The others sinners are watching

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"Não julgueis; somos todos pecadores"
— William Shakespeare

Madeline Sawwer P.O.V

Passei a madrugada inteira na poltrona do quarto do hotel, encarando a parede de uma maneira que ela poderia se quebrar com a intensidade do meu olhar.

Obviamente não iria conseguir dormir enquanto Spencer estava em algum lugar com um psicopata de múltiplas personalidades.

Desde o caso de Randall Garner, tudo estava indo ladeira a baixo, pois a cada segundo a resistência emocional de toda a equipe era posta em prova.

Morgan e Hotch encontraram o corpo congelado do pai de Tobias Hankel em um porão. O legista estimou que estava lá a seis meses, e concluímos este, como o fator estressante, entretanto ainda não fazíamos ideia de como encontrá-los.

— Não dormiu ontem, não é? — Garcia me perguntou após eu ter sentado ao lado dela, encarando os computadores de Hankel.

— Tá tão na cara assim? — suspirei, virando um longo gole de café.

— Na verdade, não, mas eu te conheço, sabia que uma situação como essa te deixaria sem sono — Penélope deitou a cabeça em meu ombro.

— Onde está a J.J?

Procurei continuar sem muitas expressões, pois sabia que se vacilasse, não iria conseguir me recompor e seria apenas um peso para a equipe carregar.

— Foi com o Rossi entrevistar um cara que conheceu o Hankel em uma reunião de Narcóticos Anônimos.

Assenti e fui até a sala onde estavam Hotch, Morgan e alguns membros da polícia estadual, pegando um dos diários de Tobias.

—  "Pai doente, quer que eu o sacrifique, eu digo "Não matarás", ele responde "Honrar pai e mãe". Rezarei por orientação" — Aaron leu em voz alta — Isso foi em dezembro.

— O pai dele já estava morto a quatro meses — Morgan se apoiou em uma cadeira.

Desci meu olhar até os pés da cadeira e arqueei uma sobrancelha, me aproximando.

— Licença gatão — falei enquanto desencostava o moreno da mobília — Olhem pro chão.

Elevei meu tom de voz para atrair a atenção dos presentes na sala, mostrando marcas de arrastamento no chão.

— Essas marcas são novas, tanto aqui, quanto ali — apontei para outra cadeira — A letra no jornal bate com a de Charles Hankel, mas os registros são feitos depois da morte dele... No quarto do Tobias, tudo está uma bagunça, mas no outro cômodo, tudo está completamente arrumado.

— Vai me dizer que uma das personalidades do Tobias é o pai dele? — um oficial franziu o cenho e eu assenti.

— Charles criou Tobias em um código religioso rígido, certo e errado, preto e branco, feliz ou triste, existia apenas dois extremos. Quando o pai pediu que o matasse, alguém precisava ceder, mas o cérebro dele não suportou a contradição moral e se dividiu em duas personalidades para manter o pai vivo — expliquei.

— E quem é Rafael? — o senhor questionou.

— O mediador entre a personalidade de Tobias e a personalidade de Charles. Anjos não possuem emoções humanas, eles não ligam se irão viver ou morrer, é a vontade de Deus — levantei meus ombros e bebi mais um gole de meu café.

— Temos que perfilar Charles Hankel — Hotch afirmou.

— Vamos falar com a Garcia — Morgan tocou meu braço, então assenti e o segui até o escritório.

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