apenas me toque com suas mãos - noren

Six

CHAPTER 6, EDD'S

─ Esse foi o pior acordo que já fiz em minha vida. ─ Renjun reclamou sentado num canto da sala. ─ Não sei se suas mãos valem tudo isso!

Com um copo de alguma coisa alcoólica - que não sabia o que era - em mãos, o garoto assistia a outras pessoas dançarem e beberem como se o amanhã não fosse existir. Tinha sua melhor expressão de tédio no rosto, junto com uma postura de quem não ligava pra toda aquela merda.

E não ligava mesmo.

Odiava o Edd's e aquela noite não era a melhor para mudar sua opinião quanto ao lugar.

Por mais que adorasse o Sr. Kim, tinha que admitir que seu salão de jogos só era mais um ponto de encontro para os adolescentes jogarem e se embebedarem sem qualquer supervisão de um adulto que se importe.

Quando enfim tirou o olhar do líquido que havia em seu copo e deu uma olhada em volta, percebeu que alguns garotos pareciam falar sobre ele. Não que a música alta deixasse que qualquer conversa fosse possível de se ouvir sem que as pessoas tivessem que gritar e ainda assim nada fosse escutado, mas sim porque apontavam e olhavam para ele.

Mesmo sem saber do que se tratava, Renjun logo levantou seu dedo médio e juntamente a ele os mostrou a língua.

Provavelmente só estavam inventando mais alguns rumores sobre o garoto. Já havia se acostumado a coisas assim.

─ Idiotas! ─ Gritou mesmo tendo certeza que não o ouviriam.

Cansou-se de ficar ali sentado vendo um monte de estudantes que já odiava ter que ver todos os dias no colégio e resolveu já ser a hora de ir embora.

Andou pelo salão empurrando cada corpo suado e bêbado que havia em sua frente para abrir caminho. Ainda que já houvesse perdido seus amigos de vista há tempos e já não esperava acha-los tão cedo, Renjun olhava por todos os lados procurando por eles dois ou pelo garoto motivo dele estar ali.

Em sua mente ele já inventava boas desculpas para dar a Jeno na segunda-feira.

Até que o achou no mini jogo de basquete.

─ Não cansa de jogar basquete, senhor capitão? ─ O coreano se virou para o olhar. ─ Você passa a manhã jogando. Não me diga que também passa a noite assim.

Não basta passar o dia inteiro treinando e estragando suas lindas mãos com aquela bola gigante, você também faz isso fora dos treinos, era o que ele realmente tinha vontade de dizer.

─ Você veio! ─ Sorriu soltando a bola de basquete na cesta onde as outras estavam.

─ É uma reação normal sua se surpreender toda vez que me ver em algum lugar?

─ Na verdade sim! Acabou de chegar?

─ Já 'tava pensando em ir embora na real. ─ Jeno se aproximou do garoto e o segurou pelo braço quando começou a andar. ─ Oi? 'Tá indo pra algum lugar?

─ Como se eu fosse te deixar ir depois de finalmente te encontrar! ─ Falava alto passando pelo mar de gente.

─ Isso é um sequestro? Eu gostaria de informar minha família caso seja.

Era incrível como sua habilidade de falar merda se aprimorava toda vez que estava perto de Jeno.

O Lee o levou juntamente consigo até um canto mais isolado e afastado do salão de jogos.

O lugar era espaçoso e mais claro, o cheiro de álcool não era tão forte ali e somente uma mesa de centro e algumas poltronas preenchiam a sala.

─ Aqui é melhor! ─ O coreano fechou a porta. ─ Para conversarmos, não pense besteiras.

─ O que? Claro que não! ─ Disse culpado sabendo que seus pensamentos foram em marte e voltaram.

─ Estava gostando da festa? ─ Perguntou apontando para um pequeno sofá localizado no final da sala, o mandando se sentar.

─ Você ouviu quando falei que já ia embora, certo? ─ Deu risada dando um gole na bebida que ainda segurava. ─ Não era brincadeira quando te disse que odiava esse lugar.

─ Você deve ser horrível nos jogos para estar falando isso.

Assim que dito, Jeno pegou o copo da mão do chinês e deu um gole na bebida alheia, agia nervoso.

─ O que está acontecendo? Você parece estranho esses tempos.

─ É que tem algo que quero pedir ao hyung, mas não tenho coragem pra isso. ─ Foi direto mesmo nem o olhando nos olhos.

─ Por que não pergunta logo? ─ Seu senso de curiosidade era quem falava.

─ Porque acho que não tenho intimidade suficiente para pedir o que quero pedir.

O assunto parecia sério. Ou idiota ao ponto de parecer ser sério.

─ Por isso anda forçando tanto nossa amizade nos últimos dias? ─ Deu risada mesmo sabendo ser verdade o que havia dito.

─ Sim. E é por estar forçando tanto que achei melhor que conversássemos direito para termos intimidade e eu p...

─ Ok, primeiro que intimidade não se consegue com apenas uma conversa. ─ Cortou o garoto que parecia ter um pequeno discurso em mente. ─ E segundo que provavelmente vamos conversar sobre coisas superficiais e eu tipo, super odeio isso. Então se quiser intimidade em apenas uma conversa, tem que ser sobre algo super... Intenso? ─ Havia se tornado uma incógnita até para si.

Mesmo que não tivesse interesse em conhecer Jeno, aquele era seu real pensando quando se tratava de começar - talvez - uma amizade.

─ Isso não é um pouco demais para uma primeira conversa?

─ Garoto, é você quem já 'tá querendo me pedir algo. ─ Riu tentando esconder o nervosismo.

Quando o silêncio tomou o lugar, Renjun teve uma ideia.

─ Por acaso é algo estranho? ─ Jeno logo acenou positivamente com a cabeça.

─ Quer dizer, não sei se é algo que se chame de "estranho". Mas também não é normal.

─ Ok, agora você não 'tá fazendo sentido nenhum... Então provavelmente é estranho.

─ Sim, é estranho. ─ Soltou o ar que guardava de nervosismo.

Renjun pensou mais um pouco quando enfim tomou coragem e falou:

─ Então e se ao invés de você ter que me contar seus mais terríveis medos para que tenhamos intimidade e ai você possa me pedir esse tal favor... ─ O garoto finalmente o olhou de volta. ─ Eu te pedir por algo em troca?