Tua Cantiga

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Narrado por Eliane Giardini

Meu coração gelou instantâneamente, tentei a todo custo pensar numa desculpa para dar ao eonardo. Werner me olhava como quem espera uma atitude, pelo menos que eu pudesse atender o telefone, pois o barulho já estava chato.

- Werner, eu preciso atender. Meu Deus! Que situação, não era pra eu ter dormido aqui - falei nervosa e passei a mão por meu rosto, resolvi atender. Fiz gesto de silêncio para Werner e ele entendeu o recado, gentilmente, se retirou do quarto para que eu pudesse ter privacidade, mas vi que seu semblante não era dos melhores.

- Léo! - falei disfarçando o nervosismo pela mentira.

- Estou te ligando à horas, amor. Achei que não quisesse me atender - falou carinhoso e respirei fundo pelo que estava fazendo com ele.

- Que isso, amor, me desculpa. Eu saí tão atrasada pro Projac que quando cheguei nem tive tempo de pegar o celular da bolsa. Tudo começou bem cedo por aqui - expliquei e ouvi sua voz triste de saudade.

- Achei também que tivesse me trocado por um galã de TV - riu descontraído e senti um frio no estômago.

- Não trocaria você, fica tranquilo - contornei, me sentindo péssima por estar nessa enrascada.

- Acho ótimo porque tenho ciúmes desses olhinhos verdes. Espero que eles brilhem só pra mim - ri, mas era de nervoso.

- Léo eu não vou poder falar muito porque o diretor já está chamando aqui e preciso ir mesmo - me despedi dele com pressa, pois logo minha voz denotaria a mentira.

- Hoje a noite eu levo um vinho pra gente e aí podemos assistir um filme. O que você acha? - perguntou sugestivo. Mordi o lábio inferior pensando em tudo o que tinha acontecido entre Werner e eu e a vontade de estar com Léo não foi tão grande. Só que preciso resistir à tentação e ter uma conversa definitiva com Werner. Não podemos mais ter essas recaídas e tenho que me concentrar em Leonardo.

- Claro! Vou esperar - falei e mandei um beijinho no ar.

- Então até mais tarde, te amo - disse com seu tom de voz aveludado, muito diferente do timbre rouco e sexy de Werner, que apenas com um oi ao “pé” do ouvido me faz arrepiar.

- Beijos - falei e desliguei. Olhei para a cama e vi os lençóis bagunçados e ainda quentes de nossos corpos. Aproveitei que ele estava no andar de baixo e tomei uma ducha morna. Coloquei minhas roupas e ajeitei o cabelo. Desci e o encontrei preparando a mesa do café. Ele ainda estava enrolado num hobby preto e extremamente sensual.

- Eu preparei o café - apontou para a mesa e arrastou a cadeira para que eu sentasse, parei onde estava e ele me encarou na expectativa.

- Werner eu não posso de ficar - anunciei e ele silenciou. Depois me fitou e veio em minha direção

- Toma café da manhã comigo, por favor não vai embora. Não agora - me abraçou ao dizer e meu coração ficou apertado. Tive raiva dele e ao mesmo tempo vontade de ficar mais.

- Um café rápido - falei, me desvencilhando de seu corpo e ele me ajudou a sentar, como um cavalheiro faz com uma dama. Visualizei a mesa posta e sorri ao relembrar de um momento muito marcante em nossas vidas. Há anos atrás.

- Você não muda nada, Werner - comentei e ele não compreendeu.

- Sob que perspectiva? - falou roucamente.

- Torrada, geleia, queijo braço e café. Só que você só come duas torradas com geleia e um café bem amargo - nossos olhares se encontraram fixamente e notei sua face esboçar um sorriso acolhedor.

Não se esqueça de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora