Chapter Five

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Lia Bullock
Point of view

"Quando se vive na imensa incerteza de viver, você preserva sua alma em meio ao medo, no meio a angústia de respirar."

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Por muito tempo acreditei em uma força maior que todo ser humano, mas hoje eu não sei no que acreditar.
Fico feliz e confortável em pensar que as pessoas se sentem bem acreditando em algo, mas toda certeza tem seu fim, precisamos desacreditar para acreditar em nossas palavras, em nossos feitos e pensamentos. Como o diria o poeta: "Todo carnaval de veneza tem seu fim."

A música que preenchia meus sentimentos com aquele som nada suave me deixava em êxtase, muito melhor que álcool para tal feito.
Eu na verdade pensava em gritar o que eu pensava, o que eu tanto me torturava por ser.
Eu queria entender realmente o que eu sentia, não queria que ele fosse mais uma incerteza minha.
Eu não posso dizer que não sinto nada, porque mesmo que eu dissesse que não sinto. Eu sentia demais.

Não tem como dizer que não sentimos sem saber o que é sentir, então nós sentimos o tempo todo.
Com dificuldade, mas sentimos.
Passei muito tempo checando o meu pulso, tendo certeza que ele batia.
Com medo de finalmente morrer, e deixar todos que eu amo aqui. E trancada no meu quarto, olhando a parede branca. Eu podia ver muita coisa ali, podia me ver nua, com todas as minhas inseguranças, com todas as minhas vergonhas.
Presa em mim mesma, no fundo do meu oceano.
Tiro meus fones, voltando ao mundo real e as vezes nada interessante.
Arrumo meu óculos no meu rosto e me levanto da cama saindo do quarto logo depois, passar a manhã inteira naquele quarto foi péssimo.

- Tá tudo bem? -Ouço a voz da minha mãe e olho pra ela que estava no fim do corredor.

- Eu tô... -Sorrio ao falar pra ela. - Viu o Harvey?

- Ele está com a Sarah lá embaixo.

Se eles não se beijarem um dia eu bato neles.

- Obrigada mãe. -Falo pra ela e desço as escadas.

Eu entendo o Harvey estar confuso, a gente sempre confunde os sentimentos alguma hora do ano, ou eternidade.
Sentimos o tempo todo, e isso uma hora explode em nossas mentes frágeis, tudo culpa da reação química nos nossos cérebros.

Queria entender melhor tudo isso, sabemos palavras sobre os sentimentos, como o amor e a felicidade, essa palavras tem uma breve conexão conosco. Só que... Sentir é outra coisa, sentimos em intensidades diferentes, ninguém sente da mesma foma. Por isso magoamos tanto uns aos outros, nunca sabemos de nada.

Eu era tão sentimental.

E eu tinha esses dias merdas, dias pensativos em que tudo me incomodava.
Não chamaria eles de dias solitários, diria que eu me afogava nos meus pensamentos, ignorando a existência de todos ali. E eu até tentei entrar na conversa estranha que a Sarah tinha com o Harvey, mas eu pensava demais.

Queria poder voltar fisicamente no tempo, poder olhar aquelas cinco crianças brincando de serem felizes.
Sinto falta disso...

- Lia? Nos ouviu? -Ouço a voz do meu irmão.

- Não, perdão. -Digo e fecho meus olhos por alguns segundos tentando recuperar minha atenção.

𝐒𝐓𝐎𝐍𝐄, 𝒓𝒖𝒆𝒍Onde histórias criam vida. Descubra agora