04:55

34 6 0
                                    

  04:55 da manhã, Gabriela acorda com dois barulhos altos vindo de sua janela, joga as pernas para o lado esquerdo esfregando os olhos na tentativa de expulsar o sono, o barulho ecoa novamente e ela escuta alguém sussurrar seu nome não podia conhecer a voz estava muito baixo, procurando o celular no meio da cama tateia cada cantinho o encontrando embaixo do travesseiro, ela tinha mania de dormir com o celular na cama.
  Não ve nenhuma mensagem e novamente alguém bate na janela tirando completamente a dúvida de que estivesse alguém ali atrás de Gabriela, ela se levanta e abre a janela quase derrubando Bianca, sim a menina que filmou ela e Samuel na piscina e que fornecia drogas em suas festas.
-Bianca?
Gabriela olha a garota que parecia apavorada.
Que assim que ela abre a janela entra como uma flecha para dentro do quarto de Gabriela, fechando a janela e sentado sobre a cama.
Bianca estava com marcas de sangue na blusa e a maquiagem borrada, seus olhos estavam perdidos e as mãos tremiam como bambus em temporal.
-Gab, eu estou com tanto medo.
-Oque aconteceu? Espera o dia esta clareando, como você conseguiu chegar aqui nesse estado?
-Eu não sabia para onde ir, pensei em ir na delegacia mas não posso.
Nesse momento passou uma única coisa na cabeça de Gabriela, se Bianca estava assustada, suja e não conseguia ir a delegacia algo de errado havia acontecido temia ser o mesmo que ela passou.
-Bia só respira e fica calma, preciso saber oque aconteceu pra te ajudar.
  Bianca se levanta tirando a blusa e mostrando várias marcas em seu corpo, com as mãos no rosto começa a limpar as lágrimas que manchavam ainda mais o rímel que ela havia passado horas atrás.
-Você sabe que eu vendo drogas, e-e-eu liguei pro meu fornecedor hoje pela manhã e pedi pra que ele viesse com mais produtos. Eu estava com a grana, mas fui roubada e quando ele chegou lá eu não estava com o dinheiro e-e ele começou a quebrar tudo, eu tentei correr...
-Calma Bia. Mas oque ele fez com você?
-Disse que eu tinha que pagar e me sentou no sofá me entregando um telefone, pediu pra mim ligar pro Leon e pedir desculpas que eu não estava com a grana e que ia dar um jeito, ele fez eu tirar a blusa e em seguida ligou uma câmera.
Bianca tremia muito a sua boca batia dente com dente como se ela estivesse com muito frio, o suor ainda escorria em suas costas descendo junto com o sangue seco que estava grudado em sua pele perto de várias feridas, que pareciam serem feitas com corda de chave.
-Porque não foi até a polícia?
-Simples Gab eu forneço drogas como ia explicar traficantes em minha casa?
  -Me conta oque mais ele fez com você?
-Após ligar a câmera começou com uma das mãos me bater com um cinto de couro, resultado dessas marcas, e dizia que era isso que acontecia com quem roubasse dele, d-depois o homem que eu falava no celular começou a me chingar, e pedia pra mim tirar o sutiã que ele estava vendo tudo ao vivo.
  Eu não sabia oque fazer e então corri.
-Espera se ele foi lá no período da manhã como você chegou aqui só agora?
-Eu corri mas não foi o suficiente e então ele me bateu mais ainda, e tentou me estuprar. Só que eu fingi que havia desmaiado e ele desistiu, depois ele começou a olhar toda minha casa e levou algumas jóias dos meus pais, eu continuei no chão até agora. Quando ele saiu me chutando e logo que vi ele saindo corri pra ca.
Gabriela ainda em choque levanta do lado de Bianca e tenta achar um jeito de acalma la. Era difícil nem ela conseguia se acalmar, olhando para a janela e vendo que o sol ja havia surgido decidiu procurar umas roupas e limpar Bianca antes de sua mãe acordar, ela já havia feito isso com ela própria menos com outra pessoa. Não pensou em mandar Bianca embora, sabia o risco que ela ainda corria.
-Você precisa de um banho antes da minha mãe acordar, tudo bem?
-S-sim.
Bianca ainda esfregava o rosto como se alguma coisa estivesse grudado nele, uma menina tão linda que naquele momento estava destruída.
  Quem sabe depois dessa ela parasse de fazer bobagem, mexer com gente perigosa não tinha como dar certo.
  Gabriela então tira uma calça de moletom preta do guarda-roupa e uma t shirt azul marinho lisa. Leva Bianca para o banheiro espiando a porta do quarto de sua mãe, como ela havia saído a noite passada não iria acordar tão cedo, enquanto levava Bianca pelo corredor lembrou que foi exatamente assim que ela correu escondida para o banheiro com o corpo inteiramente marcado, era o mesmo teria que esconder as marcas no corpo de sua amiga. A cena se repetiu e dessa vez ela estava participando. Colocando Bia no banheiro ela a ajuda a tirar seu short e observa as pernas dela tremendo e também cheio de hematomas. A amiga apanhou bastante, uma pena soa sobre o corpo de Gabriela fazendo duas gotas de lágrimas escorrerem sobre seu rosto, neste momento Bianca teve sorte de poder contar com alguém, alguém que não queria nada em troca apenas ajudar.
-Bia, vou ficar aqui até você terminar, recomendo que não ligue a água no quente porque a dor vai ser maior, coloca no gelado.
-Tudo bem, não sei como agradecer.
-Só fica tranquila tudo vai dar certo.
Escutando o barulho da água bater no corpo de Bianca e os gemidos que ela soltava, fazia Gabriela se sentir enjoada, era como se pudesse sentir tudo oque ela estava sentindo, claro que ela não foi espancada mas por parte seu corpo ficou todo ferrado, tanto quanto o dela. Se ela soubesse a marca que isso vai deixar em sua vida.
   Bianca então sai do chuveiro, se enrolando na toalha e Gabriela espia a porta para tirar ela dali. As duas sobem as escadas como se estivesse se escondendo de alguém e na verdade estavam, no quarto Gabriela fica de costas até ela se vestir, a calça de moletom havia ficado um pouco larga, Bia era mais magra que Gabriela, mas isso não foi um problema tão grande.
   -Deita tenta dormir um pouco.
-E sua mãe?
-vou falar com ela assim que ela acordar.
-por favor não conte.
-Só vou falar que você estava com medo, fica tranquila tudo bem?
-Obrigada, me sinto com vergonha depois doque eu te fiz.
-É, você foi uma vaca. Mas, já passou.
-Obrigada pelo elogio. Ai que dor.
-Vou esperar minha mãe sair pra trabalhar e arrumo uns remédios pra você. Agora durma.

Gabriela fecha a cortina da janela e apaga a luz, deixando Bianca a vontade pra dormir. Ela havia dormido praticamente o dia todo no dia anterior não estava mais com sono, desce até a cozinha e prepara o café da manhã, sua mãe em menos de uma hora já estava de pé.
-Acordou cedo hoje filha. Bom dia.
-Bom dia mãe, estou sem sono.
-Percebi dormiu cedo. Obrigada pelo café hoje, podia ser assim todos os dias.
-Não se acostume.
-Bem que eu queria.
-Mãe- diz Gab indo em direção a Monique segurando seus ombros por trás e massageando- saiu ontem com o cara que me disse?
-Está curiosa dona Gabriela? Como é bom a sua massagem.
-Não mude de assunto, e sim estou curiosa.
-Sai sim, mas não foi com o cara que eu te contei, na verdade é um segredo.
-Depois me fala que não querem você.
Monique se vira para a filha tirando as mãos dela de suas costas.
-Ele é um dos meus sócios, a gente já ficou no passado antes do seu pai.
-E? Me conte mais, saiu com ele pra onde foram?
-Fomos pra casa dele, filha ele é um anjo. Mas muito criança pela idade.
-Mãe lembra é só um lance.
-Ou uma foda?
Gabriela solta gritos altos com o que a mãe disse, as duas comem e em seguida Monique sai para o trabalho, Gabriela preferiu contar de Bianca quando ela retornar, sentou se sobre o sofá quando uma mensagem chega em seu celular, ela não podia acreditar era de Marcos.

   Precisamos conversar me liga assim que puder.
  Marcos.

***

Entre ele e o caosOnde histórias criam vida. Descubra agora