A lua e a noite já haviam desaparecido para dar lugar ao sol e ao dia seguinte. Chaeyoung se despertou praticamente sozinha, abrindo os olhos com um pouco de dificuldade e se lembrando da noite passada, assim, sentindo falta de Mina em seus braços. Ao abrir seus olhos totalmente, a garota os coçou com as costas da mão, grunhindo por ainda estar com sono, e olhou pela janela aberta, vendo o sol entrar e a poeira viajar pelo ar. Após alguns segundos olhando para qualquer canto, ela colocou os pés descalços no chão gelado e sentiu seu corpo quente pesar. Definitivamente havia dormido em uma péssima posição na noite passada, o que a fez mover suas costas e escutar os estalos, mas, pelo menos tinha sido por causa de Mina agarrada nela e sua vontade de deixa-la o mais confortável possível. Chaeyoung praticamente se arrastava pela casa, pensando em Mina e a procurando.
– Bom dia! – escutou a voz fofa de Mina vindo de algum lugar. Quando olhou para o lado no corredor, Mina estava na sala, sentada no chão e com Wain no colo. – Eu não sabia que tinha um gato!
– Bom dia, é, ele sempre fica perdido pela casa e as vezes sai e volta no dia seguinte... – Chaeyoung coçou a cabeça enquanto fitava qualquer parede. Deveria estar horrível por ter acabado de acordar. Em contrapartida, Mina estava linda trajando seu vestido de ontem, agora seco, que provavelmente iria ser lavado quando chegasse em sua casa, e brincos pratas longos.
O sorriso da japonesa parecia ainda mais bonito e sua animação logo pela manhã era de se invejar.
– Fiz chocolate quente para a gente, vi que tinha os ingredientes no armário e como acordei antes, pensei que essa fosse uma forma de te agradecer... – Mina olhou para cima, em Chaeyoung, enquanto ainda fazia carinho em Wain. – Espero que não seja um incômodo.
– De maneira alguma, eu agradeço. – Chaeyoung sorriu ainda com uma expressão de sono e os olhos inchados. – Um segundo e eu já vou.
Ao se despedir brevemente de Mina, Chaeyoung adentrou o banheiro quente devido a janela aberta e os raios de sol fortes, e trancou a porta. Resumidamente, ela fez sua higiene matinal: escovou os dentes, fez suas necessidades e lavou o rosto, mas ao finalmente despertar e olhar para o espelho sem a visão embaçada, percebeu que seu pescoço estava cheio de marcas roxas e que teria que usar um vestido de gola alta quando fosse jantar com seus pais a noite, já que eles haviam marcado aquele compromisso há tempos porque não se viam. Mesmo não entendendo muito, Chaeyoung não pensou que Mina tinha a marcado com tanta força, então, ela apenas passou os dedos molhados pelo local, analisando toda a extensão de seu pescoço, e percebeu que não tinha muito o que fazer sobre aquilo, porque apenas o tempo iria apagar. Quando terminou, abriu a porta e voltou ao corredor, andando em direção a Mina que estava na sala. No momento, a japonesa estava com uma garrafa térmica em mãos e despejando o líquido quente e denso nas xícaras em cima da pia. Parecia gostoso e o aroma estava delicioso, embora a coreana já estivesse enjoada por trabalhar em uma cafeteria.
Chaeyoung se encostou na parede em que poderia ficar de frente para Mina, cruzou os braços e então perguntou, com uma expressão confusa, enquanto observava a mulher servir o chocolate-quente:
– Mina, posso perguntar algo?
– É claro. – Mina respondeu, sem olhá-la, e pousou a garrafa térmica quase vazia em cima da pia.
– Como sabia da minha poesia? Como isso chegou até você e como sabia que era minha?
O plano havia falhado. Enquanto Mina tentou não se lembrar disso para não entrarem em assuntos mais profundos, Chaeyoung quis abrir o jogo e jogar as cartas na mesa.
– Imagino que esteve na manifestação feminista há alguns dias, não é? – Mina se virou de frente para ela.
– Sim.
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Poeira Cósmica | MiChaeng
FanfictionPor meio do samba, das exímias histórias de Machado de Assis, do futebol, das praias tropicais e da água de coco encontramos Son Chaeyoung, a estrangeira residente na cidade do Rio de Janeiro que, além de participar de uma banda, também cria novas h...