𝐒𝐓𝐎𝐍𝐄, 𝒓𝒖𝒆𝒍

Chapter Sixteen

Ruel Van Dijk
Point of view

"E se eu quiser você de volta? E se eu não tiver aceitado que você foi embora?"

{...}

Eu não sabia lidar com aquilo, e parecia minha culpa. De alguma forma...
Por um tempo de minha vida, esqueci de sentir, era monótono demais pra que isso fosse sentido, então eu apenas ignorava.
Até que um dia as coisas começaram a me afetar, colocar fones não iriam fazer com que me pulmão parasse de queimar.
Senti meu coração batendo rápido, como se quisesse sair do peito, os sons direcionados a mim, mesmo que eu não pudesse prestar atenção neles, e isso fez com que eu parasse de respirar.
Então eu machucava minhas mãos, ou minhas costas...
Era como se eu estivesse mandando uma mensagem pro meu cérebro, pra que eu acordasse.

Terapeuta uma vez por mês e música.

Isso ajudou por muito tempo, até que eu vi a dor em meus ossos novamente, e minha força se esvaindo de mim.
Seja bem-vindo a minha ansiedade.
A realidade é que todos lidamos com a morte todos os dias, ela é a nossa única certeza em todo pôr do Sol.
Sabemos disso, mas é um problema quando temos um tempo determinado, para nos despedir.
Isso acaba com tudo.

Mas estava tudo bem, eu juro, eu só me imaginei falando isso umas trinta vezes pra ela.
Eu só queria que ela soubesse que eu estava bem aqui, na frente daquela casa lilás, sentado na escada...

Mas meu mundo desabou quando eu a vi ali, ela não tinha aquela aura brilhante, como ouro.
Ela estava cabisbaixa, e tentava de alguma forma transparecer que estava bem, mas eu sabia o quanto ela estava cansada, e o quanto ela merecia descansar.
A mesma continuava com o sorriso aberto, mesmo que não seja o mesmo que ela mostrava quando realmente estava feliz, quando ela queria comer chocolate, de preferência aqueles com caramelo, eram os favoritos dela.

- Eu sei que é difícil pra você também. -Diz a garota de cabelos escuros que estava sentada em minha frente.

- Lembra daquele casal de idosos, do karaokê? -Digo e sinto meu rosto esquentar um pouco, e olho pra rua.

- Lembro, eles foram uns fofos.

- Eu sei que... Estamos no ensino médio, e que não temos planejamento e nem certeza pra nada. Mas... Não seremos como eles não é?

- Eles podem ter se conhecido no ensino médio, ou se conhecido durante a faculdade, estágio ou trabalho. -Ela sorri fraco e abraça o próprio corpo. - Ou podem ter se conhecido na fila de uma padaria a sete meses.

- Eu não entendi.

- Podemos ser nós dois agora, viver o nosso momento, e não sabemos quem eles eram, ou que foram. -Ela fala calma e olha nos meus olhos.

Ficamos mais um tempo analisando um ao outro, sem se importar com o barulho das crianças brincando um pouco afastado da casa dela.
Eu e minha mania de escolher uma trilha sonora para cada momento, escolheu "The only exception".
Porque se o que eu temia naqueles dias com ela, acontecesse.
A minha alma poderia cantar sobre o amor, pois ela em si me mostrou em pouco o paraíso que eu daria minha vida para visitá-lo.

- Qual é a coisa que você mais deseja no mundo? -Pergunto pra ela e me apoio no degrau da escada.

- Ter uma lembrança perfeita, que eu possa lembrar e sorrir profundamente. -Ela diz calma.