Até logo

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  Lucia estava com o rosto corado, haviam feito uma surpresa para ela no aeroporto, com balões, cartazes e muitas pessoas ao redor, os pais de Luci estavam usando um terno preto, e choravam como crianças. Gabriela estava ao fundo mexendo impaciente no zíper de seu casaco, queria correr e abraçar a Lucia mas, a dor da despedida estava invadindo fortemente seu coração.
  -Gabs, vai até ela.
Samuel era doce e fazia Gabriela se sentir ainda mais desconfortável com a situação toda.
-Sam, não sei se devo, eu já estou aqui...
-Bom, ela te viu melhor se recompor, vou deixar vocês e se precisar me chama.
Samuel se retirou tocando os ombros de Gabriela, e Lucia vinha com os olhos aguados, tão durona e nesse instante estava tão frágil.
-Oi Gab, queria poder ter te avisado antes, espero que isso não te afaste ainda mais.
Gabriela não conteve as lágrimas, o choro foi mútuo e contagioso as duas se abraçaram por longos minutos, ao fundo algumas pessoas bateram palmas, comemorando a amizade.
-Luci, eu não posso acreditar que você já está indo.
Gabriela solta a amiga dando alguns passos para trás, limpando os olhos.
-Vou te aguardar cheirinho, meus pais conseguiram um apartamento magnífico, fica a dois quarteirões da faculdade, não vou ficar sozinha conversei com os tios de Bia e ela vai ficar comigo lá.
-Você odeia a Bianca.
-Mas, terei que me acostumar com ela por lá, sabe ela tem um ar que vai nos dar popularidade.
   Sorriram e novamente se abraçam.
-Acha que ela vai te dar popularidade?
-Sim, ela é durona e sarcástica, na faculdade isso vai ser útil. Mas e você Gab, oque pretende fazer?
-Bom, meus pais reataram vou resolver aquele problema, depois dele retomo a minha vida.
-Não sei se você precisa continuar com essa ideia. Ainda acho arriscado demais, você queria se formar, queria ser independente, a gente planejava morar juntas, retoma isso dentro de você...
-Lucia eu te amo, mas não posso desistir agora. Ele tomou a minha vida, agora vai ter que pagar.
-Você falando desse jeito, fico até com medo. Não vai fazer merda cheirinho, eu to torcendo por você.
-Eu também. Quero minha amiga logo.
-Já estou com saudades e nem sai daqui ainda.
Samuel estava conversando com os pais de Lucia, e uma garota desconhecida vem se despedir dela, o abraço foi curto e pareceu forçado.
-Quem era?
Gabriela não se conteve e perguntou.
-Prima do meu pai, ela é insuportável não sei oque está fazendo aqui.
-Percebi pelo modo que ela te abraçou, bem falsa.
-Bom daqui 30 minutos meu voo sai, tenho que dizer que eu não tive coragem de te avisar antes, se despedir é algo que eu odeio na verdade toda essa bagunça que fizeram aqui, eu odeio.
-Sim, sempre soube disso. Bom vamos nos ver logo eu prometo.
-Te amo, e cuide bem de Samuca.
Gabriela não soube responder, Lucia segurou uma de suas mãos e a levou para o meio das
Pessoas, todos estavam sorridentes, menos os pais de Lucia e Gabriela. A despedida foi curta, Lucia não quis abraçar a mais ninguém e com a pele vermelha de chorar correu para a fila do voo.
     Antes de Lucia sumir para dentro do aeroporto Gabriela se virou indo para o carro. Samuel a alcançou na esperança de diminuir oque ela sentia.
-Sam, sempre soube que esse dia chegaria, na verdade a gente sempre falava sobre isso, eu estaria junto e teríamos a nossa casa.
-Eu sei, já escutei vocês falarem muito sobre ir fazer faculdade juntas, mas nem sempre Gabs as coisas saem como a gente quer.
Ela olhou para o chão com os olhos vazios, não queria aceitar a partida mas precisava, Marcos interferiu até nisso, ela não iria enquanto não resolvesse esse problema.
-Espero que ela ainda me aceite quando eu for.
-Ela te ama, vai sempre te aceitar.
-Sim...
-Gabs, quer que eu dirija?
-Sim, obrigada.
Ao entrarem no carro Gabriela desmoronou, chorou de uma forma que jamais havia chorado, a dor estava esmagando seu peito, sua melhor amiga havia ido viver a vida dela, e ela estava ali presa a um cara que ela nem se quer sabia se amava ou não. Era ruim demais, seus sonhos estavam sendo massacrados, Marcos não fazia ideia mas ele havia destruído todo o futuro de Gabriela, ela não conseguia pensar em mais nada a não ser em vingança, tudo rodava e o ar falta nos pulmões, Samuel coloca a cabeça dela em seu colo e começa a passar a mão em seu cabelo, aos poucos ela foi ficando mais calma. Sabia que ele havia dito muitas coisas a qual ela não se lembrava. Estar ali no colo dele era confortante, e ela pretendia ficar ali por mais alguns minutos.

  -Gabs? Podemos ir agora, acho que o sol começou a bater aqui.
Gabriela levanta a cabeça limpando o nariz, não sabia quanto tempo estava no colo de Samuel mas ao ver sua calça encharcada teve uma leve noção de que havia feito bastante tempo.
-Podemos estou melhor.
-Você com esse narizinho vermelho está fofa.
-Para, devo estar detonada, mas obrigada pelo seu comentário, mesmo sendo falso.
-Você não entende né? É linda.
Samuel evita olhar por mais tempo os olhos dela, e com um pouco de controle sai com o carro, indo em direção a casa.

  O vento batendo em seu rosto era algo que estava a distraindo, o dia estava lindo e estava apenas começando. Sabia que chegaria em casa e seus pais estariam lá, e o melhor sua cama macia e confortável. Acordar tão cedo não era o forte de Gabriela ainda mais dormindo tão mal.

-Chegamos, quer que eu te ajude a descer?
-Você é engraçado, sabe disso né?
-E por isso me ama?
-Ai Sam, você sempre acha uma oportunidade.
Ela desce do carro dando uma gargalhada, se não fosse Sam o dia dela estaria ferrado.
-Podemos sair mais tarde?
-Vou pensar, tudo bem?
-Qualquer coisa só da um grito, minha casa é ao lado da sua.
-Pode deixar, obrigada por tudo de verdade.
-Posso te dar um abraço?
-Não vem não, sem contato íntimo.
Ele se vira acenando e sorrindo, Gabriela entra em sua casa e seus pais estavam cozinhando juntos, incrível como o tempo que deram longe, melhorou o casamento dos dois.
  Pareciam dois adolescentes apaixonados.
-Oi minha filha, quer vir ajudar aqui?
-Adoraria.
-Lave a mão e venha isso vai te distrair.

Fizeram um delicioso almoço, mas algo dentro de Gabriela estava a deixando louca, e ela teria que ir resolver. Uma pontada dentro do seu peito fazia com que ela tivesse vontade de ligar para Marcos, queria vê-lo e tentar conhecer seu ponto fraco. Sentia que ele estava na dela, e queria deixá-lo ainda mais atraído o máximo que ela puder conseguir, precisava disso pra dar continuidade em sua vida, se isso fosse possível.

***

Entre ele e o caosOnde histórias criam vida. Descubra agora