Capítulo 1

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Boa leitura!

A princesa Kagami Tsurugi não era uma pessoa que conhecia a expressão "tempo livre", todas as tarefas eram cronometradas como as lições, os eventos, a caridade, incluindo refeições, até seus momentos de leitura eram supervisionados e esperado uma resenha sobre a história lida, ela era perfeitamente moldada para ser perfeita.

A convivência dela era reduzida aos funcionários do palácio, professores e demais realezas, a única pessoa que ela poderia chamar de amiga era Marinette, a filha do casal de doceiros mais talentosos do país. Foi na comemoração de 10 anos da princesa em que elas se esbarraram pela primeira vez, já que os pais de Marinette fizeram um bolo incrível para presentear a princesa. Desde então as duas tornaram-se amigas, não eram tão próximas, como Kagami gostaria que fossem, mas era a única que ela sentia um laço sincero.

Logo que foi comunicada sobre a sua viagem e as intenções por trás dela, a união através do enlace matrimonial, só pensou em fazer um único pedido, que ela tivesse alguém para ir com ela, além do guarda que ficaria em sua cola a pedido da rainha, uma espécie de dama de companhia. O requerimento foi bem visto pela rainha, achou sensato a filha pensar que seria melhor ter alguém de sua confiança a ajudando naquele mês que poderia trazer infinitos benefícios. O problema aconteceu quando Kagami disse o nome da pessoa que ela gostaria que a acompanhasse: Marinette Dupain-Cheng.

– Kagami, essa menina não está a serviço do palácio, o que te faz acreditar que ela aceitaria acompanhar-lhe a uma viagem de 1 mês de duração para te servir? – A rainha perguntou de forma altiva, quando estava sentada no seu escritório, somente com a filha. A mesa de madeira escura, que separava as duas estava repleta de papéis para serem assinados e decisões a serem tomadas.

– Creio que a minha intuição. – Kagami respondeu firme, ela nunca sentia-se insegura e, por isso sempre falava com precisão e tranquilidade.

– É ótimo que tenha a sua intuição, mas não é só ela que faz parte de uma boa governante, a intuição é só metade do caminho.

– Deixe-me convida-la a aceitar esse cargo durante o período da minha estadia com os Agrestes. Me dê sua palavra que essa decisão cabe a mim, diga-me o que eu posso ou não oferecer para que a Marinette junte-se a mim nessa jornada.

– Você é uma princesa e logo uma rainha de dois países unidos, preciso que isso dê certo, você não pode cometer erros. Acha que pode confiar nessa menina para se comportar e assumir a responsabilidade de carregar o nosso nome para outro reino em uma situação tão importante como essa?

– Sim. Sei que ela pode.

– Então tem carta branca, dessa vez Kagami não vou questionar sua escolha, por favor, não me decepcione.

🏰

Marinette havia recebido a mensagem logo no início da tarde, um guarda veio lhe bater à porta anunciar que sua presença estava sendo necessária no palácio. A garota quis revirar os olhos, não era mais fácil mandar uma mensagem pelo celular? Mas era verdade que a amiga e princesa não poderia ter essa liberdade, alguém de tamanha realeza não deveria ficar trocando mensagens em redes sociais.

O palácio funcionava como uma prisão e Marinette estava a caminho por pura persuasão. O lugar era lindo, os jardins bem cuidados, as torres, as janelas bem dispostas, a pedra, a madeira, a forma como tudo era organizado e conduzido, as cores, mas era uma prisão e sempre que colocava os pés ali acabava sentindo pena de Kagami.

Não demorou para ser levada aos aposentos de vossa alteza, que estava sentada em frente a penteadeira e conduzia de forma rítmica a escova entre os cabelos.

– Vossa alteza, mandou-me chamar? – Marinette disse em tom irônico enquanto fazia uma reverência para que a governanta e os guardas atrás de si a vissem demonstrando respeito, mas revirou os olhos para a amiga quando essa lhe encontrou os olhos.

– Sim, por favor, deixem nos a sós. – Kagami fez uma dispensa com uma das mãos. Após a porta ser fechada, Marinette foi direto para uma poltrona perto de uma das grandes janelas.

– Como eu posso te ajudar? – Marinette sabia que só poderia ser uma emergência para Kagami fazer um pedido imediato e sem nenhuma explicação.

– Vou viajar por um mês, uma viagem que significa mais, muito mais.

– Como? – Marinette desviou os olhos da janela para olhar para a mulher que se levantava a sua frente e seguia para mais perto.

– Uma viagem que significa uma união, um casamento.

– Não sabia que você tinha conseguido utilizar um aplicativo para relacionamentos e tinha se apaixonado. – Marinette riu, Kagami era péssima tentando fazer piadas, parece que ela continuava tentando atingir algum senso de humor. – Princesa Ka, sinto-lhe dizer que a vossa alteza ainda não atingiu o que chamamos de senso de humor apurado.

– Não estou querendo fazer uma piada. Eu tenho um compromisso que preciso cumprir e...

– Pera aí, eu não estou entendendo aonde você quer chegar. – Marinette a cortou, não podia ser aquilo, podia?

– Preciso conhecer o príncipe Adrien de outra forma agora, preciso vê-lo como um pretendente, um noivo, um futuro rei pra mim. – Kagami não tremeu, não desviou o olhar, não abaixou a cabeça.

– Um noivo? Um rei? Kagami, você vai se casar com um cara que você viu poucas vezes por política? Enlouqueceu? E a paixão? O amor?

– Paixão é algo passageiro, é fogo, acaba. Amor é algo que você aprende com o tempo e mais do que isso um soberano sabe das necessidades do seu povo e coloca isso em primeiro lugar. É esperado que eu faça um bom casamento.

– Qual o próximo passo? Ter herdeiros?

– Certamente. – Kagami balançou a cabeça e passou às mãos levemente no vestido bem estruturado para seu corpo.

– E você precisa de mim para quê? Não me encaixo nos quesitos reais para ser sua dama de honra, sinto muito. – Marinette queria poder sacudir Kagami pelos ombros, ela sabia como a princesa era, a lei é a lei, tradições eram para serem seguidas e não questionadas e todo aquele blá blá, mas até isso escolheriam por ela?

– Preciso que me acompanhe. Estou certa do meu dever, mas não sei como ele reagirá, espero que com a mesma consciência e devoção a seu país, porém não sou a melhor pessoa em interações românticas, mesmo acreditando que seja tudo muito padrão. Alguns encontros, esbarrões de dedos, um beijo concedido e não roubado, um pedido de casamento formal na festa de natal.

Marinette ouvia, mas no fundo não queria estar, era absurda a ideia que a amiga tinha de que estava tudo bem e que aquela situação fosse natural.

– É horrível como você está falando sobre uma relação como se fosse uma receita de bolo. E, te acompanhar? Por um mês? Kagami, eu tenho minha vida, um trabalho...

– Você receberá pelos dias, muito bem! Poderá fazer suas viagens e fotografar o mundo. Não é que você quer? Prometo que terá a quantia necessária para isso, além na verdade. Posso contar com você?

Era golpe baixo, era persuasiva demais, era objetiva e falava diretamente com o maior desejo de Marinette, queria fotografar diferentes paisagens e pessoas, conhecer o mundo, se aventurar e apaixonar, queria viver, mas a que custo? Quem sabe se estivesse com a amiga, poderia fazê-la ver como aquela ideia de casamento arranjado era ultrapassada e errada.

– Pode contar comigo. – Marinette não sabia como faria, mas acreditava que aquele já era um passo para ela e também para a princesa enjaulada a sua frente.

Um Príncipe do NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora