Capítulo 20

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Eu sobrevivi ao mês de abril 🙏🏼
Vamos lá! Não esqueçam da estrelinha 🌟 e comentem para dar aquele feedback para a autora 💓
Boa leitura!

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Marinette não poderia ficar mais um segundo ali, não sentindo como se fosse engolida por aquele lugar, precisava correr, precisava respirar.

Tinha certeza que sua corrida pelos corredores seria motivo de conversa mais tarde, porém do que isso importava? O quê aquelas pessoas poderiam falar que ela mesma já não estivesse sentido? A inadequação. O problema justamente era esse, ela era inadequada para o lugar em que estava, para o castelo e todas as suas ordens e regras e, principalmente, era sentir como se fosse um empecilho.

Tentou bloquear os pensamentos ao atravessar os vários portais, a cada virada para direita e para esquerda não se deixou levar por nenhum grito mental até chegar ao lado de fora.

Quando o ar frio a atingiu no rosto, logo pensou em ir até a estufa, no entanto, era um lugar dele, muito dele. Então passou a caminhar por aquele pátio – que já começava a acumular novamente neve nas laterais – só precisava sentar em algum lugar calmo para se permitir pensar ou talvez fosse melhor não pensar em nada.

Continuou olhando ao redor, vendo alguns funcionários já preparados para limpar a neve quando achou um banco – completamente gelado, óbvio – mas era melhor que o calor do castelo, qualquer lugar o mais longe seria melhor para os seus nervos.

Era verdade que sempre sentiu o chamado pela aventura, de viver intensamente e nunca negar seus sonhos e desejo, mas aquela aventura era demais até para ela. O quê  estava pensando quando se deixou levar por aquele formigamento? Naquela primeira vez, aquele primeiro esbarrão, não era para ter acontecido de novo, era para ter mantido a distância, sempre um passo atrás de Kagami, mas passou a frente dela, passou a frente da princesa sem nem pensar.

Não queria mais chorar, odiava sentir aquele soluço que subia e a impedia de falar, a ardência que sentia nos olhos e nariz, a pele branca ficava com manchas vermelhas, sentia-se doente e nunca dava para esconder, então todos os guardas e funcionários que a viram correndo – como uma louca, sem o mínimo de educação – sabiam que ela estava chorando, e que maravilha era ser uma forasteira sem educação e chorona, certamente um prato cheio para comentários, todos aqueles que seriam esquecidos depois de um dia porque ela era uma ninguém.

Estava tão bem há algumas horas, estava tão feliz e realizada enquanto era abraçada e compartilhava um momento perfeito com Adrien, que permaneceria com ela, em seus pensamentos, marcado no seu corpo e em seu coração. Mas era só isso, tinha que ser só isso, não havia futuro, era só o presente e era grata por isso, deveria colocar um ponto final antes de dizer um adeus definitivo. Toda a confiança que tinha construído parecia ruir nas palavras da Tsurugi, porque cada coisa dita tinha um fundo de verdade, ela estava vivendo uma utopia.

Se o clichê da menina invisível notada pelo capitão do time de futebol da escola já deixava Marinette descrente, afinal, nunca gostou daquele tipo de filme, justo ela viveria aquilo? Claro que não.

E já não importava, apesar de dizer a si mesma que não importava o esmurro em que seu coração parecia bater só em imaginar a possibilidade de dar as costas pra ele, era uma dor terrível e seria muito maior se insistisse naquilo, se lutasse uma batalha já sentenciada.

Aguentaria firme por mais alguns dias, seguiria e aproveitaria cada milésimo que tivesse da presença dele e então seria isso. Talvez a sua amizade com Kagami nunca mais fosse a mesma quando voltassem para casa, talvez a princesa nunca mais mandasse chamá-la ou a quisesse ver novamente, mas também enfrentaria aquilo, porque aquele mês lhe deu algo que não imaginava encontrar, não nesse lugar e em sua posição, portanto seria grata.

Um Príncipe do NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora