Bronzes e Cristais

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Narrado por Eliane Giardini

Meu coração quase parou e gelei na hora ao notar Leonardo vindo em nossa direção, rapidamente me desvencilhei de Werner e vi que Juliana fez a mesma coisa. Imediatamente a face de Leonardo mudou quando encarou Werner ao meu lado.

- Eu só consegui chegar agora, o bebê nasceu? A Mari tá bem? - perguntou afobado e aproximou-se de mim, segurou meu rosto e me deu um selinho inesperado. Tentei disfarçar e me afastar o mais depressa, pois percebi que Werner virou o rosto para não ver a cena.

- Não, Léo. Foi alarme falso, a Mari até já foi pra casa - Ju explicou e assim como eu, sentiu a tensão no ar.

- Não foi dessa vez, Léo. Antônio está sendo estratégico, só vai nascer no meu aniversário - ele riu e novamente tentou me beijar, desviei e o beijo pegou em minha bochecha. Ele me abraçou de lado e foi distribuindo selinhos por meu rosto.

- Vai ser a avó mais linda do mundo - por mais que eu tentasse, eu não conseguia mandá-lo parar. A face de Werner estava cada vez mais vermelha.

- Bom, vocês me dão licença. Eu preciso ir. Qualquer coisa avisa, Eliane - Werner disse ao não suportar mais e me soltei de Leonardo. Antes que eu pudesse agradecer a ele, Léo interrompeu, causando-me um frio no estômago.

- Sabe o que eu acho engraçado, gaúcho? - perguntou com ar de ironia e colocou o braço em volta do meu ombro.

- Não, eu não sei - respondeu com desdém e cruzou os braços. Olhei para Juliana e ela ficou apreensiva.

- Essas coincidências tão inacreditáveis. É incrível como você e a Eliane vivem se esbarrando por ai - Werner deu um risinho sarcástico e abriu os braços.

- É verdade, não é? Às vezes me pergunto como isso é possíve!l - disse com naturalidade e Léo respirou fundo.

- Isso aqui é um assunto de família, Werner. Por que você veio? - indagou curioso e totalmente descabido. Werner me olhou e soltou o ar preso em seus pulmões.

- O Werner é amigo da familia há anos, Léo - Juliana interpôs-se entre nós, dizendo de forma serena.

- Leonardo eu só fiz a gentileza de trazer a Eliane, ela é minha amiga - deu ênfase no “amiga” e Léo me apertou mais contra si.

- Leonardo, o Werner tem rezão. Somos grandes amigos e ele me ajudou muito, fiquei assustada pensando que podia ter acontecido alguma coisa com a minha filha e com meu neto - falei tentando amenizar a situação, mas era nítido o cheiro dos hormônios masculinos no ar. Brigavam entre si, enquanto Ju e eu estávamos no meio.

- Nossa, é uma amizade muito diferente. Eu não me lembro de ficar com minhas amiga ate às três da manhã. Dando carona à elas. Por que estava com a minha namorada a essa hora? - finalmente me soltou e deu um passo em direção ao Werner, eu já tremia e não sabia o que fazer. Os dois estavam em posição de quase ataque e se desafiavam com o olhar.

- Está querendo dizer alguma coisa com isso, Leonardo? Se estiver fale de uma vez - disse sério. Eles se olharam por longos segundos em silêncio.

- Eu não sei, cara. Isso é você quem tem que me dizer. Por que sinceramente, eu não gosto nada desses encontros casuais. Aliás, será que são tão casuais assim? - olhou para trás e me encarou, depois voltou seu olhar para o Werner.

- Está insinuando o que Leonardo? Tem medo de falar? - retrucou ríspido e também andou em sua direção. Juliana e eu estávamos estáticas e sem reação.

Narrado por Werner Schünemann

Eu já estava nervoso demais, por fora tentava demonstrar mais calma, só que eu não conseguia. O jeito ousado como ele falou e a forma de nos encurralar contra a parede, aos poucos, esquentava meu sangue. Fiquei com medo de perder a cabeça e arrebenta-lo no estacionamento mesmo.

Não se esqueça de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora