Chapter Seven

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Esse capítulo pode conter algumas descrições claras: de assédio sexual, alcoolismo e doenças psicológicas.

Essas descrições podem afetar pessoas com gatilhos a tais assuntos, e não é recomendado.

Lia Bullock
Point of view

"Me disseram que eu era um anjo, disseram o quanto me admiravam enquanto eu ficava calada, e o quão eu era perfeita enquanto estava na linha. Mas vocês realmente sabiam o que eu era? Vocês me conheciam? Ou apenas achavam isso por quê eu havia me calado?"

{...}

Quarta-feira...

Minha respiração pesava a cada segundo, como se a aflição comandasse meu corpo, mas a verdade era que eu queria tanto dizer o que eu quisesse, mesmo que tivesse palavras inadequadas.
E sinceramente.... Eu odiava a negligência humana.
Provavelmente aquilo daria certo, e eu confiava tudo pra que aquilo funcionasse.
A Riley contava com aquilo, e não só ela. Todos nós contávamos, mesmo que os alunos não soubessem o real motivo daquilo.

Aquela não era a primeira vez que uma garota foi violada naquela escola, mesmo assim no dia oito de março eles faziam palestras e nos davam doces... Para que todas se sentissem vistas, se sentissem com um pingo de importância.
Mas não importa a segurança delas não é? São descartáveis! Produtos de procriação! Deveriam ser submissas.

Eu li em um lugar uma vez, que mulheres recebem apelidos idiotas quando confrontam o padrão de indefesas e frágeis.
Seja porque eram bonitas, ou um pouco mais velhas e "feias".
Eu cresci com todos dizendo o que fazer com meu corpo: "Não use esse vestido é muito chamativo."
Minha tia me disse isso no meu aniversário de quatorze anos, eu não havia entendido o que ela queria dizer com aquilo.

Só que aí fomos pra casa dos meus avós, tudo estava perfeito...
Talvez até em uma fotografia alaranjada, que aparece nos filmes fofos e bonitos.
Aquele quase início de primavera me marcou, e eu lembro exatamente o que aconteceu.
Eu entrei confiante, todos esperavam a mim e o Harvey, e sem contar que estávamos incríveis, felizes como nunca, mas o meu corpo havia mudado, e o olhar dos amigos da família também.

Eles me abraçavam, seguravam minha cintura e pressionavam o meu corpo contra os deles, eu estava completamente vunerável a eles, e naquele momento queria apenas sair daquele abraço o quanto antes.
E sinceramente, eu realmente não acho que seja culpa do meu corpo que havia mudado, nem daquele vestido.
Ao olhar pra aquelas cinco garotas ali, na varanda da minha casa, eu sabia que não era nossa culpa, de nenhuma de nós...

- Eu não queria falar com o diretor. -Ouço a voz da Camille. - Mas minha mãe insistiu, falamos com ele, eu contei que ele havia pedido pra que eu ficasse pra discutir sobre o meu trabalho...

- Não precisa contar, se não quiser. -Riley fala e segura a mão da garota que segura as lágrimas.

- Eu quero! -Ela olha de volta pra mim. - Eu lembro... De como ele... Tocou a minha coxa... Dizendo que... Eu precisava de notas melhores, eu tive uma crise de pânico logo depois, minha garganta... Eu não conseguia respirar.

Eu socaria o rosto dele agora, nesse exato momento.

- Ele é um louco. -Ouço a voz de uma garota do primeiro ano, ela se parecia um pouco fisicamente com a Sarah.

𝐒𝐓𝐎𝐍𝐄, 𝒓𝒖𝒆𝒍Onde histórias criam vida. Descubra agora