apenas me toque com suas mãos - noren

Ten Part One

CHARTER 10, DATE

Na tarde seguinte arrumou-se para ir ao encontro com Jeno. Estava estranhamente ansioso com aquilo. Em sua barriga pareciam que elefantes corriam de um lado para o outro de tão pesado que sentia-se.

Não havia dormido praticamente nada na noite anterior. Com os olhos presos em estrelas cintilantes coladas no teto de seu quarto, Renjun estava deitado na cama enquanto pensava nas milhares de coisas que poderiam ser conversadas com Jeno. Iam de coisas simples como: basquete, escola, comidas favoritas. Até coisas das quais não sabia se o garoto compartilharia consigo: família, anseios, desejos.

Independe de qual fosse o tópico usado pelo chinês, em seus pensamentos de como seria aquela noite, tudo terminava consigo contando ao outro sobre sua quirofilia, sua vontade de tocar as mãos alheias e de ser tocado por elas. Infelizmente, o Jeno de seus sonhos sempre o "rejeitava" com isto.

Quando pisou os pés fora de casa deixou que o vento levasse para longe todos aqueles pensamentos negativos que martelavam em sua cabeça. Sem dúvidas era melhor assim.

O mínimo que tinha de fazer era não contar sobre tal segredo. Simples.

No caminho de sua casa até a lanchonete, aproveitou o tempo bom para andar até o local que não era tão longe. Tinha o fone plugado no celular e a música no ultimo volume.  Tentou não pensar muito no encontro e falhou miseravelmente.

Quando chegou ao local percebeu que o coreano ainda não havia chegado. Não que estivesse surpreso já que ainda era cedo comparado ao horário marcado. Sentou-se em uma mesa qualquer ao lado da janela que permitia uma ampla visão da rua e tirou o caderno de desenhos de dentro da mochila.

Chamou a garçonete e pediu um milk-shake de morango com menta.

Suas mãos fluíam pela folha ainda branca. Mesmo que estivesse nervoso, sua imaginação parecia em perfeito estado.

No fim, seu pedido chegou e o seu "encontro" só deu as caras quando o copo já se encontrava cheio de gotas d'águas descendo pelo exterior e a bebida abaixo da metade.

─ Hyung, você já 'tá aqui? ─ Surpreendeu-se ao ver o menor ali sentando. ─ Ainda são 17:50!

Olhou para o garoto de pé ao seu lado e por um segundo segurou o ar. A visão de um Jeno sem a farda escolar ou o uniforme do time deixou seu pulmão sem funcionabilidade durante certo tempo.

─ Vim um pouco mais cedo para desenhar. ─ Fechou o caderno e viu o outro ter uma feição de desentendido. ─ Blá, blá, blá, minha mãe não gosta que eu desenhe e muito menos que eu fique enfornado em casa. Além do mais, você também chegou mais cedo.

─ Mas é assim que os filmes são! ─ Sentou-se frustrado jogando o peso do corpo inteiro de uma vez só sobre a cadeira. ─ Eu tinha que chegar mais cedo para te surpreender.

O menor riu com aquilo. Algumas frases faziam Jeno parecer um bobo.

─ Anda assistindo muita comédia romântica.  ─ Pegou a mochila do chão e a abriu para guardar o caderno de desenho.  ─ No final fui eu quem te surpreendeu.

─ Infelizmente sim. ─ Riu de volta enquanto lia o cardápio. ─ Então o hyung não gosta de filmes de comedia romântica, certo? Neste caso, qual seu gênero favorito?

Levantou uma das mãos e rapidamente fez seu pedido a garçonete.

─ Terror e ficção cientifica. ─ Não precisou parar para pensar na pergunta. ─ Porém sou mais de livros.

─ Ah, o hyung tem cara de gostar de livros mesmo. Livros sobre conspirações e teorias.  ─ Não mentiu. ─ São bem você.

Levou aquilo no elogio. Preferindo não questionar.

─ Você não gosta de ler? ─ Bebeu mais de seu milk-shake que agora praticamente era suco.

─ Gosto. Mas não tenho muito tempo com todos os treinos e jogos.

─ Sim, basquete! ─ Pareceu enfim lembrar algo. ─ Esse é o seu "lance".

─ Bom, é mais o lance do meu pai que meu. Não posso dizer que não gosto, mas sem dúvidas não foi muito uma escolha minha. ─ Falou simplicista parecendo já ter aceito a situação.

Mesmo dizendo aquilo, todas as cenas do garoto jogando basquete que passaram como um filme na cabeça de Renjun não deixavam de conter seu característico sorriso. Era claro que ele gostava sim do esporte.

─ Ah, então você realmente é um personagem de uma comédia romântica! ─ Sorriu tentando melhorar o clima. ─ E qual o seu gênero preferido?

─ Acho que... ─ Sorriu afundando-se no olhar do chinês. ─ Um bom.

Olhavam um ao outro enquanto sorriam abobalhados. As conversas sem nexos pareciam fazer sentido entre eles.

Renjun sentiu-se um idiota por toda a ansiedade que havia passado no dia anterior. Os tópicos de conversas que havia feito de nada precisaram ser usados agora.

Os assuntos simplesmente fluíam com o tempo.

Quando terminou o primeiro milk-shake, o chinês apressou-se em querer pedir mais um. Estava prestes a chamar algum garçom quando aconteceu um fenômeno que deveria acostumar-se a presenciar.

─ Jeno? ─ Uma garota alta e de roupas bonitas aproximou-se.

Por um segundo que pareceu horas, Jeno permaneceu estático.

─ Oi, Soo Ah, certo? ─ A garota confirmou com um aceno de cabeça. ─ Não esperava te ver por aqui!

─ Bom, eu também não. ─ Sorriu. Quando enfim parou para olhar o chinês em frente ao Lee, não o cumprimentou, muito menos sorriu. Apenas o olhou.─ Da última vez que nos vimos você estava diferente.

─ Não imagino como seja isso. ─ Riu sem graça e com o olhar no nada.

A situação já era estranha por si só e o Huang não pretendia piorar ainda mais, assim, decidiu dar espaço para que os dois pudessem conversar.

─ Ah, eu vou no banheiro. ─ Finalmente falou algo.

Antes de sair, ele sorriu para a garota, a olhou bem nos olhos e a cumprimentou afirmando ter sido ótimo "conhecê-la".

No banheiro, ele apenas lavou as mãos e saiu logo em seguida. Decidiu então passar no balcão. Pediu seu milkshake e ali mesmo esperou para recebê-lo. Aproveitando o tempo para mexer no celular e responder os amigos.

─ Hyung. ─ Viu o coreano aproximar-se. ─ Pode voltar para a mesa agora?

─ Estou só esperando meu milkshake. ─ Aponta automaticamente para a cozinha do lugar.

─ Oi, você poderia levar o milk-shake do meu amigo para a mesa 7, por favor? ─ Falou com a atendente e sem esperar por uma resposta, puxou o garoto de volta para a mesa. ─ Por que saiu?

─ Eu fui no banheiro. ─ Deu de ombros. ─ Avisei que ia.

─ Então não foi pela garota que apareceu de repente? ─ Perguntou inocente como se Renjun realmente fosse responder a pergunta.

Talvez tivesse sentido certa irritação com a presença da garota naquele momento, mas não diria a ele. Jamais.

Quando seu milk-shake chegou, o som do chinês bebendo pelo canudo foi o único barulho feito pelos garotos por um bom tempo.

Um clima estranho instalou-se.

Porém não duraria muito tempo. Jeno estava determinado a não passar nem se quer mais um dia sem dar um passo a frente naquele relacionamento.