08 | Fragmentos de um Caderno Manchado de Vinho

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Aviso antes de começarem a ler ''Fragmentos de um Caderno Manchado de Vinho'': Esse capítulo (e alguns seguintes) possuem poesias de minha autoria, não se preocupem se não entenderem no começo, ela será analisada e explicada por Mina no final do capítulo para que seja acessível para todos. Peço para que não a usem em outros lugares sem me dar os devidos créditos, porque ela pertence a mim e é dedicada a alguém. Obrigada, desfrute da leitura.

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Toda a cozinha estava inebriada pelo delicioso aroma de toda a refeição que Myoui Mina preparava. Naquele exato momento, sua mão direita estava apertada na colher de madeira, mexendo os vegetais na panela de água fervente enquanto ela sorria minimamente ao sentir aquele cheiro.

Em uma das panelas, o arroz já estava pronto. Na outra, os pedaços de frango já estavam assados e por fim, estava terminando de ferver em uma última panela, os brócolis e as batatas já descascadas. Ao perceber que já estavam no ponto correto, Mina desligou o fogão e então escorreu a água da panela na pia para que ali dentro só restassem os alimentos.

Quando estava levando a panela de barro até a mesa com a ajuda de um pano, escutou os passos de Ezequiel descendo quase que em ''melodia'' pela escada. Ela olhou para cima, em seu marido, e eles sorriram um para o outro.

– Olá, meu amor, o almoço já está pronto. – Mina disse.

Ezequiel olhou para todo o corpo bem desenhado de sua mulher. Ela usava uma roupa simples, apenas um longo vestido branco de mangas compridas e um espartilho marrom por cima, mas ainda assim, estava linda. O homem foi até ela, com os olhos azuis intensos de sempre, os cabelos curtos ondulados molhados e bem penteados, e seu longo bigode perfeitamente ajeitado. Além disso, estava vestindo sua farda militar, e aquilo só acontecia quando estava convocado para servir ao país ou a sua cidade.

– O cheiro está delicioso, Mina... – ele respondeu com calma. – Preciso comer logo e sair, senão, ficaria o dia todo ao seu lado.

Mina quase agradeceu aos céus pela saída do marido naquele dia, mas tentou conter seus pensamentos.

– E para onde vai dessa vez? – a mulher perguntou.

– Não leu a carta que chegou há alguns dias? – Ezequiel perguntou e Mina balançou a cabeça negativamente. – Parece que vai haver uma manifestação no centro da cidade, tenho de sair cedo se quiser chegar a tempo, fui convocado para ajudar a conter as pessoas... É o de sempre.

Mina ajeitou seu vestido e se sentou à mesa, esperando que Ezequiel fizesse o mesmo em sua frente. Os pratos já estavam postos no lugar correto em que os dois gostavam de sentar e as panelas na mesa ainda emanavam fumaça.

– Manifestações sobre o que?

– Feminis... Femin... Feministas?! – Ezequiel respondeu confuso, o que fez sua resposta sair mais como uma pergunta. – Não sei se disse certo, mas é de mulheres. Enfim, amor meu, são essas mulheres que não possuem nada melhor para fazer e acham que podem mudar o mundo! – terminou praticamente rindo enquanto se servia.

Mina suspirou baixo. Na verdade, só de imaginar, ela já havia achado aquele ato incrível, mesmo que não soubesse direito o que significava ou como acontecia. Imagina poder lutar por seus direitos, por sua individualidade e liberdade feminina?!

– Ah sim, entendo...

– Digo, será que nenhuma delas têm maridos e tarefas domésticas? – Ezequiel comentou enquanto segurava uma colher e fazia uma expressão de desprezo imaginando tudo aquilo. Para ele, era inacreditável que essas mulheres podiam fazer tal alto tão rebelde.

Poeira Cósmica | MiChaengOnde histórias criam vida. Descubra agora