_ Acho que nem você mesmo sabe o que pensar ou sentir.
Ele tinha razão. Eu não sabia. Boa parte de mim também havia ido embora com ela.
Ouvi um barulho de porta se abrindo e então me virei pra trás para poder ver quem era. Era Caio, com toda aquela loucura nem havia me dado conta que só meu pai havia vindo atrás de mim. Ele saiu meio cabisbaixo e me abraçou assim que se aproximou de mim.
_ Também precisava me despedi dela.
Nós recompomos, bebemos um pouco de água e seguimos por outro corredor, dessa vez para ver um dos maiores motivos de alegria de Caio nesses últimos meses. Seu filho.
Paramos em frente a uma janela grande e retangular de vidro de onde era possível ver algumas crianças prematuras dentro de incubadoras aparentemente lutando pela vida. Dá visão que nós tínhamos não dava para saber ao certo qual era o seu filho, poderia ser qualquer um.
_ Será que é aquele amor? – Caio perguntou apontando para um menino de pele clara.
_ Acho que não, está muito gordinho para um bebê prematuro. Acho que logo, logo aquele deve sair daqui.
_ Hum. E aquele do outro lado? É moreninho. – ele disse voltando a apontar. Olhei novamente para a criança que ele indicava e minha impressão não foi das melhores. O bebê estava na mesma situação do anterior, a sensação que tive era que ele não estava cogitando a hipótese de seu filho – prematuro – ser um daqueles magrinhos, coberto por fios, cuja vida parecia se perder a cada suspiro. Ele estava sendo muito otimista e isso me preocupou. Estava com medo da sua reação caso suas expectativas não fossem correspondidas.
Olhei meio que de lado para meu pai e notei que pela sua expressão facial, ele estava pensando o mesmo que eu enquanto apenas nos observava.
Enfim, uma das duas médicas ou enfermeiras – não sei ao certo – que estavam lá dentro nós viu e veio até nós.
_ Temos autorização para ver uma das crianças dessa UTI. – meu pai disse entregando o mesmo papel de autorização que havia entregado ao médico legista.
_ Bem, só pode entrar um de cada vez. – a médica disse após analisar o papel. – Um vai ter que ficar no lado de fora.
_ Eles dois vão. – disse meu pai apontando para nós.
_ Então venham comigo. – pediu a médica de pele morena, gorducha, e mais ou menos da minha altura (1,70).
Sem contestar, Caio pegou na minha mão e a seguimos, deixando meu pai para trás que resolveu se sentar em uma cadeira enquanto esperava. Entramos em uma salinha ao lado da UTI pediátrica onde ela nós instruiu a vestir uma espécie de roupão transparente, a colocar uma toca e a lavar bem as mãos. No final com tudo pronto, entramos na UTI por uma porta que já dava direto na mesma, não precisando assim utilizar novamente o corredor. Passamos por algumas fileiras de incubadoras, algumas vazias e outras com crianças de diferentes tipos de raças, condições físicas e de saúde até chegar ao final da sala onde uma criança repousava.
A médica parou, virou para nós e disse:
_ É esse o guerreiro.
Eu e Caio nós entreolhamos rapidamente e então voltamos a observar aquele ser tão pequenino e frágil enrolado em alguns fios que iam até o nariz, peito e dedos. Era moreninho, não tinha quase nenhum cabelo e mesmo tão novo já mostrava a quem tinha puxado.
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CAIO: Vencemos O Mundo (Romance Gay - LIVRO 2)
RomanceDepois de altos e baixos num relacionamento conflituoso com o namorado da melhor amiga, Lucas e Caio conseguem finalmente ficarem juntos com o consentimento e apoio de todos que os rodeiam, ou quase todos... Nessa segunda temporada, porém, Ambos ter...