09. Ingratidão.

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_ Filho, vai contar isso a Caio? – minha mãe perguntou depois que Fagner se foi. Estávamos na sala assistindo novelas mexicanas, e Aquiles estava no meu colo.

_ Porque não contaria?

_ Ah sei lá, sabe o quanto ele queria que ele o chamasse de "papá" e você meio que agraciado com isso...

_ Acha que ele vai ficar chateado com isso?

_ Não posso afirmar.

A porta no mesmo estante se abriu e ele entrou junto ao meu pai. Ambos conversavam e sorriam. Ele veio até mim e se sentou ao meu lado, pôs o braço sobre o meu ombro e me beijou.

_ Estava morrendo de saudade. – ele disse.

_ Como sempre né. – respondi sorrindo.

_ Como sempre. – ele confirmou me dando mais um selinho, para então voltar a sua atenção para Aquiles que já se animava com sua presença.

_ Que coisa mais linda meu Deus. – disse tirando-o de meu colo e o erguendo na altura da cabeça para que pudesse afogar seu resto naquela pequena barriga, pelo jeito ele sentia cocegas, pois sempre iluminava a casa com seu sorriso inocente e gostoso quando Caio fazia isso. – Papai estava morrendo de saudades do meu bebê...

E por aí se seguia até ele me entrega-lo novamente para poder ir tomar banho e ficar com ele depois para que eu pudesse ir para a faculdade.


Quando ele saiu do banheiro de samba canção e sem camisa, deixando exposto aquele peitoral moreno, Aquiles estava no berço brincando com sua bola e eu, encasquetado com a conversa que tive com minha mãe separava as blusas que iria vestir. Ele se aproximou por trás de mim e me abraçou forte colocando sua boca em meu pescoço me fazendo ver estrelas – num ótimo sentido.

_ O que foi? Quer me falar algo, conheço essa cara.

Estávamos juntos há quase um ano e seis meses e ele já me conhecia como a palma de sua mão como se fossemos casados há décadas, se eu tivesse algo encasquetado em mente, ele com certeza iria saber, iria perguntar e não se cansaria até obter a resposta, mesmo que eu faça de tudo pra não transpassar isso na fisionomia.

Me virei e coloquei meus braços em formato de triangulo sobre seus ombros.

_ É que Aquiles falou sua primeira palavra hoje.

Mal terminei de falar e seu rosto já se contraia em uma expressão de felicidade.

_ Sério? – ele se desvencilhou de mim e foi até próximo o berço onde por sobre o ombro perguntou. – O que ele disse?

_ Papá.

Ele parou tudo e se virou para mim se mostrando um pouco confuso.

_ É, ele me chamou de pai. – disse meio receoso, e para continuar baixei a cabeça, pois não queria encara-lo, estava com medo de sua reação. – Sei que era você que deveria ouvi isso e que...

_ Que besteira Lucas. – ao levantar a cabeça vi que ele sorria e parecia não ter se importado. – Foi à coisa mais normal que aconteceu, querendo ou não você passa mais tempo com ele de que eu. – se reaproximou aos poucos de mim e colocou a mão em meu braço. – De certa forma eu estava esperando isso, você também é pai dele, somos uma família, então – deslizou seu dedo indicado por toda extensão de meu nariz. – deixe desses pensamentos, pois estranho seria ele te chamar de mamãe.

Há poucos eu estava apreensível e até nervoso imaginando qual seria sua reação, mas vejam agora, eu ria por causa dele. Parecia impossível, mas todos os dias eu sempre me apaixonava ainda mais por ele, sempre com bem mais intensidade que no dia anterior.

CAIO: Vencemos O Mundo (Romance Gay - LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora