The Redheaded Merman [Concluído]

«Alguém»

Eijirou estava mais uma vez passando por aquela praia vazia. Já faziam 4 anos, deveria perder a esperança, certo? Não veria aquele loiro novamente.
Mesmo que algo lhe dissesse que em breve iria haver um reencontro.

Durante estes quatro anos coisas adversas aconteceram. Sua querida mãe adoeceu graças a toxinas que foram liberadas em uma parte do mar perto de onde moravam e, infelizmente, ela acabou falecendo.

Foi difícil lidar com a perda enquanto teria que cuidar sozinho de sua irmã mais nova, Ashido. Teve momentos onde se forçou a não chorar. Tinha que servir de apoio para a menor, tinha de ser um bom irmão mais velho.
Seu pai não estava presente.
Nunca o conheceu e sua mãe não gostava de falar dele. Talvez tivesse morrido, afinal.

Contudo, não foi capaz de cuidar de Ashido até o fim, a pequena inocentemente aventurou-se pelas profundezas do oceano em uma noite, e Eijirou, ao notar sua ausência, a procurou por todos cantos, arriscando ir até mesmo nas águas mais profundas, onde  encontrou restos de uma cauda rosada brilhante.

Ficou devastado.

Não pôde salvar sua mãe e não foi capaz de proteger a irmã.
Se sentia um fracassado. Um tremendo fracassado.
Como pôde ser tão desatento?
Agora não tinha mais ninguém.

Havia falhado em proteger sua família.
Tinha perdido tudo.

Pensou estar alucinando quando enxergou um loiro naquela praia.
Poderia mesmo ser...?
Se aproximou sorrateiro cheio de esperanças. Foram quatro anos de espera...
Pensou que não fosse mais vê-lo, mas ali estava ele.
Ficou em estado de choque quando ouviu-o dizer que seria melhor que morresse, então sem pensar muito ele surgiu entre as águas. Não permitiria uma morte tão precoce assim novamente.

*

Conversaram tanto que nem viram a manhã passar. Descobriu que o nome do belo rapaz loiro era Katsuki Bakugou e que ele, apesar de gritar irritado constantemente e aparentar estar sempre de mal-humor, era uma boa companhia. Sentia isso.
Tiveram curtos momentos onde achou que o loiro revelaria o motivo de sua tristeza, de ter proferido de modo tão quebrado que seria melhor morrer.

Não fazia nem um dia que lhe conhecera, mas tinha convicção de que aquilo não era verdade.
Também havia ouvido suas indagações ao oceano, o que apertou seu coração.
Aquele garoto sofria com sua própria existência, e aquilo o deixava devastado.
Logo ele, que havia tido duas grandes perdas e que estava sofrendo com elas fazia tempos. Não parecia justo apenas ligar para seus próprios problemas e deixar que o loiro lidasse sozinho com os dele.

— Droga, está na hora do almoço — resmungou verificando seu relógio.

— Ah, que pena — o ruivo lamentou — Queria conversar mais com você, moço.

— Eu também... — murmurou baixinho. Nunca havia se sentido tão bem conversando com alguém.

— O que disse?

— Que você é um idiota.

— Hã? — questionou confuso, mas com um sorrisinho envergonhado estampado na cara. Tinha ouvido sim o que o outro dissera. — Mas enfim, você pode guardar segredo sobre mim, por favor? — implorou com o olhar.

— Pra evitar que essa praia encha de pessoas querendo te ver? Com prazer. — sorriu, se levantando e rumando a casa que tinham ilha.

— V-você vai voltar? — Elevou sua voz para ter certeza de que o loiro ouviria.

— Por que eu não voltaria?

. . .