Enjoada

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    Monique estava enviando alguns projetos por e-mail para um de seus sócios, Betto estava ao lado ajudando, embora estivesse de dia o tempo estava escuro, um vento gelado corria pelos corredores, causando calafrios dolorosos.
-Mãe, pai fizeram alguma coisa pro café da manhã?
Ela desce as escadas secando o cabelo, havia acabado de sair do banho.
-Tem panquecas e café, guardei as panquecas dentro da geladeira.
-Dentro da geladeira pai?
-Sim, para não estragar.
-O senhor é incrível.
  Gabriela abre a geladeira pegando o potinho onde estava as panquecas, colocou sobre a mesa e serviu um copo de café.
-Mãe, como está indo seu plano para a empresa?
-Ai filha, vendi mais uma parte e estou com menos que a metade. Por enquanto está indo bem, Marcos e Fernanda estão dando conta.
-Entendi, anda vendo o Marcos?
-Sim, inclusive o convidei para jantar aqui semana que vem.
Gabriela queimou a língua com o café quente.
-Mãe, ainda confia nesse cara?
-Ele está sendo uma mão na roda. Ajuda bastante, e é prestativo. Por falar nele dona Gabriela, ele andou perguntando da senhorita, aquele dia que ele te buscou no hospital teve mais alguma vez que se viram?
-Bom mãe, teve sim. Mas nada demais, me
Disse que ele era um cara legal e experimentei, juro ele não é nada doque pensei que fosse.
-Ele é um doce minha filha.
-Sim ele é.
Gabriela disse com tom de sarcasmo.
-Bom mãe, acho que irei sair hoje tudo bem?
-Mal chegou em casa, e já vai sair?
-Sim, pretendo ver Alicia.
-Espera, a irmã do Marcos?
-Sim, conheço ela a um tempo.
-Está mal contado essa história ai.
-Bom, eu nem sabia que ela era irmã dele.
Ela mente descaradamente.
-Tudo bem, pode sair desde que volte cedo.
-Mãe por favor né. Não sou criança.
-Tudo bem minha filha, só estou avisando.
-Pai?
-Só estou escutando, não me meta nisso ai.
Betto levanta tomando um gole do seu café e vai até a sala.
-Eu vou sair mãe e se eu dormir fora aviso, tudo bem?
-Ótimo.
Ela termina seu café e vai para a sala, sentar com seu pai e conversarem sobre tudo. Ele era amigável e confidente.
   Gabriela queria rever Marcos, precisava falar algo que estava a deixando perdida, não sabia como ele iria reagir mas precisava falar. Ela havia evitado contato com ele por algum
Tempo, na verdade desde o dia que saíram. Ele tentou conversar algumas vezes mas, como ela estava com Samuel e Lucia, evitava. Não queria que eles soubessem, embora sabia que tinha que falar com alguém sobre isso.
  A vida de Gabriela estava começando a desandar novamente, era como se o mundo parasse. Tudo culpa de um cara, um cara que desfez todos os sonhos que um dia ela teve. Por meses acreditou que não o amava, mas agora estava tendo dúvidas sobre isso, se ela realmente o odiasse como dizia, não teria feito oque fez, talvez ela so quisesse colocar a culpa do seu problema em alguém.
   Alicia contou para Gabriela por telefone que, Marcos estava enlouquecido, bebia bastante e só falava dela, também contou que a mãe dele havia se matado porque não suportava olhar o filho por se lembrar de seu agressor. Marcos era filho de um estuprador e ele a estuprou. Mas diferente da mãe dele ela sentia vontade de tê-lo, ela teve.
   Sobre Samuel, ela jogava todo o tipo de coisa boa em cima dele na tentativa de tirar Marcos da cabeça, colocava as coisas ruins dele acima de qualquer outra coisa. Era difícil aceitar que ela amava um estuprador, não era assim do dia para a noite que ela iria colocar isso em sua vida, então negou. Negou todo esse tempo, mas não podia mais negar, estava passando mau por duas semanas, não conseguia comer muita coisa e ao escovar os dentes se sentia enjoada. Ela sabia oque era, embora tentasse esconder, precisava contar a Marcos.
-Filha está bem? Ficou branca.
-S-sim pai. Preciso subir, vou para o meu quarto.
-ok, qualquer coisa chama.
Gabriela subiu correndo as escadas, sentou sobre a janela, pegou o celular e telefonou para Marcos.

-Alô, Gabriela decidiu me ligar?
-Marcos, tem um minuto?
-Sim, já dispensei Fernanda assim que vi seu nome na tela do celular.
-Entendi, bom... eu não sei como dizer isso.
-Fala Gabriela está me deixando preocupado.
-Melhor pessoalmente, podemos nos ver?
-Hoje?
-Sim, preciso te contar uma coisa e por telefone é muito infantil.
-Tudo bem, as nove?
-Pode ser, me busca na praça que tem
Próximo a minha casa?
-Porquê não na sua casa?
-Não quero que meus pais vejam.
-Se for assim, tudo bem.
-Ótimo. Te aguardo.
-Ok, beijos.
-Beijos.
Com o celular entre o queixo uma onda de desespero começa a surgir, as lágrimas que a dias não caia sobre seu rosto, resolveu dar as caras, como podia estar acontecendo isso?
  Ela parecia que ia morrer, angústia no peito, dor nos ossos, enjoo.

Faltavam trinta minutos paras as nove, Gabriela já estava pronta. Decidiu ir para a praça mais cedo, a ansiedade tomava conta, era difícil conter a palpitação. Sentada entre os bancos velhos, segurava a barriga na esperança daquilo ser a porta para a sua felicidade.

***

Entre ele e o caosOnde histórias criam vida. Descubra agora