Beyond Borders • Criminal Minds

Carter

"A luxúria é como a avareza: Quanto mais tesouros tem, mais sôfrega se torna"
— Barão de Montesquieu

Madeline Sawwer P.O.V

Ter visto Liam pessoalmente reativou todos os meus sentidos adormecidos, e ao chegar em meu quarto no hotel, meu cérebro me entregou o perfil dele em uma bandeja de prata.

No dia seguinte, invadi a sala de conferência da delegacia como um raio, parando em frente ao quadro do caso, que havia sido atualizado por Hotch e J.J com as imagens fornecidas por Garcia após ela ter identificado alguns dos homens que estavam com Liam pelas câmeras de segurança do cassino.

— Ele está usando Anfetamina — afirmei — Precisei rever os ocorridos diversas vezes em minha mente, até que notei: a pele estava mais pálida que o normal, pupilas dilatadas, ele umedecia os lábios e com a mesma frequência coçava os braços, os espasmos no maxilar e quando saí ao lado dele do cassino percebi que o braço fazia movimentos no qual ele tentava controlar.

— Características clássicas de quem realiza o uso excessivo de anfetamina — Spencer afirmou.

— Mas como... — o detetive Williams que estava trabalhando no caso tentou interromper.

— Shh, olhe só esses dois — Morgan murmurou, parando ao lado dele.

— E o que esse uso excessivo causa? — sorri de canto.

— Surtos psicóticos — Reid se levantou — Ele apresentou claras oscilações no humor, tentava manter o controle, mas quando algo que não foi planejado por ele acontecia, se descontrolava e elevava o tom de voz. Não está meticuloso o suficiente, o que aponta para o comportamento desorganizado.

— Assim como eu, Liam estudou Química, mas se especializou na Farmacêutica. Ele sabe muito bem como manipular substâncias e pessoas, além de como mencionou, agora ter "amigos que possuem amigos", não está sendo difícil para ele conseguir as drogas — peguei uma caneta, escrevendo no quadro "Capgras" — Entretanto, aqui está a chave para encontrarmos ele, para controlar os surtos da Síndrome de Capgras ele precisa de determinados antipsicóticos.

— Todos antipsicóticos possuem algum grau de sedação, o que indica que Liam tem um horário regulado de sono, ainda mais depois de ter passado cinco anos na prisão onde ele não possuía outra escolha, se não ter uma rotina estabilizada — Spencer intercalou o olhar entre eu e todo o resto da equipe.

— E obviamente o vício recente em drogas retarda o funcionamento dos antipsicóticos — Michael complementou ao adentrar a sala sem nem bater na porta.

Apontei para ele em concordância, ainda um pouco surpresa com sua aparição, mas procurei não perder a linha de pensamento.

— Isso quer dizer que um dos nossos procurados é alguém extremamente perigoso com tendência a surtos psicóticos e uma síndrome que dissocia a conexão entre o córtex e o centro emocional, fazendo com que ele possa pensar que todos os conhecidos foram substituídos por impostores e que diversos ambientes tenham sido reproduzidos em locais diferentes — expliquei enquanto prendia meus cabelos em um coque — Para completar, ele possuí uma história pessoal com uma agente federal — estalei minha língua enquanto desviava meu olhar, respirando fundo.

— Liam VanKirk é uma bomba relógio que tem tudo ao seu favor para fazer com que exploda rapidamente — Spencer concluiu.

— E após a infeliz operação da noite passada ele está mais irritado que o normal — Hotch suspirou.

— Tenho uma péssima notícia — a imagem de Garcia surgiu no computador que estava sobre a mesa — Opa, atrapalhei um momento dos meus gênios favoritos? — ela levantou as sobrancelhas ao ver Reid e eu, de pé em frente ao computador.