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Após o treino de resistência com o DMT, Hange nos alertou que depois do almoço teríamos uma "aula" mais aprofundada sobre os titãs.

Tomei um banho rápido e segui pelos corredores dos andares de cima procurando o capitão Rivaille.

- Jin? É esse seu nome, certo?

O comandante Erwin estava parado no meio do corredor me olhando.

- Sim, senhor. Ah... senhor?

- Hm?

- O senhor poderia me informar onde fica o escritório do capitão Rivaille? Ele pediu para que eu fosse falar com ele sobre as minhas atividades nas Tropas Estacionárias.

- Ah sim, fica no final desse corredor. Você já estava no caminho certo.

- Obrigada senhor.

Ele deu um pequeno, bem pequeno, sorriso e saiu do corredor. Fiquei parada lá por breves segundos até continuar seguindo o meu caminho.

Só existia uma única porta de cada lado. Bati na porta à direita e esperei alguns segundos. Decidi abri-la e tudo o que havia lá dentro era material de limpeza.

- Eoh! O que está fazendo?

- Desculpe, capitão Rivaille. Eu não sabia qual das duas portas poderia ser a do seu escritório.

- Tsc, entra.

Ele entrou no cômodo e logo o segui, fechando a porta atrás de mim.

Ele estava sentado em uma cadeira atrás de uma mesa de madeira de carvalho.

- Me diga como você atuava.

- Jasper, Nuno, Eleanor, Caius e eu fazíamos parte do mesmo batalhão. Ficávamos nos muros de Orvud, norte da Muralha Sina.

- Sei onde fica Orvud. Você tem conhecimento dos acontecidos recentes de lá?

- O titã? Sim.

- O que sabe sobre esse titã?

- Nada, senhor. Apenas que ele veio se arrastando de uma longa distância, por isso não tinha a parte da frente do corpo.

O capitão Rivaille parou por um momento, analisou a minha feição e continuou:

- Você estava lá no dia?

- Sim, senhor.

- Diga-me então, com sinceridade, o que você fez.

- Eu estava no chão. Tinha ordens do meu antigo capitão para ajudar a tirar os civis caso acontecesse o pior.

- E você seguiu as ordens dele?

- Sim senhor, prestei ajuda a todos que podia. Jasper me ajudou a tirar algumas pessoas que estavam muito próximas a muralha, quando os órgãos do titã caiu.

- Eleanor? Onde ela estava?

- Eu não a vi senhor. Nem ouvi quando o nosso antigo capitão falou o nome dela. Não que eu não estivesse prestando atenção no que ele dizia, mas ele realmente não disse o nome dela quando estava selecionando todos os soldados para diferentes pontos da cidade.

- Os outros soldados..?

- Nuno, Caius e Louis? Até onde eu sei, Louis e Nuno atuaram perto da Muralha Sina. Caius, pelo o que me lembro, estava a leste do muro de Orvud.

Mais uma vez ele me encarou. Agora parecia buscar algo no meu rosto que desmentisse isso.

- Qual era a sua função?

- A mesma que todos os outros que vieram comigo. Apenas uma soldado.

- Você e eles tinham algum relacionamento dentro ou fora das Tropas Estacionárias?

- Do tipo amoroso?

Ele ergueu a sobrancelha como se fosse óbvio que era desse tipo de relacionamento que ele falava.

- Eu não tinha nenhum, senhor. Nuno e Jasper também não. Caius falava constantemente de uma moça, mas até onde eu sei, eles não tinham nada. Ela era apenas uma moça, filha de um comerciante e não tinha nenhum conhecimento dos sentimentos de Caius. Eu não tenho certeza absoluta, mas Louis também não tinha ninguém. Já Eleanor...

- Prossiga.

- Ela não tinha relacionamentos fixos. Estava sempre trocando de parceiros ou repetindo-os depois de um longo tempo sem os ver.

- Soldados?

- Por assim dizer, senhor.

Ele me olhou como se quisesse arrancar a verdade da minha garganta.

- Como assim?

- Geralmente... eram os nossos superiores. Era até normal a ver sair na ponta dos pés de madrugada ou ao amanhecer do quarto de um deles.

Ele continuou me encarando. Aquilo já estava virando um interrogatório.

- Quais as suas habilidades?

- DMT, uso das lâminas e tenho uma leve facilidade em montar estratégias.

- Fraquezas?

Eu encarei as minhas mãos e tentei falar em um tom baixo, mas alto o suficiente para que ele ouvisse.

- Lutas corpo-a-corpo.

Ele me analisou de cima a baixo.

- Como uma soldado das Tropas Estacionárias pode ser ruim em uma luta corpo-a-corpo?

- Não é que eu seja ruim, senhor. Mas não sou boa socando como sou boa usando o DMT.

- Se eu pedisse para você lutar com um dos meus soldados..?

- Certamente iria perder. Foram muito bem treinados pelo senhor e são bem mais fortes. Eu poderia acertar um ou dois socos no rosto, mas apanharia dobrado.

E de novo, ele me encarou.

Cada palavra, cada letra que saia da minha boca ele me encarava como se o que eu estivesse falando fosse de uma importância inimaginável.

- Depois da aula que a Hange tem para dar a vocês, você irá lutar contra Mikasa.

- Como?

- Tsc! Você é surda?

- Não, senhor. Terei que me encontrar com ela onde?

- Lá fora. Junto de todos que estão nessa base.

- Um público?

- Sim. Quero que todos tenham conhecimento das suas fraquezas para assim não dependerem de você para algo. Pode se retirar agora.

Assenti e sai da sala. Fiquei alguns minutos no corredor até cair, oficialmente, a ficha.

Se eu não estivesse fodida antes, agora eu estava.

𝐈𝐧𝐟𝐢𝐧𝐢𝐭𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora