Chapter Nine

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Lia Bullock
Point of view

"Espero que pelo menos sinta minha falta, como eu talvez sinta a sua. Porque realmente não sei o que irei sentir após isso, na verdade nem sei se poderei sentir algo.

{...}

Dia 25 de agosto...

Nunca entendi muito bem o conceito da solidão, talvez a solidão seja um estado de espírito que nos encontramos.
E a solidão não é algo bom, mesmo que seja normal termos em parte em nossos sentimentos, como quando vemos nossos amigos saindo sem nós, ou quando... Nos sentimos em estado de solidão completa, são estágios e intensidades diferentes.
Uma vez... Eu pensei que talvez se eu parasse de fingir que sorria, eu iria sorrir mais.
Mas aí eu percebi que minha teoria fazia sentido, os sorrisos singelos vinham com o coração acelerado e uma vontade imensa de comer chocolate, eu sempre queria comer chocolate quando me sentia feliz.
Acho que precisava desabafar, mas com alguém que não sabia em partes o que se passava em minha cabeça sinceramente pelo menos.

Havia pensado no Harvey, mas ele sabia até demais o que acontecia pra que eu ficasse daquela maneira, e minhas amigas tinham seus problemas, e embora eu pudesse contar com elas a todo segundo...
Eu não podia sobrecarregar todo mundo com as minhas merdas em pleno domingo.

Sinto muito pai... Eu falhei com isso.

E aqueles acontecimentos de agosto haviam me sobrecarregado também, era muita coisa pra mim, mas mesmo assim eu tinha que engolir o meu choro junto a todas as mágoas, toda a raiva e pena de mim mesma.
Minha mãe ganhou a moeda de sobriedade de duas semanas, faziam duas semanas que ela frequentava o A.A, desde aquele incidente com o licor, e ela estava sóbria e sorrindo mais...
Agora ela fazia carinho em meus cabelos e o Harvey nos abraçava como se fosse proteger de todo mal do mundo, éramos duas crianças que precisavam do colo da mãe.

- O que querem pro jantar? -Ele fala abafado por conta do nosso toque.

- Qualquer coisa que dê pra sobreviver. -Respondo e dou uma leve risada.

- Eu posso fazer lasanha, e ligar pras meninas. -Ouço a voz da minha mãe. - Pode chamar seu namorado também, gosto dele.

- Fico feliz ao saber disso. -Digo e sinto ela fazer cafuné nos meus cabelos.

- A senhora não sabe? -Meu irmão fala.

- O que eu não sei?

- O Ruel namora comigo, não a Lia. -Ele diz nos fazendo rir.

- Eu acreditaria se não percebesse a forma que ele olha pra ela.

- Parece um cachorrinho apaixonado. -Ele diz rindo.

- É tipo isso. -Minha mãe beija o topo da minha cabeça ao falar, aquela cama não parecia pequena agora... Era o nosso conforto momentâneo.

- Ele parece o papai olhando pra você. -Harvey fala calmo.

- Eu já notei algumas semelhanças. -Digo baixo.

- Eles teriam se dado muito bem. -Minha mãe fala. - Sinto falta dele.

- Eu também sinto. -Seguro a mão dela ao falar.

𝐒𝐓𝐎𝐍𝐄, 𝒓𝒖𝒆𝒍Onde histórias criam vida. Descubra agora