Não sou boa

43 7 0
                                    

   -Oi.
Uma voz grave e ao mesmo tempo vazia soa do outro lado do aparelho celular de Gabriela, em silêncio por um segundo que parecia longas horas pode escutar a respiração de Marcos, era como se ela tivesse raiva e desejo ao mesmo tempo, algo que ela nunca ia conseguir explicar. Sua voz simplesmente não sai, e por mais alguns segundos ela permanece em silêncio escutando os suspiros arrependidos que ele soava.
  -Gabriela, preciso que fale alguma coisa. Não foi atoa que deixou seu número naquela sacola, você não quer que Alicia saiba então por qual motivo está fazendo isso?
Com um engolir seco de sua saliva ela responde.
-Eu, sabia que iria ligar, foi o extinto. Precisamos conversar e não por telefone, mas também não invadindo a minha casa como você fez, se isso acontecer de novo chamo as autoridades...
-Isso que eu não entendo. Eu fiz oque fiz com você e você ainda pretende me ver? Nem me conhece aliás conheceu o lado ruim.
-Marcos, não sei oque está acontecendo comigo e não sei porquê você fez aquilo.
  Gabriela escuta Marcos bater em algo do outro lado do telefone.
-Eu pedi pra você não se aproximar de Alicia e você insistiu nisso, eu só preciso saber, qual a sua intenção?
-Eu não tenho intenções só queria estar perto de você.
Gabriela mente descaradamente, ela tinha medo de Marcos, medo doque ele poderia fazer, ela sabia que sentia algo de errado quando sentiu desejo por ele mas não queria ele perto não do jeito que ela passou por telefone, ela queria fase lo pagar.
-Eu não sei qual o seu problema garota mas eu não sou o bonzinho dessa história, quero pedir desculpas a você pessoalmente e depois a gente faz um trato eu sumo da sua vida, e você...
  -Da minha? Ia dizer isto?
-Sim. Isso, garota esperta.
-Posso ir na sua casa?
-Se Alicia te ver aqui ela vai questionar, acho melhor eu ir até a sua.
-Não teria como estou com uma amiga aqui.
-Bom, desde que você venha a noite não vejo problema.
-Tudo bem. Eu vou, desde que prometa não me torturar.
Gabriela suaviza a sua voz na esperança de amolecer Marcos, queria que ele acreditasse que ela era pacífica de toda forma possível, depois de ver sua colega entrar em sua casa com uma situação parecida, sentiu um ódio ainda maior. Precisava fazer as pessoas pagarem pelos seus erros, ela não era uma justiceira e nem pretendia se tornar uma, mas precisava fazer Marcos pagar, e isso estava custando a sua segurança e a sua sensatez.
-Não vou torturar você Gabriela, eu já disse quero me desculpar. Não sou esse monstro, alguma coisa aconteceu comigo aquele não era eu.
-Deixe pra me dizer isso quando eu estiver ai, tudo bem?
Ela não podia mais suportar a voz de arrependido de Marcos e desligou o telefone assim que escutou ele se lamentando.
  Não ia cair nessa, agora ele estava arrependido? Depois de simplesmente quase matar ela? Usar seu corpo como se ela fosse uma escrava sexual? Ela não queria acreditar nele e nem ousou acreditar. Engoliu em seco, e respirou fundo, hoje ela começaria oque vinha planejando a dias e precisava ser muito forte para encara lo sem vomitar em sua cara, era isso que ela desejava sempre que escutava a sua voz. Quer dizer uma parte dela desejava isso, a outra bom, a outra deseja algo a mais.
    Uma voz feminina rouca faz sua cabeça apagar completamente doque estava pensando.
-Gabriela? Sua mãe está ai?
Diz Bianca descendo as escadas e segurando a calça que insistia em ficar caindo.
-Não, senta aqui.
-Prefiro ficar de pé um pouco, sinto meu corpo queimar, está doendo muito.
-Tem certeza que não quer ir ao hospital? Posso te levar é perto e...
-Não Gabriela, vou ficar bem.
-Tudo bem. Oque gosta de assistir?
-Documentários de animais. Não zombe eu amo.
-Olha a Bianca que zoava a escola inteira gosta de ver animaizinhos pela tv.
-Sim, eu amo e acho que você deveria assistir também é muito bom passa a hora.
-Tudo bem, desde que você me diga a verdade sobre o vídeo, apagou mesmo?
-Apaguei. Fica tranquila, aquele dia que saiu da minha casa eu corri e apaguei. Bem que eu queria assistir de novo foi tão excitante.
Bianca diz se sentando devagar no sofá, Gabriela percebe agora que o rosto dela estava todo inchado, e a boca inteira cortada.
-Mesmo fodida desse jeito você tira uma casquinha Bianca?
-Vem ca me diz, Ele é gostoso? Sempre tive uma tara por Samuca, aquela boca dele parece que tem vida.
-Cala a boca!
Uma pontada de ciúmes cutuca as costas de Gabriela.
-Sério, como deixou ele ficar com a Lucia? Os dois não fazem o menor sentido juntos.
-Luci sempre amou Samuca. Isso é de infância.
-E daí? Por que sua amiga ama um cara que não ama ela, você decide entrega lo assim?
-Sim, prefiro. E outra ele quem quis ficar com ela.
-Não acho que seja isso, na escola os dois são completamente vazios.
-Vamos mudar de assunto?
-Só me diz ele é gostoso? O vídeo não aparece oque eu gostaria de ver, a não ser sua boca formando um O perfeito.
-Bianca? Para com isso. Mas se quer tanto saber sim ele é gostoso. Satisfeita?
-Muito.
Sem perceber Gabriela da um tapinha no ombro de Bianca que com um gemido alto faz ela se lembrar que a amiga estava inteiramente ferrada.
-Desculpas.
Bianca então começa a ficar agitada, Gabriela a segura pelo braço ficando assustada, deita ela de lado quando o corpo de Bia começa a tremer sem parar, Gabriela desesperada não sabe oque fazer, uma baba branca começa a sair da boca dela fazendo seus olhos virarem. Desesperada Gabriela sai para fora de sua casa gritando por Samuel que logo em seguida sai, correndo segurando Gabriela pelo braço tentando entender oque estava acontecendo, Gabriela então aponta para dentro de sua casa e quando Samuel começa a se virar para lá, a voz de Gab sai quase que vazia.
-Samuel seus pais estão ai?
Os pais dele eram médicos. Sim os dois tanto o pai quanto a mãe, clínicos gerais.
-Minha mãe está. Gabriela fala logo...
-Bia, ela está tendo uma convulsão, chama sua mãe.
Samuel desnorteado corre para dentro de sua casa, chamando sua mãe que em três minutos aparece na porta com alguns acessórios médicos, Gabriela já estava em sua sala segurando Bianca para o lado assim ela não se afogaria.
   Mãe de Samuel empurra Gabriela para trás com suavidade.
-Gabriela, sabe por qual motivo essa menina está tendo essa crise?
-Não.
-Bom Samuel leve Gabriela para fora eu já chamo vocês de novo.
Samuel então segura a mão de Gabriela levando ela para a porta da frente onde ela não conseguia tirar os olhos de Bianca.
  -Oque ouve com ela?
-Uns homens, foram até a casa dela, pelo que sei ela devia dinheiro. Um deles bateu nela.
-Isso é sério? Por que não me disse?
-Não teria motivos Samuel ela estava bem, estava aqui em casa desde ontem.
-Bem? Isso pra você é estar bem?
-Ela só não queria que ninguém soubesse, sabe ela vende drogas como ia chamar a polícia?
-Por esse lado. Espero que minha mãe a salve.
-Confio nela, ela vai conseguir. Só preciso que você peça para ela não falar para ninguém.
-Ela é médica Gabriela, vai querer levar Bianca para o hospital e ela vai ter que esclarecer oque houve.
-Não posso permitir, ela confiou em mim.
-E você está salvando ela, fica tranquila ela vai estar segura lá.
  Um grito alto vem da sala, Mãe de Samuel chamava por eles e pediu para que ajudassem a levar Bia para o carro, e o fizeram.
  -Gabriela preciso levar ela comigo, ela está estabilizada mas é grave. Existem muitos machucados internos, o baço está inchado.
-Célia, preciso que não conte oque aconteceu é importante.
-Eu não sei oque houve e pretendo não saber, fica tranquila Gabriela ela estará em boas mãos. Preciso só do telefone dos pais dela.
-Eles não param em casa não vai conseguir falar com eles.
-Quem pode ajudar?
-Eu posso. Assim que precisar me ligue vou até lá, ficar com ela.
-Tudo bem, bom vou deixar Samuel ajudar você com a sujeira la de dentro e depois preciso que leve os documentos dela.
-Célia, Samuca pode ir comigo até a casa dela? Temo ir sozinha.
-Bom Gabriela se eu fosse você iria até a polícia, mas se não quer fazer isso deixo o Samuel pegar a chave do carro eu vou com o carro do meu marido, levar Bianca.
-Obrigada não sei como agradecer.
-Confio em vocês mas se o estado dela se agravar, vou ter que alertar as autoridades.
-Tudo bem.
Célia sai com o carro acenando para os dois, e Bianca estava no banco da frente sentada, porém dormindo.
  Gabriela corre até a sua sala e Samuel vai logo atrás, ajudando ela a limpar o vômito de Bianca.
  -Quem fez isso com ela vai tentar fazer de novo, você sabe não sabe?
-Samuel ela pagou a dívida, entregou umas jóias.
-Não acho que seja fácil se livrar assim.
-Só quero que ela fique bem.
-Você é uma pessoa incrível.
Samuel diz passando a mão sobre a mão de Gabriela que estava limpando o chão.
-Eu?
-Sim, mesmo depois doque ela fez com a gente estava aqui desesperada para salva la.
-Só fiz oque ela faria também.
-Não acho que ela faria.
Diz Samuel tirando a mão de cima da dela e pegando um outro balde para torcer o pano que ela segurava.
-Eu não sou boa Samuel.

***

Entre ele e o caosOnde histórias criam vida. Descubra agora