05. Uma luz no fim do túnel.

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_ Achei! – disse assim que peguei o terno.

Coloquei a mão em um dos bolsos e não tinha nada para o meu pequeno desespero, mas ao olhar no outro bolso, senti algo, ao tirar pra fora vi que era o envelope. Olhei para Caio e ele me olhou de volta, ambos estávamos curiosos para sabe qual era o conteúdo.

Respirei fundo e abri, tinham dois papeis, Caio se juntou ao meu lado e lemos a primeira folha.

_ Se me permite dizer. Eu amo aquela garota. – Caio disse.

_ Eu também. – disse ainda sem acreditar no que ela foi capaz de fazer por nós.


Nós sentamos na cama e eu em voz alta reli o que estava escrito no papel para ter certeza que não havíamos entendido errado.


DECLARAÇÃO DE GUARDA (Responsabilidade, Proteção e Cuidados de Menores).


Eu, Tereza Gamberini Winchester inscrito (a) no RG sob o nº 9.745.*** expedido pelo(a) SDS, CPF nº 706.554.***-** residente e domiciliado (a) na cidade do Recife, CEP 55606-***, UF: PE. DECLARO, nos termos da Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 e em concordância com o Art. 19 e Art. 32 (Estatuto da Criança e do Adolescente) que em caso de minha morte em parto, a guarda do menor ainda sem qualquer registro cidadão deverá ficar interinamente com Caio Henrique da luz assim que o exame de DNA sobre mandato de justiça o confirmar como pai.



No final da folha havia a assinatura de Tereza e logo mais abaixo uma linha em branco na qual deduzi ser onde a assinatura de Caio entraria.



_ Será que tem validade legal? – Indagou pegando o documento da minha mão para pode analisar melhor.

_ Deve ter, ela não brincaria assim com nós.

_ É bom demais pra ser verdade, amor.

_ Espera, aqui tem outra folha.

Ele colou seu ombro no meu novamente e desviou toda sua atenção para a segunda carta em minhas mãos. Logo no começo percebi que não se tratava de algo oficial como a primeira folha, mas sim de uma carta escrita a punho endereçado a leitura pessoal, no caso a mim. Li em voz alta:


"Se estiver lendo essa carta é porque eu já não faço mais parte desse mundo. (senti naquele momento meu coração apertar como se alguém o espremesse. Fiquei tenso diante daquela primeira linha e não consegui mais ler. Caio percebeu o meu estado e continuou de onde parei assim que pegou a folha de minha mão) É estranho pensar nisso, pois nesse momento enquanto escrevo, estou comendo pães de queijo deliciosos. (nem mesmo minha tensão me impediu de abrir um sorriso ao ouvir aquela prova de bom humor que ela ainda preservava mesmo no dilema de vida ou morte que se encontrava.) Brincadeiras a parte, eu já tomei minha decisão, essa criança vai vir ao mundo e vai ser feliz, mesmo que isso custe minha própria vida. Eu queria muito ter pensado assim desde o começo, mas não foi bem o que aconteceu. Me desesperei quando soube que era uma gravidez de risco e que minhas chances de vida eram poucas, não sabia a quem recorrer, pra falar a verdade, eu não tinha a quem recorrer, a não ser as minhas próprias amigas que quase nada sabiam o que era viver de verdade. Tentei aborta-lo e me arrependo amargamente disso desde o momento em que Caio me salvou de fazer a maior burrada da minha vida naquela clinica clandestina que me causa náuseas até hoje só de lembrar o odor de morte que era exalado das paredes. Vi amor, desespero e alívio em seus olhos ao me ver sentada esperando por minha vez de ser atendida, ele amava nosso filho e eu pude perceber, aquilo me envergonhou, me envergonhou porque eu só sentia o que ele estava sentindo por mim mesma, mas o amor dele por nosso filho era tão grande que acabou respigando em mim, me fez voltar a sanidade, me fez enxergar e acima de tudo me fez mais humana." 

CAIO: Vencemos O Mundo (Romance Gay - LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora