O passado

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    Gabriela não podia acreditar na pergunta que Marcos havia feito no dia anterior, como ele ousou perguntar se ela estava com saudade? As horas não passavam, o som do relógio que havia na parede da cozinha parecia que entrava dentro de sua cabeça, o corpo suando como se estivesse em uma sauna.
     Ela estava incrédula depois da conversa que teve com ele, o susto foi tão grande que ela sentiu que morreria sem conseguir trazer ar para os pulmões.
     Ele trabalhava para a sua mãe, ele estava tão próximo dela quanto ela estava dele, como ele chegou a esse ponto? Como sua mãe confia em uma pessoa que mau conhece? Ela sabe oque ele fez com a filha dela? Gabriela esperava impaciente a noite chegar, tinha que ir ver Bianca e confirmar que seus pais haviam chegado, mas antes disso ela queria encontrar com Alicia, queria perguntar o máximo de coisas possíveis sobre Marcos, não sabia como mas sabia que precisava.
    Impaciente ela decide ir antes da hora, deixou a chave de sua casa embaixo do tapete das portas do fundo, costumava deixar ali quando sua mãe se esquecia de levar a chave extra. Depois do passeio nada animador com Marcos, ela estava com medo, não podia acreditar que ele não tinha conhecimento que sua mãe era a chefe. Tudo parecia estar embaralhado na cabeça de Gabriela. Ele estava sim a perseguindo e ele iria tentar de novo.
   O sexo entre os dois ela não podia negar a si, ela se entregou da última vez e não foi forçado. Mas ela não queria de forma alguma que aquilo fosse piorar as coisas, o sentimento que ela tinha era nítido mas não passava de um desejo, um desejo infantil, quem sabe? Seus pensamentos estavam confusos, a verdade era que a pergunta que Marcos fez bagunçou toda a sua cabeça.
-Ei Garota toma cuidado!
Um homem passou buzinando a moto quase em cima dela, os pensamentos foram dispersos.
-Desculpa.
Disse mas o homem já havia sumido entre uma curva. Continua andando com a cabeça baixa na esperança da confusão de sua mente a deixar em paz por algum momento.
  -Gabs?
Uma voz conhecida ecoa atrás de suas costas, a fazendo virar se para olhar quem é.
-Samuel, oque faz aqui?
Gabriela não estava tão longe de sua casa, embora para ela parecia que havia andado quilômetros.
-Eu estou indo na casa de Lucia, ela me chamou pra irmos ver Bianca, você não vai?
-Vou, mas primeiro tenho que resolver umas coisas.
  Com as mãos nos bolsos ela retorna a olhar para frente e ir sentido a casa de Alicia.
-Me desculpa falar com você daquele jeito no hospital.
-Tudo bem.
Samuel insistia em puxar assunto, continuava a andar ao lado de Gabriela.
-Seus passos estão longos. Mesmo eu sendo muito mais alto que você. (Risos)
-Samuel, eu não estou bem se quer me acompanhar falaremos de coisas boas tudo bem?
-Ótimo. Como sabe que quero te acompanhar?
-A rua da casa de Luci ficou para trás.
Samuel olha para trás com a mão na boca fingindo surpresa.
-Você me pegou, eu estou preocupado com você. Andando desse jeito, quando você está assim é porquê alguma coisa aconteceu, queria poder ajudar, tentar concertar oque te fiz.
Gabriela para encarando Samuel que para logo em seguida, ele franzi as sobrancelhas implorando para que ela aceite.
-Samuel, eu não tenho que perdoar você, só me disse oque eu merecia ouvir, sei que por dias fui errada com você.
-Vai começar a falar coisas como se eu fosse um coitado.
Gabriela puxa a toca e continua andando novamente, o dia era de chuva e o vento estava gelado, raramente tinha dias de sol.
-Vai comigo? apresse esses passos, sei que se eu falar pra você não ir não vai adiantar nada.
-Não mesmo, não nesse estado. Está visível o quanto você está perturbada hoje.
   Andaram por mais alguns metros e chegaram na rua da casa de Alicia, Gabriela não sabia como despachar Samuel, e não sabia como conversar com Alicia. Só precisava, queria perguntar algumas coisas. Samuel certamente iria depois questionar tudo, ele não sabe de nada, não conhece ao Marcos muito menos a Alicia, mas naquele momento tê-lo ali com ela trazia segurança, não sabia mais nada e deixar se balançar novamente por Marcos não estava em seus planos.
  -Sam, chegamos. Mas antes de entrar quero falar para você não falar nada e ficar quieto. Não sei se vou conseguir algo hoje mas para mim é de extrema importância.
-Gabs, eu vou entrar mudo e sair calado.
-Por favor.
Gabriela para sobre a porta de Alicia e bate três vezes. Demora um pouco mas um grito agudo soa de dentro, ela estava vindo.
    -Oi, te esperava mas não agora.
Alicia usava uma bermuda aveludada preta e uma blusa de manga longa branca, realmente não esperava visitas, ainda mais de um homem.
-Esta só?
-No momento sim Marcos foi ao trabalho.
Sem disfarçar Alicia olhava a Samuel dos pés a cabeça o fazendo se sentir desconfortável.
-Prazer sou Samuel, amigo de infância de Gabriela.
Alicia aperta as mãos dele e continua parada olhando para Gabriela, sem entender muito o motivo dela estar ali. Não aquela hora.
-Prazer, sou Alicia amiga recente de Gab. Entrem está frio e parece que logo vai chover.
Entraram e se sentaram sobre o sofá, Alicia foi buscar algo para beberem e Samuel fitava Gabriela esperando uma resposta do motivo de estarem ali, percebendo que ele estava desconfortável ela se aproxima e coloca as mãos sobre as coxas dele, dando um sorriso logo em seguida.
  -Bom meninos só estou com café espero que gostem.
-Sim. Ali sei que eu falei que viria ao anoitecer mas estou ansiosa.
-Gabriela, eu quem estou ansiosa acha que não vi? Estava enlouquecida para falar com você antes de perguntar para meu irmão ele é surtado iria me xingar...
-Viu? Viu oque Gabriela?
Gabriela e Alicia olharam sério para Samuel.
-Ele é seu namorado Gab? Se for perdão.
-Não. E ele prometeu ficar quieto.
Gabriela o olhava com desconforto, parecia implorar para que ele ficasse quieto, ele se acomodou no sofá e olhou para as paredes.
-Ali, eu sai correndo aquele dia e me esqueci completamente de você. Sobre isso que quero falar, sobre seu irmão.
-Bom, eu não falei nada com ele sabe, ele iria mesmo me xingar.
-Alicia, preciso saber sobre ele. Como ele é com você?
-Um amor. Embora eu seja a irmã mais velha ele quem me criou.
-Te criou?
-Sim, bom é bem pessoal na verdade ele odeia que falo sobre isso com alguém, mas confio em você. Eu superei isso mas, ele não.
Os olhos de Samuel eram confusos tentava entender oque estava acontecendo ali, mas preferiu continuar quieto.
-Oque ele esconde?
-Bom, somos irmãos por parte de mãe. Meu pai é outro que eu não conheço, e o pai de Marcos eu tive o desprazer de conhecer, nossa mãe se matou logo que ele nasceu...
-Oi? Que situação difícil, eu não sabia...
-Não tenha pena, e nem você Samuel né? Nem você. Eu cuidei dele e depois ele quem cuidou de mim, não precisamos dos nossos pais, nos viramos sozinhos e hoje eu sinto que Marcos não superou. Ele olha a foto de nossa mãe o tempo inteiro, e sempre pego ele chorando.
-Eu não podia imaginar mesmo. Me desculpa Alicia mas tenho que ir, eu não estou passando muito bem.
Gabriela se levanta abruptamente, olha pelos lados e tenta achar um ponto fixo para olhar que não seja Alicia, nesse momento ela estava com vergonha não sabia como encara la de frente. Mesmo ela não sendo culpada de nada que Marcos fez com ela, naquele instante ela se sentia. Era como se um balde de água fria estivesse caído sobre sua cabeça, Alicia a olhava assustada, quando uma porta abre atrás deles.

-Mark, chegou cedo.
-Oque ela está fazendo aqui?

***

Entre ele e o caosOnde histórias criam vida. Descubra agora