10. O bem sempre vence o mal.

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Bem, como já perceberam, meu nome é Vinicius, tenho vinte e um anos, sou branco, tenho cabelos enrolados – como um anjo, como sou chamado as vezes – olhos castanhos perdidos em baixo de um óculo com grau exageradamente alto, e não tenho pelos no rosto, o que contribui junto aos meus setenta quilos para que eu aparentasse ainda ser um adolescente de dezesseis. Moro com Lucas e Caio na casa grande como se fosse um filho deles desde a morte de minha mãe quando eu tinha apenas dez anos de idade, estou numa boa faculdade de engenharia química atualmente e só conquistei o que conquistei até aqui graças a eles que sempre me deram tudo do bom e do melhor, e é por isso que me sinto um lixo agora por está compactuando com uma coisa tão absurda que é separar os dois, os amo como amei minha mãe, mas também amo aquele idiota mimado. Não posso ficar em cima do muro, eu tenho que escolher um lado, mesmo que isso signifique perder alguém.

Horas mais tarde, ainda indeciso sobre o que fazer, decidi me sentar no sofá da sala e tentar ler um livro, mas segundos após, percebi que não tinha como me concentrar na história com tanta coisa na cabeça, então deixei-o de lado e afundei a cabeça entre as pernas enquanto minhas mãos se encontravam a cima da mesma, a hora do "jantar" se aproximava rapidamente me deixando ainda mais apreensivo e consequentemente nervoso, sentimentos esses que refletiam em minha perna que chacoalhava sem parar. Estava tão perdido dentro de mim mesmo que mal escutei alguém se aproximando, a voz chamando o meu nome foi o que me despertou e assustou um pouco.


_ Está tudo bem, Vinicius? – Era o Tio Lucas, ele estava bem arrumado, camiseta, um blazer azul, um Jeans escuro e um sapatênis, a hora enfim havia chegado e eu ainda não tinha me decidido em que lado ficar.

_ Ah, nossa, nem te vi. – falei tentando regular as batidas do coração.

_ Desculpa, não quis te assustar, mas está tudo bem contigo?

_ Está... Está sim. – disse balançando a cabeça, muito mais que o necessário. – É, só as provas da faculdade que estão se aproximando. – menti.

_ Ah sim, não sei por que se preocupa ainda. – Ele veio até mim e bagunçou o meu cabelo, eu por um segundo consegui relaxar e sorrir – Você é um gênio. Mas não acho que esse seja o motivo. – e lá se foi meu sorriso e meu segundo de tranquilidade. – Não precisa esconder de mim a verdade, eu sei, isso não é motivo de ter vergonha Vini.

Sabe? Como assim? Como ele ficou sabendo? Quem havia dito?

Estava a ponto de ter um colapso de tanto me esforçar para não transparecer meu nervosismo.

_ Sa...Sabe? – gaguejei.

_ Eu sei que você gosta do Aquiles, talvez na mesma intensidade que eu, e é por isso que está assim né? – mesmo ainda tentando acompanhar o que era dito ali, confirmei com a cabeça. – Isso se chama saudades, eu também estou sentido isso, possa ser que não acredite por eu ter...

_ Não, eu acredito. – disse o interrompendo.

Ele me olhou triste por um segundo e então continuou:

_ E porque amamos ele, Vini? Se ele parece ser incapaz de perceber as várias faces do amor?

Lembrei da forma bruta dele de me tratar, sem nunca demonstrar afeto – pelo menos não com uma pessoa do mesmo sexo – e vi que ele tinha razão.

_ São mistérios. – me limitei a dizer.

Foram muitas as vezes que tentei decifrar a razão de meu amor por ele, muitas mesmo, até o dia que resolvi dá de ombros para isso e aceitar que o amo e ponto. Nós somos melhores amigos, contamos tudo um ao outro – ou quase tudo – mas ele nunca me deu espaço para afetividades, apesar de eu já ter tentado o abraçar inúmeras vezes, ele sempre recuava e tirava sarro da minha cara.

CAIO: Vencemos O Mundo (Romance Gay - LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora