08. Desventuras em série.

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Me levantei de cama, escovei os dentes e me troquei, tudo muito rápido e com cautela para não acordar os meus dois anjos. Inicialmente pensei em ir sozinho de ônibus até o hospital onde imaginei que eles pudessem estar, mas iria demorar muito, então fui até o quarto de meu pai e com cuidado para não acordar minha mãe, pedi que ele me levasse no seu carro, não expliquei muita coisa a ele no inicio, apenas no caminho, onde também fiz um desabafo e expliquei que não saberia o que fazer se fosse verdade.

_ Pode contar comigo, iremos enfrentar isso, juntos. – ele disse quando enfim paramos em frente ao hospital.

_ Quando foi que isso virou uma novela pai?

"Muitas pessoas devem a grandeza de suas vidas aos problemas que tiveram de vencer."

Uma vez li essa frase na traseira de um caminhão enquanto ia a algum lugar no interior com meus pais, desde então não a tirei da cabeça e reflito sobre ela sempre que posso ou sempre que a vida me passa uma rasteira como tem acontecido constantemente nos últimos meses.


_ Eles estão mortos... Os dois. – disse quase sem voz. – O que eu vou fazer? O que eu vou dizer para ele Fagner? Como ele vai acredita nisso se nem ao menos eu acredito, e-u que ouvi da boca de meu pai que eram realmente os corpos deles sem vida e quase desfigurados em uma cama de metal fria. – mesmo não tendo visto nada por causa da situação dos corpos e também por ser de menor, eu conseguia imaginar tudo como se tivesse presenciado toda a cena de perto, e isso era horrível pois minha cabeça doía e anciãs de vomito viam a todo momento – coisas assim não deveriam acontecer de uma hora para outra, não deveriam!

Um longo silencio se sucedeu de ambos os lados por alguns segundos sem que tivéssemos o que falar, estávamos ainda em negação, tudo se passou muito rápido para que pudéssemos acompanhar. Eu particularmente, com a cabeça próxima a janela do carro semiaberta sentindo a brisa secar minhas lágrimas só conseguia pensar em Caio e em como ele reagiria.


_ Se eles estavam desfigurados, como saber se eram eles mesmos?

_ Eu disse quase.

_ Mas o seu pai só os viu uma vez há meses, como...

_ Como explicar o fato deles estarem com um celular cujo o primeiro numero da lista era o de Caique? Como explicar a placa do carro que nós dá exatamente o endereço da fazenda? Como Fagner?

Por segundos o que eu ouvi foi apenas sua respiração, ele havia se calado novamente para pensar. Eu o entedia, entendia sua esperança. Ao contrário de mim que não queria chegar em casa e dizer "Caio, seus pais morreram, mas pode contar comigo, vai ficar tudo bem", ele queria apenas poder chegar para o seu namorado e dizer "Eram outras pessoas, foi engano, seus pais estão bem" e assim tira-lhe um peso das costas.

Dado a hora que já ia além das seis horas, pensei que Caio não me ligaria perguntando onde eu estaria, até o celular do meu pai tocar e ele me mostrar o nome dele piscando na tela.

_ Atende e inventa alguma coisa, pai. – pedi.

Ele balançou a cabeça e logo atendeu.

_ O que? – Fagner reagiu do outro lado. Confesso que até havia me esquecido dele.

_ Não foi com você. – disse quase sussurrando para que Caio que já falava com meu pai não me ouvisse. – Estou voltando para casa agora e ele está falando com meu pai para saber onde estamos.

_ Minha mãe não quer me deixar vê-lo Lucas. – desabafou com a voz chorosa. – ela não quer que eu faça esforços por causa da cirurgia.

_ Eu sei que deve está sendo difícil para você, mas ela está certa, você mal consegue rir sem sentir dor no peito, se você ver ele não vai conter o choro, vai querer abraça-lo e fazer esforços que por mais simples que sejam vai pô-lo em risco.

CAIO: Vencemos O Mundo (Romance Gay - LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora