"Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor"
— William ShakespeareSpencer Reid P.O.V
— Eu quero entender como o homem que está com a cara em todos os jornais e noticiários saiu deste hotel com uma agente federal desacordada e sem ser visto! — Hotch gritou após bater a porta da sala de segurança do hotel, deixando os funcionários intrigados.
Tinha cogitado a hipótese de Madeline querer tomar todo o caso para si, só não havia imaginado que ela realmente o faria.
Ao chegarmos no hotel, Morgan e eu fomos verificar se Sawwer estava bem, mas a porta encostada do quarto dela nos disse o contrário. Lá encontramos o cachecol, juntamente à arma e o distintivo, todos jogados no chão.
— Vou para Seattle, a mãe de Liam, Laura VanKirk já está no Departamento Policial para interrogatório, Morgan virá comigo — Emily se aproximou enquanto guardava o celular no bolso traseiro da calça.
— São quase quatro horas de vôo — murmurei.
— Madeline é inteligente, Reid. Ela saberá ganhar tempo.
[...]
Madeline Sawwer P.O.V
Quando abri meus olhos já não sabia dizer a quanto tempo estava apagada, apenas imaginava que era noite e ao tentar me mover pude notar que estava presa em uma cadeira, por braçadeiras, bem previsível da parte de Liam.
Estava em um lugar que mais parecia um galpão, ou até um depósito daqueles que se paga aluguel quando não possuí espaço suficiente para enfiar tralhas que insistimos em guardar.
O piso era de cimento queimado, e as paredes sem pintura expunha o concreto, uma única entrada e saída era proporcionada por um portão de enrolar, feito provavelmente de aço e a iluminação era proporcionada por uma lâmpada de LED tubular sobre a cadeira onde eu estava, ou seja, tudo ao meu redor estava parcialmente escuro.
Minha visão ainda estava um pouco embaçada, e minha cabeça ainda pendia um pouco para frente e para trás devido à substância presente em meu organismo, somente quando o portão foi levantado com um estrondo, que percebi como ainda estava atônita.
— Levou mais tempo do que eu imaginei — Liam deu de ombros ao se levantar, ele havia se abaixado um pouco para passar pelo portão que não foi aberto inteiramente, ato inteligente, afinal não consegui ver nada do lado exterior — Você me deixou preso por muito tempo, minhas habilidades químicas estão um tanto... Enferrujadas, sabe?
Com os olhos fechados, respirei fundo antes de encará-lo, olhar para Liam me dava nojo e me enchia de vontade de vomitar, além da raiva que aquecia meu corpo em milésimos.
— Não sou eu a culpada de você ter ido preso.
— Claro que é, eu sempre quis o seu bem — Liam puxou uma cadeira de plástico que estava fora do meu alcance de visão e se sentou em minha frente.
— Você matou os meus pais e meu irmão! — gritei, tentando de maneira falha me soltar da cadeira e avançar sobre ele.
— Ah Maddie — ele sorriu enquanto deslizava as mãos pelas coxas, encostando-se no encosto da cadeira — Você também me machucou, estamos quites, não pode mais usar essa desculpa.
— Te machuquei? — soltei um riso nervoso.
— Eu sei de tudo o quê você fez Madeline, e mesmo tendo uma memória incrível, você nunca notou que nunca terminamos nosso namoro — VanKirk esticou a mão e tocou meu rosto, acariciando-o com o polegar.
Nunca dizemos em voz alta que acabou, mas na minha opinião, ele ter destruído a minha vida já era um término bem autoexplicativo.
— Você também já matou pessoas, mas este não é o caso — ele enfiou a mão no bolso, retirando de lá uma das armas dos crimes recentes, o canivete — Primeiro foi para Montego Bay e beijou um estranho...
Conforme Liam começou a falar, ele apertou a trava do canivete que levantou a lâmina brilhante. À essa altura eu já suava frio e sentia minhas roupas grudarem em minha pele, mas me esforcei o máximo para controlar minha linguagem corporal.
— Como sabe que fui para a Jamaica?
— Tenho amigos que fizeram um ótimo trabalho. Sua ficha do FBI foi útil para me dar seu novo endereço, mas não fiquei feliz com as informações que aquele lugar me trouxe — negou com a cabeça — Almoços e jantares, beijos no corredor durante a madrugada... Teve até um caso no qual você levou uma surra para proteger o seu amante — pronunciou a última frase com sarcasmo.
— Ele não é meu amante.
— Não me interrompa — Liam reclamou, deslizando a lâmina do canivete em minha calça, rasgando o tecido e expondo parte de minha coxa — Também já dormiu com ele — de maneira bizarra, o rosto de Liam ficava cada vez mais vermelho, assim como seus olhos que brilhavam como se estivesse prestes à chorar — Mas nada foi pior do que vê-la dançando com ele e ganhando isto.
Ainda usando o canivete, ele deslizou a lâmina até meu pescoço. Ao alcançar o colar que Spencer me deu, usando o objeto cortante, ele arrebentou a corrente e o lançou ao longe, então foram os meus olhos que se encheram de lágrimas.
— Porquê não eu? — ele gritou — Porque quando eu quis me casar, você me negou? E com tanta facilidade o aceitou?
— Porque eu sabia que você pretendia fazer algo ruim aquele dia! — confessei, sentindo as lágrimas correrem por meu rosto — Eu vi a arma na sua bolsa! Você nunca teve Síndrome de Capgrass, sei que foi sua mãe quem subornou cada funcionário para te dar um laudo e diminuir sua pena, seu desgraçado! Mas não vou mentir, eu me agarrei a cada hipótese torcendo que fosse verdade, esperava que você tivesse desenvolvido a síndrome em uma categoria menos agressiva.
Spencer Reid P.O.V
Perdi a conta de quantas vezes encarei o distintivo de Madeline esperando que ela aparecesse ao meu lado com o copo de meio litro de café no qual ela bebia em segundos.
— Spence — J.J se sentou ao meu lado — Você precisa descansar um pouco.
Antes que eu pudesse responder, Penélope surgiu na porta da sala de conferência. Permanecíamos ilhados em Omaha, procurando pistas de onde Liam poderia ter levado Madeline e eu sabia que Garcia ao saber do ocorrido deve ter entrado no jato para cá sem mesmo Hotch ter cogitado chama-la.
— Vocês já sabem onde ela está? — a loira largou o notebook que tinha em mãos sobre a mesa sem muito cuidado e se sentou ao lado de J.J.
— Não — respondi cansado.
— Precisam encontrar ela — Penélope retirou os óculos azuis que combinavam com todo o resto de suas roupas, estava chorando — Liam e Laura são bem piores do que imaginamos.
— Vou te pegar um pouco de chá — J.J se levantou.
— Chá? Porque chá? Madeline não está tomando chá.
— O quê quer dizer com eles serem bem piores do que imaginamos? — franzi meu cenho.
— Madeline estava estudando a síndrome de Capgrass a muito tempo, e bom, ela não consegue fazer nada sem escrever — percebi que Garcia ainda tinha um caderno em mãos — Eu não compreendo muito todas as anotações dela, mas pelo que entendi, Liam não possuí síndrome nenhuma.
Arranquei o caderno da mão de Penélope, mas logo murmurei um pedido de desculpas, começando a folhear rapidamente as anotações de Madeline, que mesmo algumas sendo bem desorganizadas e usando cada espaço em branco da página, consegui entender.
Ela estava estudando todas as áreas do Sistema Nervoso Central, além de diversas hipóteses de variação da síndrome de Capgrass.
— Ela nos ajuda até a distância — J.J sorriu enquanto esticava o pescoço para ler as anotações.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Beyond Borders • Criminal Minds
FanficMadeline Sawwer, uma das agentes mais geniais de toda a Interpol, recebe um convite para trabalhar na UAC, a Unidade de Análise Comportamental do FBI, e mesmo com uma pesada carga emocional proporcionada por seu passado turbulento nos Estados Unidos...