15. Vinicius e Aquiles: A grande hora.

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_ É o Fagner, mãe, vou para o meu quarto atender, depois a gente conversa tá. – disse me levantando e lhe dando um beijo na bochecha.

_ Tá, enquanto isso eu vou ver o meu neto. – ela disse sorridente.

Enquanto subíamos a escada, atendi a ligação para que não caísse em caixa postal, pois caso isso acontecesse, corria o risco de apenas nós falarmos na próxima reencarnação. Para quem não lembra, ele também passou a morar na fazendo na mesma época em que eu e Caio fomos para lá, ele por curiosidade aprendeu a montar, um grande pontapé para uma paixão que o levaria a treinar na Rússia para as olimpíadas.

_ Lucas? – ele chamou.

_ Filho da puta, como ousa me abandonar desse jeito? – berrei.

_ Nossa. Quanto amor. – comentou minha mãe me fazendo ri antes de nós separarmos no corredor. Fechei a porta e caí na cama assim que entrei no quarto.

_ Também te amo. – ele disse sorrindo.

_ Ama tanto que me esqueceu. – disse sendo dramático.

_ Ah, me perdoa vai, esses primeiros meses aqui está sendo uma loucura, treino pra caramba e de quebra tem o treinador que não larga do meu pé. Sem falar nesse fuso horário, aqui já são dezessete horas, aí deve ser o que? Onze da manhã né, nem sempre você tá disponível também mocinho.

É verdade, a culpa nem era toda dele, quase sempre quando ele podia falar, eu estava amarrotado de trabalho com a escola, e quando eu podia falar, ele estava treinando ou descansando, e quando em meio a tudo isso, conseguíamos nós falar, era sempre muito rápido, o tempo equivalente a um "Oi, Tudo bem? E Tchau", mas nem isso tínhamos já fazia quase dois meses.

_ Então o que devo a honra de sua ligação?

_ Caique me contou o que aconteceu.

_ Aconteceram tantas coisas que vou precisar que especifique.

_ Ah, a sua situação com Aquiles, na situação que ele se meteu e na sua separação de Caio, principalmente essa separação.

_ Pois é. – disse já sentindo meu coração apertar.

_ Como ele pode fazer isso Lucas? Quando soube, a vontade que tive foi de pegar o primeiro avião e matar aquele canalha.

_ E aí ficar sem o grande sonho da sua vida por causa dele? Ele não merece.

_ Não te merece também.

Nos meus olhos lágrimas já se formavam e no meu coração a dor se reaproximava com tudo. Era impossível não falar daquilo e me sentir não só mal, como também estranho, era estranho aceitar que um relacionamento de mais dezesseis anos tenha acabado, era estranho morar em outro lugar que não fosse naquela fazenda ao lado dele e por fim, era estranho pensar que nunca mais iria ter o carinho da pessoa que mais amo no mundo.

_ Será que fui tão tolo em acreditar que ele não faria o mesmo que fez com Tereza, comigo? Eu não era melhor que ela.

_ Olha... – ele começou, mas acabou sendo interrompido por alguém que estava perto dele, a voz era abafada e eu não consegui ouvi do que se tratava. – Desculpa, ainda estou aqui no picadeiro (local de treino para o hipismo) e meu treinador não gostou de me ver aqui ainda, pois daqui a pouco ele vai me apresentar a uns empresários em uma festa chique, posso ganhar alguns patrocínios caso eles gostem de mim.

_ Nada de teste do sofá em. – disse para descontrair. Nem lembrava mais de minha lamentação.

Ele riu.

CAIO: Vencemos O Mundo (Romance Gay - LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora