Chapter Fifteen

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Lia Bullock
Point of view

"Gostaria de dizer algo bonito pra você, mas eu não tive tempo suficiente.
Espero que de algum lugar você me ouça."

{...}

Eu sei que era uma péssima escolha me despedir, que talvez não aconteça nada de ruim e eu faça isso em vão.
Mas era minha obrigação fazer aquilo, avisá-los e contar o que estava acontecendo, então resolvi escrever uma carta. Não tinha as feito para irem pra cápsula do tempo, mas tinha as feito para me despedir.

Cinco cartas...

Não posso ficar emotiva, mas dane-se, eu os amo.
E meus fones tocavam uma música triste, que sinceramente não ajudava, meu estômago doía por conta daqueles remédios horríveis, e eu me preparava para mais uma consulta, pra checar se eu estava em condições pra viver.
Eu vim apenas com minha mãe, Harvey estava na aula...
Eu não havia contado pra minha mãe que meus dedos estavam dormentes as vezes, ela estava tão bem.

Logo depois disso eu fui chamada pra sala, eles fizeram perguntas e chegaram o batimento de meu coração.
O silêncio do médico não era bom, eu sabia disso.

- Temos uma boa notícia, se ela autorizar o transplante. Ela já está na lista... -O senhor de cabelos grisalhos diz.

- Isso é ótimo, você não vai precisar do marcapasso... -Minha mãe fala animada.

- Eu tenho outra escolha não é? -Pergunto e olho pro médico.

- Pode tentar outro tratamento... Já que este não ajudou muito.

- Eu não quero o transplante. -Digo calma mas com a voz firme.

- Lia... -Minha mãe olha pra mim.

- Eu não posso fazer isso, a um mês atrás, a única coisa que eu queria é que meu coração batesse normalmente. -Digo olhando pra ela. - Mas agora... Eu penso em quantas pessoas precisam disso mais que eu, como pessoas que não viveram nada ainda e merecem isso, merecem viver um pouco mais, eu prefiro mudar o tratamento do que tirar a chance de vida de alguém.

- Podemos pensar em outras alternativas Lia. -Minha mãe segura minha mão ao dizer.

- Eu não quero, me desculpe. Sei que parece egoísta, mas não consigo fazer isso. -Digo e deixo algumas lágrimas caírem.

- Se essa é sua escolha. -O médico fala tentando acalmar minha mãe, mas aquilo não daria certo. - Podemos continuar com os remédios, e pelo seus novos exames, temos quatro meses para ver se esse novo tratamento faz efeito.

Eu estava me sentindo como um ratinho de laboratório, ruim mas verídico.

No caminho pra casa eu esperava que ela gritasse comigo, pra que eu mudasse de ideia e colocasse aquele novo coração do meu peito.
Mas isso não aconteceu, e quando eu contei pro meu irmão ele também não gritou, ele apenas disse: "Eu entendo."
Mas eu sabia que ele não queria aquilo.
E ele me abraçou, beijou minha testa e ficamos ali, ele cuidou de mim o resto da tarde, até ele precisar levar nossa mãe pra o Alcoólicos anônimos.

Se eu contasse o que aconteceu pra alguém, que não me conhecesse.
Eles diriam que eu fui egoísta, não pensei na minha família, e eu realmente fui.
Quando o meu médico me falou: "Temos quatro meses."
Ele queria dizer que eu tenho quatro meses pra me despedir, porque todos já sabem que se esse tratamento não funcionar... Eu iria terminar minha passagem.

𝐒𝐓𝐎𝐍𝐄, 𝒓𝒖𝒆𝒍Onde histórias criam vida. Descubra agora