Esquecendo um pouco

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Gabriela limpou todos os resíduos do vazo que quebrou, deu uma geral na casa e sabia que faltava poucos minutos para seus pais chegarem.
Correu para a cozinha e pensou em preparar um bolo de cenoura que ela sempre fazia quando era mais nova, enquanto preparava o bolo sua mente estava confusa, ela sabia que precisava de ajuda ela não estava bem. Em nenhum minuto pensou no mal que causou a Samuel em ter tentado contar a ele, pelo menos ele não entendeu muito bem e pensou que ela estava o torturando, sendo sádica, Gabriela estava passando por um verdadeiro caos. Tudo nela estava sendo afetado, amigos, vida social, família, escola e psicológico. Quando Viu Samuel daquele jeito pensou que suportaria sozinha, mas... percebeu que só se sentiu mais cheia de problemas. Ela queria que tudo tivesse voltado ao normal, pensou que se tivesse avisado as autoridades hoje ela estaria bem, pensou que se contasse aos seus pais a dor diminuiria, ela só não conseguia. Seus músculos se contraiam sempre que ela pensava no que aconteceu. "Porra! Ja se foram dias e eu estou parada nessa merda de tempo, aquele idiota precisava fazer oque fez? Eu sou uma idiota, porquê eu sou tão idiota?" Sem que percebesse todo o liquido que estava no liquidificador se esparramou pela cozinha.
-Droga!
Disse ela com as mãos na testa.
Jogou o resto da massa no lixo, colocou agua no liquidificador e limpou os resíduos no chão. Um barulho soa da sala, sua mãe com o telefone como sempre falando de trabalho.
-Oi meu bem cheguei, só um minuto ja te dou uma atenção. não era só minha filha...
-Ok, boa noite pra você também.
Que ótimo nunca presta a atenção.
Lava o liquidificador e sobe as escadas, sua janela estava aberta ela vai ate ela, olha pra casa de Samuel e percebe que ele estava arrumando uma mala, pensou seriamente em ir até lá. Desisti e uma onda de culpa passa por ela, tão incontrolável que faz com que ela quase vomite. Sabe que as coisas estão indo de mal a pior.
-Lucia! Oque será que ela esta fazendo? Deixa, ela deve estar bem brava pra me atender agora. Mas que inferno to falando sozinha, olha buggle estou falando sozinha.
Ela olha pra um urso de pelúcia antigo que estava sobre a cama.
-Buggle, acha que eu conto para os meus pais? Você concorda com isso?... não? Mas porquê?...
seu telefone toca tão alto fazendo que Gabriela quase caia da janela.
-Alô?
-Oi, gabisinha então sei que desde a festa não nos falamos mais, to com coisinhas novas aqui, se quiser vir buscar, por conta do transtorno que te causei, te dou de presente não precisa pagar nada...
-Bianca? Como você tem coragem de me ligar depois daquele vídeo idiota da piscina?
-Gata não me culpe graças a ele Samuca ganhou fans.
-Bianca você é uma pessoa muito suja.
-Suja? Eu só... ai cala boca, vai querer?
-Aonde está?
-To em casa, sabe onde fica? Ah claro que sabe pelo menos até a piscina você chega.
-Eu te odeio. Você sabe disso não sabe?
-Todo mundo me odeia benzinho. Só deixa eu te falar, chama a Lucia ela ta me devendo e eu não to afim de ligar pra ela.
-Não sei da Lucia.
-Enfim te espero. Ah, só porque disse que me odeia vai ter que pagar pelo menos pelo chá.
-Eu te odeio!
-Obrigada. Vem ou não?
-Em 40 minutos eu chego.
-Beijo H2O
-H2O?
-Esquece...

Gabriela desliga o telefone, da um sorriso tão maldoso "um pega no meio desse turbilhão de problemas não vai ser problema não é buggle"
Sai da janela, pensa em que roupa vestir e decide ir do mesmo jeito que estava, um casaco surrado, uma calça jeans velha e um tênis branco embarrado. Ao descer as escadas sua mãe na sala diz:

-Finalmente vai sair de casa...
-Mãe não enche. Cadê o pai?
-Deve estar por ai, alias ele não para mais em casa
-Deve estar cansado de você.
-Ou de você.
-Uau, mais um não faz tanta diferença. Estou indo se eu não voltar é porque morri.
-Ja te falaram do seu humor?
-O tempo todo.

Ao sair Gabriela bate a porta. Decide fazer um caminho diferente, com o fone escondido na toca respira fundo e começa a caminhar, depois doque aconteceu ela não havia mais saído a noite de sua casa o frio na espinha ainda acontecia. O nó na garganta parecia engasga la, o vento no rosto trazia gritos em sua direção. "Meu Deus me proteja" Não percebe muitos carros, e poucas casas estavam com a luz acesa, o clima era frio com ventos gelados, a lua não aparecia estava nublado, o asfalto molhado de sereno, os postes pareciam ter sido esquecidos piscavam o tempo todo, um casal do outro lado da calçada parecia não se importar com a falta de privacidade e a menina estava praticamente em cima do garoto. Um nó de repulsa sobe em Gabriela, "os adolescentes são bizarros" ao chegar em uma rua completamente escura Gabriela decide ligar a lanterna do celular, um carro passa quase arrastando ela junto, estava próxima a casa de Bianca e teve a sensação de ver um homem segurando uma faca no peito, não quis olhar fixo a ele por medo de ser um louco, mas a silhueta era parecida. Pensou que estava surtando e vai o mais rapido possível a casa de Bianca.
Sua casa não havia muros, era imensa dona das melhores festas, ficava umas 10 quadras de onde morava um pouco longe, mas dava pra ir a pé. Antes que ela toque a campainha Bianca ja estava na janela, pediu pra ela entrar a porta estava aberta, subindo as escadas não pode deixar de perceber o quão grande era aquela casa sem pessoas dentro dela.

-Oi benzinho.
-Oi. Será que antes de tudo pode me explicar o porque me chamou de H2O?
-Burrinha, mas oque houve com você? Ques trapos são esses? Está passando por necessidade?
-Não Bianca você só não é especial o bastante pra me fazer se arrumar.
-Até te daria um beijo, mas esquece.
-Pode me dar oque me prometeu?
-Está apurada, tenho coisas novas mas antes preciso mesmo que você telefone pra Lucia.
-Ja disse eu não sei dela.
-Oque aconteceu com as irmãs?
-Só demos um tempo.
-Vocês estavam trepando? Era o trio?
-Serio não sei por que eu estou aqui.
-Relaxa eu super acho sexy
-Bianca! Eu não trepava com ela, só discutimos.
-Com o Samuel não pode dizer o mesmo né?
-Porque? Vai por quê?
-Toma aqui, oque te prometi, se quiser usar aqui tudo bem, não sou tão ruim assim.
-Você não é ruim?
-Não. Vem me faz cia estou tão só.
-Tudo bem.
-Só não comenta que veio aqui, sabe.
-E porque eu comentaria? Você gravou eu mamando o Samuel, me ameaçou por dias. Sua sorte é que conseguiu dar fim no vídeo
-Não dei fim totalmente nele, vai que eu preciso.
-Você é o diabo garota!
-Obrigada.
-posso usar aqui?
-Tudo bem benzinho, assim me faz cia.
-Ok.

  Gabriela usou tanto que mal conseguia ficar em pé, seu corpo estava extasiado, seu coração batia rápido mas não era por lembranças ruins, ela sabia que estava ali pra esquecer algo e esqueceu. Estava leve, ela e Bianca dançaram na sala toda e nem música estava tocando, Bianca tirou as roupas fazendo Gabriela tirar também, não fizeram nada só queriam se sentir livre. Ali ficaram por horas ate caírem em um sono pesado. As roupas estavam próximas, não havia problema os pais de Bianca Quase nunca estavam lá, os empregados estavam de folga literalmente elas estavam livres.

Ao amanhecer, a dor de cabeça da Gabriela era terrível percebeu que estava nua, passou a mão sobre o peito e sem que pudesse se lembrar caiu na risada. Bianca ja havia levantado mas ainda andava nua pela casa, gritando "Liberdade a todos os jovens" Gabriela ria tão alto que sua barriga doía. Então se vestiu e pediu pra Bianca levar ela pra casa, assim seus pais não brigariam com ela.

No caminho o vento do carro batia sobre seu cabelo por dias ela não se sentia normal, se sentia viva e sem memórias ruins, por enquanto.

***

Entre ele e o caosOnde histórias criam vida. Descubra agora