Preciso me encontrar

247 9 3
                                    

Narrado por Eliane Giardini

O meu coração disparou, a cara de decepção de Léo me fez sentir a pior pessoa. Eu sempre critiquei o Werner, e mesmo assim fiz o mesmo, minha respiração era rápida, meu coração apertado, quando me aproximei, ele se levantou e jogou as cartas na cama.

- Léo, essas cartas são de muito tempo - gaguejei nervosa.

- E vai me dizer o que? Que o fato de fazer muito tempo significa que vocês não têm mais nada hoje? Ou que isso era apenas um laboratório para algum personagem? - falou irônico e frio.

- Não fala assim comigo, eu nunca quis te iludir, eu sei que errei, mas… - ele me interrompeu.

- Sabe o que é pior Eliane? É eu ter feito papel de palhaço esse tempo todo. E você me deixar levar, me iludir… - ele dizia friamente, mas as lagrimas brotavam de seu rosto.

- Eu nunca me enganei tanto com uma pessoa - tentei me aproximar, mas ele se afastou de imediato.

- Léo, me perdoa, eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto - comecei a chorar.

- Eliane, por que? Por que você me deu esperança se já estava com ele? - ele me encarou.

- Não, eu não estava com Werner quando te conheci, isso foi bem depois - ele sorriu irônico.

- Chega Eliane - falou alto.

- Eu já li as cartas, eu juntei os pontos. Para de mentir para mim - a cada segundo ele ficava ficava nervoso.

- Mas não estou mentindo, você viu nas cartas, ele me largou e só depois de dez anos nos encontramos e... - ele não me deixou terminar.

- E você me usou como um idiota para provoca-lo, é isso? Eu fui apenas escape para sua frustração, fui usado apenas para que pudesse se juntar com ele e ainda fiz amizade com aquele cara - ele caminhava pelo quarto relembrando e gesticulando nervoso.

- Nossa! Como eu fui burro, burro - olhou para mim.

- Como você pôde? - perguntou indignado.

- Não Léo, você está invertendo as coisas, não foi assim que aconteceu... - ele não me deixava falar e me interrompia.

- Caramba, Eliane! – falou alto.

- Para de mentir, não vê que isso já ultrapassou os limites - apontou para mim e quando eu pensei em retrucar, escutamos batidas na porta.

- Mãe? - era Juliana.

- Oi filha, já vou! - respondi ainda com a respiração descompassada e me virei para porta.

- Sabe Eliane - ele falou e voltei a encara-lo.

- Quando eu disse que te amava, não foi mentira, nenhum momento eu menti sobre o que sentia, era tudo muito real para mim - disse mais baixo e pegou seus pertences.

- Léo - falei calma.

- Vamos conversar, por favor? - pedi me aproximando dele.

- Não! Nada que venha de você me interessa mais - foi até a porta e abriu.

- Léo, o que está acontecendo? - Juliana perguntou confusa.

- O que você acha Ju? Aposto que você sabia de tudo, eu era de fato o único iludido nisso tudo, eu só espero que tenham se divertido, porque este palhaço, já se vai - respondeu baixo, porém ainda nervoso e foi embora.

Juliana entrou no quarto confusa, transtornada com as palavras de Leonardo e me amparou. Eu já não tinha forças para está de pé, eu nunca o amei, mas o fato de ter causado uma dor tão grande em alguém que só quis meu bem, me fez sentir o pior do seres. Fiquei encolhida na cama e a Juliana me acalentou, ficamos silenciosamente juntas, apenas ela confortando-me.

Não se esqueça de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora