O inesperado

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Era tarde quando Gabriela chegou em casa, seus pais haviam acabado de jantar, estava frio e a cabeça dela não parava de repetir cenas assustadoras e ao mesmo tempo confusas em sua mente.
  Sem responder sua mãe, ela subiu as escadas sentou se sobre a cama, respirava fundo e se sentia vazia, tirou o celular da mochila com milhares de ligações de sua amiga, viu algumas mensagens, encostou a cabeça na parede e se afundou em choro e soluço, tentou abafar com a mão mas a dor era imensa sentia seu corpo quente,dolorido e seu coração batia descompensado, até que escuta um som oco vindo da porta.
-Gabriela, onde você estava? Sua mãe e eu te esperamos pro jantar, você não atendia ao telefone...
Aos poucos a voz de seu pai ia ficando mais alta e seus pensamentos foram dispersos. Sem saber oque responder ficou em silêncio tapando ainda mais forte a sua boca, pros seus gemidos não serem o suficiente pro seu pai arrombar a porta.
Gabriela sabia que seu pai era protetor e que ele acharia um jeito de invadir o quarto caso suspeitasse de algo, pensou mais um pouco em como responde lo até que...
-gab estou avisando, ou você me responde ou irei tirar o seu celular por tempo indeterminado.
-O-oi pai, eu acabei me atrasando porque sentei no parque pra ler um livro, me
Perdoe não atender é... é que, me distrai.
Olhando para o espelho a sua frente ela pode perceber, que sua saia estava rasgada e as meias cobertas por lama e sangue. Aos poucos escutou teu pai se afastando da porta, levantou se, esfregou o batom da boca e ficou se olhando por alguns segundos, seu estado era crítico, ela sabia que não podia contar a alguém embora precisasse, seus pais matariam ele, ele seria preso, ela não queria isto no fundo sabia que algo estava errado, acabava de ser violentada sexualmente e não agiu como uma pessoa normalmente agiria, os pensamentos eram incertos, as lembranças pairavam, tocava a sua boca sentia o sangue nela, sentia suas pernas moles e uma dor absurda, ela queria ter ódio, queria se sentir com raiva, mas não, a cada pequeno flash de memória do homem, seu coração acelerava e não de uma forma ruim ou traumática, um sentimento estava acontecendo ela queria que parasse, não podia estar normal.
  Em um pequeno segundo ela se ve novamente no espelho entende oque aconteceu. Tira suas roupas e ve seu corpo nu coberto de hematomas, havia corte e mordidas em sua barriga, virilha, costas, ombro, pescoço e tornozelos, o sangue seco entre as coxas, o cabelo emaranhado, como ela passaria despercebida por seus familiares?
  Abriu a mochila e encontrou uma fita adesiva coberta de lama, teria o abusador deixado ali? Logo ela pensa o quão burro ele seria se deixasse em sua mochila algo que poderia leva lo direto pra cadeia. Jogou a fita pela janela, se vira para o guarda roupa e pega uma toalha velha, joga removedor de maquiagem nela e
Começa a limpar o seu corpo.
Era uma dor infernal, mas se ela não se limpasse não tinha como ir ao banheiro que ficava no andar de baixo, sua cabeça começou a girar e antes que ela pudesse se sentar caiu no chão fazendo um barulho alto mas não o suficiente pros seus pais escutarem. Sem forças decidiu ficar ali e aos poucos seus olhos foram se fechando.

  No outro dia Gabriela acorda no chão, com a toalha ainda sobre a sua mão, tenta se levantar e sente a cabeça doer, sabe que em alguns minutos sua mãe baterá na porta para que ela vá a escola. Fixa os olhos na janela e ve que esta um clima cinza e com ventos fortes, era julho inverno. Fazendo um pouco mais de força ela se levanta percebendo que dormiu nua, com a mesma toalha que se limpou ela se enrola abre a porta da uma espiada no corredor e desce as escadas a todo vapor.
Sua mãe estava no quarto e seu pai na lavanderia pegando uma roupa pra ir ao trabalho, Gabriela sentiu alivio de não esbarrar em alguém e ter que explicar seus hematomas. No banheiro ela liga a água no mais frio possível, queria tirar qualquer lembrança da noite anterior, o frio amenizaria a dor e por consequência as lembranças sumiriam.
   Enquanto a água batia sobre seu corpo, ela achava um jeito de entender o porque aquilo havia acontecido com ela, tentava buscar respostas na sua mente, mas o rosto do rapaz, a boca dele, o jeito que ele a estuprou nada disso saia da sua cabeça, ela tocava os lábios frequentemente imaginando os lábios dele.       Não foi romântico e tão pouco prazeroso, mas ela sentia algo crescer, sentia que não era comum sabia que ela estava com problemas sérios. "Como uma pessoa pode sentir desejo e empatia por aquele que a molestou?" Isso não parava de atormenta la, desligou o chuveiro se enrolou na toalha, escovou os dentes com o corpo tremendo a água gelada e o frio estava fazendo com que ela mau conseguisse segurar a escova de dente, ao terminar abriu a porta espiou, viu sua mae na cozinha sem sinal do seu pai, respirou fundo e correu para as escadas, em seu quarto escolheu a roupa mais fechada que conseguiu, sua sorte era que estava um vento bem gelado la
Fora então não seria estranho sair toda tampada. Sem responder sua mãe ela sai porta a fora, arruma o fone de ouvido coloca uma
Música aleatoria, puxa seu casaco fazendo com que tampe seus dedos e segue o caminho pra escola.
O vento batia em sua pele tirando pequenos suspiros, não havia sol e poucos carros passavam na rua, Gabriela de longe ve sua amiga aos gritos correndo em direção a ela, antes que ela pudesse dar meia volta a garota chega aos tapas fazendo Gabriela se retorcer de dor por seu corpo estar todo ferrado.
-Gab! Por que Diabos você não atendeu ao meu telefone? Eu te liguei várias vezes, sua mãe foi até a minha casa...
A voz de Lucia a deixava enjoada, sua cabeça parecia que ia explodir, só queria sair dali o mais rápido possível, mas sabia que seria inútil se não desse uma boa desculpa por não ter atendido o telefone.
-Lucia, eu não atendi porque estava com um rapaz...
Antes que ela pudesse terminar:
-Você me chamou de Lucia? E espera que rapaz é este que você não podia ao menos me
Dizer que estava bem!?
-Lucia é o seu nome não é?
-Olha Gabriela é! Mas, você nunca me chamou assim a menos que algo de ruim esteja acontecendo, e pelo que eu sei não brigamos, então você pode por favor me explicar oque aconteceu com você?
Ela sabia que nada doque ela disse se, acalmaria sua melhor amiga afinal elas se conheciam desde a infância. Sem saber oque responder tentou com a voz trêmula de frio e agonia fazer lucia parar de fazer perguntas:
-Lu, olha eu estou com frio sai tão depressa de casa que nem pude comer, prometo que depois da aula te conto tudo, e me perdoe não te atender eu só não pude.
  Lucia passou os braços sobre os de Gabriela, sem responder nada so concordou com a cabeça.
Chegando na escola, gab se afastou de sua amiga, foi até a sua sala deixou seu material sobre a mesa, sentou se abaixou a cabeça e exausta acabou dormindo, o chão duro de seu quarto não havia deixado ela dormir como deveria, mesmo com todo o barulho dos alunos gab nem se movia.

***

Entre ele e o caosOnde histórias criam vida. Descubra agora