Declaração de Guerra

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO IX – CONTRATO DE SETEMBRO

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CAPÍTULO I - DECLARAÇÃO DE GUERRA

As portas do elevador se abrem, revelando o último andar do edifício. Deixo o elevador sendo acompanhada por mais quatro funcionários, que se despendem com acenos educados. Assinto, indo em direção a recepção, observando os quadros que estavam espalhados pelo ambiente. Eles haviam sido pintados por meu pai e me traziam memórias de uma época onde a vida parecia ser muito mais fácil.

Respiro fundo, tentando controlar as minhas emoções. Não era a hora de ficar me entregando a dor da saudade. Observo a recepção com um pequeno sorriso em meus lábios. Ao notar que alguém se aproximava, a secretária levanta o olhar da tela do computar e suspira ao me reconhecer. Carol se levanta e vem em minha direção com seus olhos exibindo preocupação.

- Beth! Onde você estava, menina? Tem noção do quão preocupada eu estava? – Questiona a mulher de cabelos grisalhos, colocando a mão em meus ombros. Ela alterna seu olhar por mim, como se procurasse algum sinal de machucado. – Você está bem?

- Eu estou bem, Carol. Tio Hugh está? – Pergunto, tentando soar o mais calma que conseguia naquele momento.

Carol Peletier era secretária de meu pai desde que ele criou a empresa. Ela acompanhou não somente o nascer das Corporações Puckett, como vivenciou todo o crescimento dela até se tornar um império no ramo alimentício. E é por isso que eu sabia que Carol poderia facilmente saber o que se passava em minha mente somente com um olhar mais analítico.

- Ele está se preparando para a reunião. – Responde, desconfiada. – O que aconteceu? Você tem dormido, Beth? Olha para você! Está tão pálida, menina. Eu sei que é difícil, mas precisa se alimentar e dormir também.

- Eu estou bem, Carol. – Afirmo, um pouco apressada. Encaro meu relógio e vejo que faltava apenas dez minutos para a reunião. – Os investidores e sócios já chegaram?

- Alguns. Por quê? Você vai participar da reunião? – Pergunta Carol, surpresa com o meu interesse repentino.

Não era para menos. Apesar de lidar com a parte legal da empresa, eu não tinha muito interesse nos negócios da família. Na minha cabeça, a presidência da empresa sempre foi destinada a Sam. Foi ela quem estudou e trabalhou para isso. E depois do que aconteceu a meu pai e com o desaparecimento de Sam, eu definitivamente não estava com cabeça para lidar com a questões administrativas da empresa. Pelo menos, não até receber a ligação de Sam.

- Sim. A reunião será na sala de reunião principal ou no auditório? – Questiono e Carol parece hesitar em me dizer. Talvez pensasse que eu deveria me manter afastada por mais um tempo. Suspiro e dou um fraco sorriso. – Eu estou bem. Apenas preciso ocupar a minha cabeça e acho que como responsável legal da empresa, eu tenho que participar dessa reunião.

- Será no auditório. – Responde Carol, dando-se por vencida. – Mas controle o seu temperamento. O lugar está repleto de homens importantes com o ego frágil. Eles estão inseguros sobre o futuro da empresa, então seja paciente. Pode ser que eles acabem fazendo perguntas nada agradáveis, por temerem perder dinheiro.

- Não se preocupe. Eu vou tomar cuidado. – Garanto, sorrindo para Carol, que suspira e assente. – Agora eu preciso ir ou vou acabar perdendo a reunião. Preciso falar ainda com o meu tio.

- Certo. – Concorda Carol, voltando para o seu lugar. Ela ameaça me dar mais uma advertência, mas o telefone começa a tocar e ela desiste.

Despeço-me da mulher de cabelos grisalho com um aceno e volto para o elevador. Suspiro aliviada por ele estar vazio e aperto para ir ao segundo andar da empresa, onde fica o auditório. Respiro fundo algumas vezes, tentando controlar meus ânimos. Eu não sabia dizer qual seria minha reação diante de Hugh. A raiva que eu sentia do homem era indescritível e eu temia acabar colocando tudo a perder por falta do meu controle emocional nesse momento.

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