Capítulo 2

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Boa Leitura!

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POV NARRADOR

As pessoas geralmente não costumam falar sobre suas dores porque temem que sejam imaginárias. Preferem sofrer em silêncio temendo estarem adoecendo de tristeza, o que de fato, estão. Camila se encontrava dessa forma já há um mês. Pressão no peito, palpitações, sensações de náuseas e formigamentos, sinal de alerta do seu corpo estar se expressando através da sua dor.

A volta da tristeza, entrando de luto outra vez por sua mãe, voltou a se manifestar dolorosamente através de cada fibra do seu corpo. Quando ela descobriu, a um mês atrás o que realmente ocorreu com sua mãe, o seu mundo, mais uma vez se desmoronou. Dinah, sua melhor amiga, também sofria calada, porque não havia nada que pudesse fazer, a não ser amparar a latina quase todas as noites, turno que a menor escolheu para chorar em silêncio a morte trágica de Sinuhe. Mas a polinésia também sempre prestava atenção nas dores de sua amiga, e prometeu mais uma vez que se ela não procurasse por ajuda, a loira mesma tomaria as providências.

Camila sofria calada, seu peito esmagado pela dor, com a sensação de alguém estar sentado em cima da sua caixa torácica. Sua garganta apertada, a sufocando e bloqueando qualquer sujeira que queria colocar para fora. Pensou em desabafar com alguém, mas sempre quando pensava nas primeiras palavras, saíram sôfregas por sua boca, algo a impedia, prendendo a saída de sua voz, engolindo à força os engasgos para dentro de si outra vez, fazendo as fortes dores no peito voltar, a falta de ar mais presente e a garganta se fechando junto com a náusea, causando certo amortecimento nas mãos e nos braços, voltando cada vez pior durante os dias que se passavam.

Havia se passado exatamente um mês desde a última conversa com Michelle, e há uma semana que Camila não estava assistindo aula na Universidade. A empresária fez questão de conversar com o diretor pessoalmente, explicando os motivos ausentes da menor, pedindo para que o senhor não complicasse nos seus estudos quando um dos professores o informou de suas faltas contínuas nas matérias, sendo importantes para a conclusão do penúltimo ano do curso.

E para piorar, nesses dias, Dinah presenciou a falta de imunidade da sua amiga estar muito baixa devido os longos e constantes períodos do seu estresse. Ela soube que perder alguém que amamos poderia deixar vulneráveis as infecções, dito pelo médico que a informou quando a loira teve que levar sua amiga ao pronto socorro. O profissional explicou que o fato do luto da estudante não configurar em uma patologia, não impediria Camila de sentir fisicamente as suas dores. Elas existem e são dificilmente catalogadas, não são objetivas e não podem ser medidas. "O corpo se expressa através da sua dor" - contou o médico especialista para a mais nova.

Era nítido que Camila estava sofrendo a perda de sua mãe, por isso, as dores constantes na altura do peito e as palpitações. Segundo o cardiologista, eram sintomas chamado de "síndrome do coração partido", geralmente ocasionado por um forte estresse emocional e físico. Dinah não gostou nada de saber pelo homem que se sua amiga não se ajudasse, os sintomas poderiam se agravar e partindo para o segundo nível, o funcional, que tinha consequências do desequilíbrio metabólicos. E o terceiro seria o orgânico, em que males como gastrite poderiam se manifestar mas ao contrário do que poderia acontecer, ela sabia muito bem sobre as consequências que o corpo de Camila poderia sofrer devido a sua magia já que em uma noite, Dinah teve que intervir em sua forma de lobo assim que presenciou a menor extravasar e acabar descontando sua raiva nos objetos do dormitório. Aquilo realmente havia assustado a polinésia.

Foi através das explicações de sua mãe assim que a mesma ligou para Milika que a loira procurou pela mulher até então desconhecida por ela. Michelle que já estava a par do que estava acontecendo com a latina, não se opôs na decisão da loira e lhe contou tudo o que havia dito para sua amiga. Horas após das duas conversarem e a polinésia ficar perplexa com as palavras que se eram ouvidas, não se envergonhou e pediu por sua ajuda, contando o que ela já imaginara.

Soberania (Alfas e Ômegas) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora