Narrado por Eliane Giardini
Desde que tomei a decisão de aceitar Werner novamente em minha vida, tenho me adaptado aos poucos à rotina de ser sua namorada. Meu relacionamento com Leonardo era muito diferente, em todos os aspectos possíveis. Hoje, é nítido que eu apenas convivi com uma pessoa, porque não o amava. Criamos um vínculo que só ele via futuro, acho que na maior parte do tempo eu buscava por algo que ele jamais poderia me dar. Para ser sincera, concluo que o que senti por ele era uma forte amizade que se tornou íntima, mas que não me fez sentir o frio na barriga que experimento com Werner. Às vezes olho pra ele e lembro do nosso primeiro olhar há quatorze anos atrás. Eu jamais poderia imaginar o futuro e o que ele me reservava. Em nossas conversas, decidimos que cada um ficaria em sua respectiva casa, não perdendo sua privacidade e espaço. Apesar de nossas coisas viverem perdidas na casa um do outro. Procuro por algumas roupas e quando não as encontro, sei que estão no closet dele, onde fiz questão de separar uma parte para os meus pertences. As gavetas de minha cômoda estão cheias de coisas que ele já esqueceu aqui.
Aos fins de semana passeamos no Petrópolis, os dois juntos e, em outros passeios, tivemos a presença de minhas filhas e alguns amigos mais íntimos. Juliana e Mariana amaram a casa de Petrópolis e quando ele e eu queremos fugir da rotina, corremos para lá e esquecemos do mundo. Até agora ninguém além daqueles que precisam saber têm ciência do nosso relacionamento e acreditamos que é melhor assim. Não saímos em público sozinhos e quando nos expomos sempre estamos nas festas de família ou com Luís ou Nívea. Ambientes discretissímos e sem pessoas dando uma de paparazzi. Esse recolhimento todo é ótimo pra mim e sei que Werner também gosta de privacidade. Porém, as coisas já estão ficando impossíveis de manter em segredo. Já recusamos convites de eventos maiores porque não queremos fingir que somos apenas amigos, mas uma simples aparição nossa em uma foto na internet deixariam os fãs em alvoroço, especulando mil e uma coisas como fizeram em Gramado. Desde o dia em que ele me pediu em namoro estamos pensando em como assumir publicamente tudo isso. Precisa ser de forma simples e sem muita enrolação, direta. Essa agonia tem que acabar de uma vez só. Nos divertimos ao pensar na reação das pessoas e nas mil e uma marcações em nossas redes sociais por conta das milhares de fotos que surgirão. Damos várias gargalhadas, mas pra ser sincera, fico apreensiva.
- Ai Werner, imagina a perseguição - gargalhou rouco com minha fala, divertindo-se de meu desespero. Acabamos de chegar em minha casa depois de um dia cheio no Projac. Juliana e Mariana estão à nossa espera, pois passaram o dia vendo os últimos preparativos para o quarto de Antônio, passearam juntas e Mari quis me esperar para mostrar as coisas antes de seguir para seu apartamento.
- Eliane, é só por um tempo depois as pessoas esquecem e a gente vira um casal comum como qualquer outro - explicou serenamente. As meninas estavam na cozinha e nos ajudaram com as coisas do restaurante italiano que pedimos para viagem. Abracei minhas filhas e dei um beijinho especial em Antônio, ainda na barriga.
- Nossa, mãe, eu sinto que tô grávida há anos - Mari falou cansada, passando a mão pela barriga. Rimos de sua fala.
- Calma, Mariana é assim mesmo. Eu me sentia três vezes maior quando estava grávida - gesticulei ao falar.
- O pai deve estar bem ansioso - Werner disse brincalhão.
- Uma pilha, Werner! Pior do que eu - tiramos as coisas das sacolas e cada um se serviu do que havia pedido.
- Por falar nisso, um amigo meu comentou comigo que viu vocês dois juntos num restaurante esses dias - Juliana disse apontando pra nós dois.
- E falou o que? - indaguei curiosa.
- Ah, nada! Na verdade… Pensou o óbvio né - revirou os olhos ao dizer.
- Melhor assumir de uma vez, gente! Um casal lindo desses se escondendo do mundo - corei quando ela falou.
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Não se esqueça de mim
Fanfiction"Dez anos se passaram e muita coisa mudou e o que ficou na lembrança foram as paixões, declarações e promessas, mas será que tempo conseguiu aplacar essa história? Será que um novo encontro poderia resgatar o que um dia foi chamado de amor?" E nessa...