03 | Palavras são Arte em Seus Lábios

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– Agradecida, senhor. – Chaeyoung sorriu e graciosamente flexionou os joelhos para que se abaixasse e mostrasse educação para o homem a sua frente. – Tenha uma boa viagem.

O homem de aproximadamente sessenta anos, longa barba branca e dentes amarelados gentilmente retirou o chapéu de sua cabeça e sorriu, mostrando aqueles dentes que provavelmente estavam sem cuidados há vários anos. Ele era um leiteiro que havia se oferecido para levar Chaeyoung até a casa de Mina que ficava no campo, e ela prontamente aceitou, já que o conhecia há alguns meses por causa que moravam no mesmo bairro e ele fazia entregas para Chaeyoung. O homem se distanciava enquanto Chaeyoung observava o entardecer no horizonte e escutava as patas do cavalo batendo firmes contra a terra. Tudo ali tinha aroma de grama, madeira e pão recém saído do forno, e Chaeyoung fechou os olhos por alguns segundos, inspirando fundo enquanto o sol se fazia presente em seu rosto e cabelos.

Aquela parte um tanto quanto afastada da metrópole era uma linda vila, que apesar de pequena, possuía algumas casas, uma igreja, um correto onde se realizavam alguns festivais, festas e shows periodicamente, um prédio maior que provavelmente seria a escola, e um lago um tanto quanto afastado das construções. Com a água cristalina e muitas árvores em volta que proporcionavam as sombras necessárias para se ficar ali no verão, aquele com certeza seria o ambiente ideal para sentar e escrever quantas poesias seu coração mandasse, mas talvez Chaeyoung devesse parar de incluir poesias, literatura e a língua portuguesa em tudo o que via.

A coreana deslizou suas mãos magras pela saia de seu vestido, a arrumando antes de suspirar fundo e caminhar pelas escadas da casa de Mina, batendo seus sapatos no assoalho de madeira e praticamente já avisando que alguém estava ali. Mesmo sem intenção, ela olhou para dentro da casa pelo vidro da porta, e realmente assemelhava ser uma bela cozinha, apesar de todos os móveis serem bem rústicos.

Duas batidas à porta foram ecoadas do lado de fora, e Chaeyoung parecia estar nervosa enquanto esperava, pois suas mãos estavam suadas e seu coração acelerado, só não entendia o porquê, mas parecia ser um sentimento bom. Não demorou mais do que poucos segundos para que escutasse barulhos de pés descendo rapidamente em alguma provável escada que ali teria, e então, Myoui Mina apareceu pelo vidro da porta, olhando para baixo enquanto a fechadura fazia barulho.

Quando a porta finalmente foi aberta, Chaeyoung pôde notar que Mina estava ofegante e imaginou que talvez ela estivesse correndo anteriormente, mas por que a presa?

– Olá, Chaeyoung! – Mina expirou fundo e depositou um beijo na bochecha da outra. – Posso lhe chamar pelo nome? Se não se incomodar, é claro, senão serei mais formal em chamar-lhe de 'senhorita'.

– Fique à vontade, tens a liberdade de me chamar como desejar, Mina. – Chaeyoung sorriu, refletindo sobre o perfume de aroma amadeirado que Mina usava e pôde sentir quando seus rostos se encostaram. Aquela mulher não parecia ter nada que não fosse atraente, isso era fato!

– Entre!

Quando Mina deu passagem e Chaeyoung adentrou a casa, com o típico aroma de madeira velha e flores diversas, ela percebeu que apesar de morarem apenas duas pessoas ali, o ambiente era grande e talvez pudesse ser considerado a casa mais bonita e simples que já havia visto na vida. Ela tinha suposições de que Mina fosse muito rica, mas mesmo assim, poderia concluir isso apenas na quantidade de hectares e gado que possuía, não na mobília da casa, que era linda apesar de simples.

– Me acompanhe, por favor, eu preparei um café da tarde para que pudéssemos conversar e nos conhecer melhor. – Mina apareceu em sua frente depois de arrumar seu penteado, que consistia em vários cachos presos com grampos em sua cabeça. No corpo, ela usava um simples vestido branco bem solto de mangas compridas, e por cima dele um de alças marrom.

Poeira Cósmica | MiChaengOnde histórias criam vida. Descubra agora