«Inacreditável»

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Após explicar, com muito receio, sobre quem era para os mais velhos, eles apenas lhe encararam descrentes e disseram:

— Por favor garoto, não minta. — Masaru disse — Pode confiar em nós.

— Mas eu digo a verdade!

— Não tente inventar, nós não vamos cair — Mitsuki explicou — Apenas diga de onde veio, não vamos fazer nada para machucar você ou sua família, se é disto do que tem medo.

O peito do ruivo apertou. Família? Não tinha mais aquilo, e tudo por sua culpa. Suspirou, segurando as lágrimas que sempre se formavam quando lembrava de sua mãe e irmã.

— Eu não tenho família — respondeu.

— Oh, sinto muito... — a loira direcionou-lhe um olhar empático que demonstrava seus pêsames.

Katsuki ficou calado. O ruivo nunca tinha dito nada sobre sua família e toda vez que entrava neste assunto, Kirishima fugia. Então era por isso?
Estava sentado ao lado do tritão na cama, e considerou que simplesmente ficar parado ali não era uma opção, passando um braço pela cintura do ruivo e o puxando para mais perto como forma de conforta-lo.

— Ele não tá mentindo. — explicou aos seus progenitores — Esse idiota não sabe mentir — um pequeno sorriso formou-se em seu lábios.

— Entendo que queira defendê-lo, Katsuki, mas é necessário saber de onde ele veio.

— Ele já disse, porra! — esbravejou — ele é um tritão, cacete! Veio do mar. —   por mais ridícula que essa fala soasse, é a mais pura verdade.

— Katsuki...

— Eu posso provar! — Eijirou levantou a cabeça parecendo se lembrar de alguma informação importante. — só preciso de água.

Uma ideia então passou pela cabeça de Bakugou. Não queria ir até o mar novamente, então havia apenas uma opção que poderiam seguir.

***

Chamarem o médico, que informou que Eijirou estava melhor e apenas não deveria fazer pressão na perna que foi tratada.
Foi difícil levar o rapaz ruivo até a banheira do banheiro da casa onde ficavam, pois por ser sua primeira vez tendo pernas, não tinha ideia de como andar, se desequilibrando na primeira vez que tentou levantar e quase caindo se não fosse pelo loiro ter o segurado. E ainda tinha sua perna que estava em processo de recuperação.
Os adultos apenas observaram tudo quietos, certos de que era algum truque para tentar enganá-los – mesmo que os jovens nem tivessem idade para tal – mas mantiveram-se pacientes com os dois adolescentes.

Ao chegar no banheiro de seu quarto, Bakugou começou a sentir uma leve ansiedade. E se seus pais fizessem algo com Eijirou quando tivessem certeza de que não estava mentindo? E se tentassem vendê-lo para algum zoológico? Meu Deus, não gostava nem de pensar em tal possibilidade desumana.
Encheu a banheira de água, enquanto Kirishima ficava sentado em um banquinho se sentindo claramente incomodado pelas roupas hospitalares que utilizava.
Os adultos apenas em silêncio.

— Eu devo tirá-las antes, certo? — referiu-se às roupas — Elas podem rasgar...

— Não importa, tem mais delas — o loiro explicou — Não precisamos nos meter em uma situação desconfortável por causa disso.

Eijirou assentiu e logo deixou-se ser guiado até a banheira. Quando entrou, começou a sentir uma leve queimação nas pernas – nada que machucasse – enquanto emanavam uma luz vermelha e mudavam de forma. Os progenitores do loiro olharam a cena boquiabertos.

Em questão de segundos, lá estava a cauda cor rubi novamente, mas desta vez com a mesma bandagem na perna cobrindo a ferida. Como? É um mistério.

— Que porra? — Mitsuki soltou, tampando a boca segundos depois.

— Como eu disse, eu sou um tritão...

— Filho, quando eu disse para você pescar um peixe grande não era exatamente isso... — o homem de cabelos castanhos estava chocado.

— Tsc. Tanto faz. — murmurou — Agora vocês acreditam nele?

— Sim... — concordaram em uníssono, observando a cauda do outro que parecia surreal.

— Viu? Ele não mente. — alegou irritado. Por algum motivo, o fato de seus pais terem acusado Eijirou de mentir lhe irritou demais.

Um pequeno silêncio instaurou-se entre os quatro. Ninguém sabia exatamente o que dizer, até que a única mulher no recinto decidiu se pronunciar.

— Masaru — chamou seu marido — Temos que conversar sobre algo — e agarrou sua mão, puxando-o para fora do banheiro, não saindo antes de lançar outro olhar em direção a Katsuki — Poderia aproveitar que estão aí e ajudá-lo a tomar um banho, filho?

Primeiro, Bakugou ficou sem reação. Segundo, suas bochechas começaram a ficar vermelhas, e terceiro, ele acenou positivamente sem conseguir sequer negar aquele pedido.
Suspeitara um pouco da reação esquisita de seus pais, temendo que suas paranoias estivessem corretas, mas não havia realmente nada que pudesse fazer naquela altura.
Quando o casal saiu, fechou a porta e virou-se para Eijirou que ainda estava na banheira lhe encarando timidamente.

— Então... quer ajuda? — desviou o olhar.

– S-sim. — o ruivo olhou para baixo tímido e envergonhado.

. . .

The Redheaded Merman [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora