Outra Vez

362 12 3
                                    

Narrado por Eliane Giardini

O ritmo das gravações já estava começando a ficar intenso, porém os dias foram se passando e eu voltei a me acostumar com essa rotina. Tentava focar apenas no trabalho, mas Werner sempre arrumava um jeito de invadir meus pensamentos e dessa vez não foi diferente. A cada dia eu encontrava uma rosa presa no parabrisa do meu carro. No início achei bonito, mas depois de analisar de onde vinham, cheguei a conclusão de que só podia ser coisa do Werner. Elas apareciam apenas nos dias em que ele também gravava, eu sentia pena de jogar no lixo e acabava levando pra casa. Entretanto, a situação já estava me deixando irritada. Ele sabia muito bem as lembranças doloridas que essas rosas me traziam e decidi acabar com isso. Peguei a flor e entrei no carro, antes de sair procurei o número dele na agenda e ele atendeu muito rápido.

- Alô? - falei séria.

- Que bom ouvir sua voz, Eliane - falou rouco.

- Eu não quero papinho, só estou ligando pra pedir pra você parar se deixar essas coisas no meu carro - respondi irritada.

- Que coisas? - perguntou cínico.

- Não se faz de sonso, Werner. Para de me atormentar! Sua namorada sabe que você está fazendo isso? Vai mandar flores pra ela! - retruquei.

- Eu não tenho namorada! - respondeu. - Você mente tão bem - falei irônica.

- Não é mentira. Eu tive uma noite muito especial em Gramado, reecontrei alguém que eu amo e terminei por isso - fiquei muda ao ouvi-lo falar.

- Espero que você entenda... - interrompi

- Não tenho que entender nada! Só para de me mandar essas coisas - falei séria e desliguei. Dirigi pensando no que Werner falou. Por que ele tinha que voltar agora? Minha vida estava muito bem. Tentava me concentrar em todos os pontos negativos para tira-lo da minha mente. Assim que cheguei em casa, guardei a rosa em um vaso com água juntamente com as que ganhei anteriormente e tomei um banho para esperar Leonardo. Ele chegou enquanto eu estudava meus textos.

- Está concentrada? - assustei ao ouvi-lo.

- Leo!!! - ri e coloquei a mão no peito.

- Não quis te assustar - ele também riu e veio me cumprimentar com um selinho.

- Você demorou - o abracei.

- Foi o trânsito, mas trouxe pra gente - mostrou a bandeja com sushi.

- Ai que ótimo!!! Vamos comer - sorri e fomos pra cozinha.

- Faz tempo que você chegou? - perguntou.

- Faz!!! - sentamos na mesa e nos servimos. A companhia de Leonardo realmente me fazia bem e aliviava meus pensamentos. Comemos e conversamos sobre várias coisas e no fim da refeição ele levou nossos pratos para a pia.

- Que rosas são essas? Quem te deu? - apontou pro canto da cozinha e imediatamente lembrei de Werner.

- Ahh - olhei para as flores e pensei no que dizer.

- Foram o Arthur e o Caio… - menti.

- Hoje? Umas estão diferentes das outras - me olhou e depois olhou pras flores.

- Os dois são meus filhos fictícios e ficam disputando atenção como brincadeira, já faz dias que os dois levam, por isso são diferentes mesmo - ri sem graça.

- Que bacana. Todos querendo sua atenção - segurou minha cintura e me encostou no balcão. Léo me olhava de uma maneira tão diferente, era nítido seu sentimento por mim e me sentia péssima em mentir para ele, isso aumentava minha irritação com Werner.

Não se esqueça de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora