Prólogo

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"Há coisas que deveriam ficar do jeito em que estão. A gente devia poder enfiá-las num daqueles mostruários enormes de vidro e deixá-las em paz" — J. D. Salinger, O Apanhador no Campo de Centeio.

Madeline Sawwer P.O.V • Escritório da Interpol, Londres, Reino Unido, Inglaterra.

— Agente Sawwer, na minha sala por favor.

Era Emily no telefone, minha chefe, também conhecida como Prentiss. O dia estava calmo, completamente entediante. Isso na verdade é ótimo, exceto pela minha mania de revirar casos antigos sem solução, esperando concluir algo novo e assim, apenas me desgastando mais que o normal.

Fechei a pasta que tinha em mãos, e me levantei para seguir até a sala de Emily.

— Oi — falei enquanto fechava a porta.

— Oi Maddie.

Ela nunca me chamava assim quando estávamos no trabalho, então percebi que havia algo... Errado?

— O que houve?

— Você é uma das minhas melhores agentes... — suspirou, procurando palavras — E eu sei o quanto gosta de trabalhar na Interpol, e de viver em Londres, mesmo assim, tenho um convite a você.

— Em outras palavras, vai me transferir?

— Não! Apenas peço que considere o meu pedido. A UAC precisa de uma agente como você, e a Garcia ficaria feliz em te ver de novo.

Sorri ao me lembrar de Penélope, ela fazia falta.

— Eu não sei — umedeci meus lábios, desviando meu olhar — Tudo que eu tenho está aqui, mesmo não sendo muito.

— Além de ser uma das agentes mais renomadas, também é minha amiga. Se não quiser, eu irei entender e escolher outra pessoa.

— Posso te dar a resposta outra hora? Talvez... Amanhã?

— Tome seu tempo.

Assenti enquanto me levantava e a agradeci com um gesto de cabeça, me retirando da sala.

Cinco anos atrás, Seattle, Washington, DC.

— Você não precisa fazer isso Liam, por favor, deixe eles, eu vou com você para onde quiser — pedi aos prantos, fazendo o possível para me soltar das braçadeiras que meu até então namorado, havia usado para me prender à uma cadeira da sala de jantar da casa de meus pais.

— Não vê que eles nos impedem de ser feliz, meu amor? Tudo o quê eu quero é que sejamos um casal perfeito — ele sorriu de maneira doentia — É para o seu bem, Maddie.

Nunca imaginaria que Liam seria capaz de uma coisa dessas. Ele era um cara tão calmo, carinhoso e carismático, porém, agora havia amarrado meus pais e irmão no chão da sala de estar, ameaçando atirar nos três, pois segundo ele, minha família era incapaz de me ver feliz.

— Solte ela Liam, não vê o que está fazendo? Como pode dizer que a ama? — Edward, meu pai, pediu, fazendo o possível para manter a calma.

Então, por um segundo, tudo foi calado por um estrondo ensurdecedor, meu pai estava morto.

— NÃO! — gritei, me remexendo desesperadamente na cadeira.

Tudo começou a se passar em câmera lenta, o som chegava abafado aos meus ouvidos. Ethan, meu irmão, se soltou de alguma maneira e avançou para cima de Liam, mas logo estava no chão, com um tiro no queixo.

Apenas gritava o nome de Liam junto a milhares de "nãos", era impossível explicar minha impotência de não poder fazer absolutamente nada por estar presa à aquela maldita cadeira.

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