AQUELE DO JANTAR PARTE II

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A noite chegou rápido. As seis horas tomei um banho e escolhi vestir um short não muito curto, mas também não muito longo e uma blusa de manga cinza que tinha a imagem de um gato que dizia “ Oi humanos”. As 6:50 eu já estava arrumada só esperando a Valentina ficar pronta.

Chegamos a pizzaria umas 7:10, logo na entrada avistamos o Lucas com os seus pais sentados em uma mesa que ficava na parte externa da pizzaria. Fomos ao encontro deles, o Lucas nós apresentou aos seus pais, sua mãe foi muito simpática, abraçou a mim e a Valentina com um sorriso no rosto, seu pai era um pouco mais fechado, mas também foi muito simpático comigo e com a Valentina.

Sentamos a mesa, eu fiquei na ponta que ficava ao lado da Valentina que estava ao lado do Lucas. Conversamos um pouco, então o Lucas propõe que fizesse o pedido, mas sua mãe interviu.

- Não podemos fazer o pedido agora, temos que esperar o Caio chegar.

- Querida, o Caio nunca vem a esses jantares em família. - O senhor Luiz retruca.

- Não, mas ele me prometeu que viria.

- Mãe, podemos fazer o pedido e enquanto as pizzas chegam é o tempo que o Caio chega. 

- Tá bem, pode ser. Tenho certeza que ele não vai demorar.

Até aquele momento, eu nem me lembrava que o Caio era irmão do Lucas e a  possibilidade de ver ele me deu um frio na barriga. E lembranças do nosso último encontro me veio a mente.

Após algum tempo o Caio chega. Ele usava uma calça jeans preta e uma blusa cinza com a imagem de uma caveira. E dessa vez estava sem barba e de cabelo cortado. Quando  chegou se sentou na outra ponta da mesa, ele pareceu não notar a minha presença e estava sorridente, o que o deixava bem mais bonito. Antes mesmo de ele se acomodar a mesa o senhor Luiz o questiona.

- porque você se atrasou? Estamos te esperando a um bom tempo – Ele fala isso em um tom ríspido. Com uma indiferença bem visível Caio responde.

- Estava resolvendo umas coisas. Mas e aí já pediram a comida? Estou morto de fome.

- Que tipo de coisas você estava resolvendo? Porque até onde eu sei você não trabalha e nem estuda. O mínimo que poderia fazer era se esforçar para chegar na hora em um jantar.

-Bem, agora eu tenho um emprego.

- Que bom filho, você conseguiu um emprego que notícia boa – A dona Mariana fala parabenizando o filho, e os outros a mesa a imitam, menos o senhor Luiz que logo pergunta.

- Que tipo de emprego é esse? Espero que não seja algo que vá me dar dor de cabeça.

- Olha você não precisa fingir que se preocupa comigo não tá bem? – Caio rebate já nitidamente com raiva.

- Gente por favor depois vocês conversam sobre isso – Lucas tentar intervir na conversa que já estava se tornado em discussão. Eu e Valentina estávamos super desconfortáveis e uma vez e outra trocámos olhares cúmplices.

- Claro, temos outras pessoas a mesa, temos que fingir que nos damos bem. - Caio ironiza.

- Olha aqui garoto se você veio só pra estragar o jantar, era melhor nem ter vindo- Senhor Luiz fala isso em tom de voz já elevado.

- Parem com isso já, chega de brigas. Caio por favor. – Ela olha para sua caio, ele  respira fundo e não fala mais nada. Nesse momento nossos olhares se cruzaram, mas ele logo desvia o olhar. 

No momento seguinte veio um silêncio constrangedor, mas que logo se dissipou, pois dona Mariana fazia várias perguntas a Valentina e as vezes para mim também. Já o Caio passou o resto do jantar em silêncio.

Quando já estávamos prontas para ir embora a Valentina me chama de lado e diz:

- Sophia, o Lucas nós chamou pra ir assistir um filme lá na casa dele...

- Não Valentina, já deu pra mim se você quiser ir pode ir, mas eu vou para casa  não vou ficar segurando vela na casa dos outros.

- Calma! Tudo bem eu não ia pedir pra você ir comigo não.

- Vamos meninas – A dona Mariana se aproxima – Tenho vários filmes legais que podemos assistir lá em casa.

- Dona Mariana a Sophia não vai.

- Nossa, mas porque?

- É que eu tenho que tá em casa dez horas é tipo um toque de recolher da minha mãe. – Invento essa desculpa para que ela não pense que eu não queria ir e também para que ela não ficasse insistindo.

- Aah eu entendo, então entre no carro que nos deixamos você em casa.

- Não, não precisa. Eu vou sozinha, eu conheço bem por aqui – Torcendo para que ela não insistisse nessa carona, por que eu não tinha argumentos para não aceitar.

- A não, mas é muito perigoso você andar sozinha por ai. Entre no carro que a gente deixa você na sua casa.

- Eu posso dá uma carona pra ela – Caio que até então se mantinha calado falou – Eu vou para casa de um amigo e fica no caminho da casa dela.

- Ah, se a Sophia não se incomodar.

- Não, por mim tudo bem – Olho de soslaio para Valentina e ela fala gesticulando “ tudo bem “ e eu balanço a cabeça em afirmação.

Me despeço deles e agradeço pelo jantar, depois subo na moto, pois o Caio só estava me esperando para irmos. O caminho da pizzaria até minha casa era curto, levava em média uns 15 minutos, passamos o caminho todo em Silêncio.
Chegando em casa, percebo que meus pais, que tinham indo ao aniversário de uma colega de trabalho do meu pai, ainda não tinham chegado.

- Droga!

- Algum problema? – Caio questiona.

- Meus pais ainda não chegaram em casa. Ou seja vou ter que ficar esperando eles aqui fora, já que eu não trouxe minha chave de casa.

- Achei que você tinha que tá em casa as dez horas. – Ele fala isso sorrindo.

- Aah por favor, você sabe que eu menti e eu sei que você mentiu sobre esse seu “amigo”. – olho para ele e dou um sorriso.

- Tudo bem, fui pego no flagra, mas eu prometo que se você não contar eu também não conto. – Nós dois rimos.

- Então como eu não tenho nada para fazer, eu vou ficar aqui com você esperando seus pais chegarem. É claro se você não se incomodar.

- Hum... Eu tenho uma ideia melhor! Você gosta de milk shake?




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