Chapter One

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Lia Bullock
Point of view

"O luto é algo difícil demais pra se expressar em palavras, é muito vazio e doloroso, as vezes ele é rápido e as vezes lento demais. Mas nunca é fácil quando você se vê tão próximo a dor."

{...}

Sinto o vento gélido bagunçar os meus cabelos enquanto eu andava pelas ruas até uma casa lilás, onde não estava tão alegre quanto deveria e aparentava. Eu me pergunto o porquê da morte, e o motivo de parecer que uma parte de nós também se foi.
Ainda não entendi muito bem o conceito do luto e da morte, de como ela veio e como eu vi a pessoa que deveria estar ali comigo se afogar em álcool e me levara junto.
Esses são os meus pensamentos enquanto tento achar o caminho pra casa.

Aperto meus braços contra o meu corpo e sinto a chuva cair sobre mim, me viro para atravessar a rua saindo da calçada e vejo a luz forte de faróis próxima de mim e o carro parar na minha frente, por um segundo eu senti medo da morte.

- Meu Deus! -Ouço uma voz grave. - Você está bem?

Vejo um garoto alto sair do carro e vir até mim.

- Você se machucou?  -Ele me olha, eu conhecia aquele rosto.

- Não, eu tô bem. -Digo passando a mão no meu cabelo que estava levemente molhado.

- Me perdoa eu não... -Ele tenta falar mas eu logo corto sua fala.

- Tudo bem, eu pulei na frente. -Olho pra ele o percebo que já tinha o visto em algumas aulas e também nos corredores.

- Qual é o seu nome? -Ele pergunta nervoso.

- Lia, você é... -Forço minha memória ao me lembrar da minha melhor amiga falando sobre o nome dele parecer uma marca de Chips. -Ruel.

- Como sabe o meu nome? -Ele diz sorrindo fraco.

- Fazemos história e geografia juntos e minha melhor amiga te conhece.

- Está chovendo...Quer carona?

- Minha casa é bem do outro lado.

- Toma cuidado, boa noite e mais uma vez desculpa. -Ele se afasta sorrindo e logo entrando no carro.

Atravesso a estreita rua e vejo o carro saindo, ando mais alguns passos até chegar em minha casa. Pego as chaves no canteiro de rosas e entro na casa tirando as botas molhadas deixando perto da porta, e vejo minha mãe sentada no sofá com um copo de whisky.

- Oi mãe.

- Vai dormir amanhã você tem aula. -Ela fala e eu deixo um beijo no topo da sua cabeça.

Ela anda bebendo como se o mundo inteiro tivesse morrido.

Sinto um incômodo em meu peito, e apenas suspiro e antes de subir as escadas vejo uma foto do meu aniversário passado em cima do piano, o meu pai estava nela, e meus sentimentos confusos haviam tirados minhas lágrimas.

{...}

"Essa zona de conforto é para minha segurança, quando ela é ameaçada, eu me sinto humilhada e perco a pouca sanidade que me resta."

𝐒𝐓𝐎𝐍𝐄, 𝒓𝒖𝒆𝒍Onde histórias criam vida. Descubra agora