh parece notar que era observado pela sobrinha e exibe um discreto sorriso presunçoso que não me agrada. Mesmo sendo alguém de confiança de Kyle, Hugh e eu nunca nos demos muito bem. Algo em sua forma de agir, sorrir e falar me causavam a impressão de que ele estava sempre pronto para nos golpear pelas costas.

O homem caminha até o palco onde Roland estava e nos encara com aquele ar de superioridade. Ouço Jimmy dar uma risada anasalada, ironizando a pose que Hugh exibia. Também não era segredo para ninguém que o rapaz tinha fortes e nada amigáveis opiniões sobre o vice-presidente da empresa.

- Eu nem tenho palavras para expressar a dor e a tristeza que sinto pela morte de um dos homens mais justo, honesto, inteligente e trabalhador que eu conheci. Kyle era o meu melhor amigo e a pessoa que eu mais admirava nesse mundo. Ele era como um irmão e saber que nunca mais o verei novamente... – Hugh leva a mão a boca e parece estar emocionado. Desvio o olhar para Beth e ela parecia tensa e irritada, mas sua expressão facial permanecia impassível. – Desculpa.

Contrato de SetembroOnde histórias criam vida. Descubra agora