O Campo das Artes

263 16 4
                                    

Narrado por Eliane Giardini

O final de semana havia chegado, já estava atrasada para me arrumar. Entrei no box sob uma ducha morna e fiquei por alguns minutos pensando em tantas coisas, porém me esforcei para pensar apenas em Léo. Ele está em um congresso em Santa Catarina e provavelmente só chegará no meio das festa. Saí do banho, coloquei uma lingerie preta rendada e um vestido preto decotado com um pouco de brilho, de cumprimento acima da altura dos joelhos. As mangas eram três quartos e deixavam o tecido ainda mais bonito e logo em seguida me maquiei. Depois, calcei um salto na mesma tonalidade dá roupa, peguei minha bolsa de mão e segui para o Campo das Artes.

Assim que cheguei ao espaço tudo estava iluminado e bem decorado. Cumprimentei a Nívea, a Gloria e o Luís, depois os outros colegas que vi com no transcorrer da festa. Olhei para todos os lados e involuntariamente pensei em Werner, imaginando se ele já tinha chegado. Minhas dúvidas acabaram quando o vi num canto a conversar com Jayme. Estava muito bonito em seu traje esporte fino. Sorria e assim que seus olhos pousaram em minha direção, desviei e decidi aceitar a primeira taça de champanhe oferecida pelo garçom. Tudo estava animado, a música agitada e os convidados de Luís se distraiam a vontade.

- Nossa que linda! - ouvi a voz de Luís e virei meu corpo para vê-lo.

- E você está muito elegante - o abracei.

- Está sendo bem servida? - perguntou preocupado, olhando em volta os garçons.

- Está ótimo, Luís, não se preocupa. A festa está linda - o acalmei e ele sorriu.

- O Léo não vem? - indagou e tomou um gole de sua bebida.

- Vem sim, mas ele está vindo direto de um congresso e vai demorar um pouquinho a chegar - expliquei e ele entendeu.

- Então está bem, minha amiga. Divirta-se. Se precisar de alguma coisa é só falar - sorri para ele e em seguida Luís se afastou para falar com os demais. O tempo passava e cada vez mais a festa ficava agitada, alguns convidados já haviam se excedido na bebida. Por diversas vezes meus olhar se encontrava com o de Werner, era nítido que não parava de me olhar e de certa forma eu já estava ficando constrangida. Estava sentada ao redor de uma mesa e conversava animada com alguns amigos quando para a minha surpresa, Werner sentou-se de frente para mim. Seu olhar parecia penetrar minha alma.

- Agora o Werner só fica com a turma dele e esquece dos velhos amigos - comentou a Gloria, arrancando dele uma risada gostosa. 

- Eu não esqueci não, eu jamais esqueço de pessoas especiais - disse isso em seguida me olhou disfarçadamente. Abaixei a cabeça e mexi no celular. As conversas se cruzavam na mesa e meia amigos riam alto, quando Nivea, sentada perto de mim, deu atenção a um amigo ao lado, observei que eu havia ficado de fora dos assuntos.

- Está muito bonita, Eliane - Werner elogiou. Ninguém prestava atenção à nada, acho que por isso ele ousou.

- Hum - babuciei sem retribuir.

- Como estão as gravações da novela? - ele insistia em falar comigo, apenas chamei a Gloria que estava ao meu lado e mostrei a ela uma coisa qualquer na internet da qual tiramos boas risadas. Não respondi à pergunta dele. Eu o ignorava completamente. Passados longos minutos eu já nem notava a presença dele, pois Gloria, Nívea e eu falávamos sobre nossas falhas em cenas e riamos de nós mesmas. Quando ambas deram atenção à outras pessoas, eu fiquei sozinha.

- Aceita dançar comigo, Eliane? - Werner pediu e travei na hora. O olhei e me certifiquei de que ninguém havia escutado, todos estavam falando alto pela bebida.

- Não Werner! - respondi baixinho.

- É só uma dança - sorriu ao dizer.

- Estou indisposta, não quero - falei sem olhar para ele. Ele não insistiu mais e se levantou da mesa. Vi quando ele saiu até o jardim, parecia cansado.

Não se esqueça de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora